quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ESTUDO ANALISA O MERCADO DE CRÉDITO ENTRE 2007 E 2015

Atuação dos bancos públicos no período contribuiu para um menor aprofundamento da crise no Brasil, segundo os autores


Entre 2007 e 2015, a participação do saldo das operações de crédito – como empréstimos e financiamentos – das instituições bancárias públicas no crédito total aumentou de pouco mais de 35% para aproximadamente 55%, enquanto a dos bancos privados caiu de 65% para 45%. “Foi uma surpresa esse aumento tão expressivo da participação dos bancos públicos no mercado de crédito”, enfatiza Giuliano Contento de Oliveira, autor do Texto para Discussão nº 2243, estudo que analisou esse cenário.

Os bancos privados dominaram a oferta de crédito no Brasil no período de 2003 a 2008. Foram tempos fartos: baixo desemprego; aumento dos rendimentos reais; expansão de políticas de transferência de renda. Mantiveram-se controlados os atrasos e a inadimplência, acompanhados de um crescimento da renda das famílias. No entanto, com a eclosão da crise internacional em 2008, os bancos privados tornaram-se menos propensos a emprestar. Os bancos públicos acabaram ocupando esse nicho e saíram à frente na oferta de crédito e expansão de suas operações – destaca-se o Banco do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Não fosse esse papel anticíclico realizado pelos bancos públicos, a crise teria sido ainda mais severa, com uma profundidade
ainda maior”, explica Giuliano, bolsista do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) do Ipea e professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/Unicamp). Ele aponta duas questões importantes: primeiro, a de existirem instituições públicas no sistema financeiro. Elas servem como contrapeso ao comportamento pró-cíclico assumido pelos bancos privados. “Naturalmente, os bancos privados acabam emprestando muito em tempos de bonança, mas diminuem o ritmo em tempos de crise”. A outra questão envolve a importância de aprofundar os mecanismos privados de financiamento na economia brasileira. “Não dá para o setor público trazer para si a responsabilidade do financiamento”, afirma o professor. Para ele, é fundamental pensar em novas formas de políticas financeiras que consigam estimular os bancos privados a emprestarem mais, mesmo em tempos de crise.

Também contribuiu com a pesquisa Paulo José Whitaker Wolf, doutorando em economia pela Unicamp. Os autores defendem que para a expansão das operações de crédito são necessárias condições não apenas microeconômicas adequadas, mas também macroeconômicas apropriadas, que consigam consolidar um mercado de crédito profundo, dinâmico e competitivo na economia brasileira.

Fonte: IPEA

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

G20 Crescimento do PIB - terceiro trimestre de 2016, a OCDE


Crescimento G20 PIB acelerou ligeiramente para 0,8% no terceiro trimestre de 2016

14/12/2016 - produto interno bruto real (PIB) do G20 área * cresceu 0,8% no terceiro trimestre de 2016, ligeiramente acima dos 0,7% no segundo trimestre, segundo estimativas provisórias, mas com diferenças regionais notáveis.
Crescimento pegou fortemente na América do Norte: a 0,9%, (de menos de 0,3%) no Canadá , a 1,0%, (de 0,1%) no México e a 0,8%, (de 0,4%) no Estados Unidos .
Por outro crescimento mão retardado na maioria das economias Ásia Pacific, em particular, Austrália (para menos de 0,5%, de 0,6%), e também na China (a 1,8%, de 1,9%), Coreia (a 0,6%, de 0,8%) , Japão (a 0,3%, de 0,5%) e Indonésia (a 1,2%, de 1,3%). Crescimento pegou na Índia (para 1,8%, de 1,5%).
Na Europa, o crescimento retardado no Reino Unido (a 0,5%, de 0,7%) e Alemanha (a 0,2%, de 0,4%), e recolheu-se em França (a 0,2%, de menos de 0,1%) e Itália (de 0,3 %, passando de 0,1%), mas manteve-se estável na União Europeia como um todo e na área do euro .
Crescimento também diminuiu em África do Sul (a 0,1%, de 0,9%) e Brasil (a menos de 0,8%, menos de 0,4%).

O crescimento do PIB no ano-a-ano para a área G20 * manteve-se estável em 2,9% no terceiro trimestre de 2016, com a Índia (7,2%) e China (6,7%) registrando as maiores taxas de crescimento, enquanto o Brasil continuou a mostrar a menor taxa (menos de 2,9%).


Fonte : OCDE

domingo, 11 de dezembro de 2016

A AGRICULTURA QUE COMBATE A POBREZA É ASSIM

No sul do Brasil, tecnologia renova o ofício adotado por 70% da população global de baixa renda

Andreia e Paulo Colle, que cuidam de uma beneficiadora de carne de porco    - Mariana Ceratti/Banco Mundial
Se 70% de todos os pobres trabalham na agricultura e o mundo tem a meta de erradicar a pobreza extrema até 2030, uma conclusão natural é de que esses camponeses precisam de cada vez mais apoio para aumentar as colheitas e a renda. Mas em que exatamente consiste tal apoio?

É possível encontrar muitas respostas a essa pergunta enquanto se percorre o interior de Santa Catarina, onde 92% das propriedades são consideradas pequenas (com até 50 hectares). Lá, uma parceria de 30 anos entre o governo do estado e o Banco Mundial vem gerando lições que podem ser replicadas em outros países em desenvolvimento.

Na atual fase, o Programa SC Rural, que se estende até junho de 2017, atende a 40.000 pequenos produtores rurais, dos quais 4,800 indígenas e 1,300 jovens. Uma recente avaliação de impacto revela que, em cinco anos, a renda dos beneficiários aumentou 118%, enquanto a dos agricultores não atendidos pelo programa subiu 56%.

Então, como transformar a agricultura familiar em um instrumento contra a pobreza? Conheça a seguir quatro fatores:

Conhecimento

Com o que aprendeu em oito meses de um curso para jovens agricultores, Adriano Heerdt conseguiu aumentar a produção de leite, diminuir o custo, melhorar as pastagens e resolver alguns problemas de saúde das vacas de que cuida. A capacitação oferecida pelo SC Rural mistura aulas com atividades práticas, no campo, para levar informações confiáveis a um público que nem sempre tem acesso a educação formal, televisão ou internet.

A informação sobre melhores práticas, novas tecnologias e oportunidades de mercado hoje é elemento chave para que os agricultores familiares possam competir no mercado de alimentos e aumentar a renda. “Em Santa Catarina, o foco deixou de ser somente em produção agrícola e passou a incluir o agronegócio (ou seja,produção e processamento) e os jovens rurais. Isso deveria ser uma estratégia a seguir no resto do Brasil e no mundo em desenvolvimento”, comenta o economista rural Diego Arias, do Banco Mundial.

Apoio aos jovens

Atualmente, cerca de 9,6 milhões de jovens entre 15 e 29 anos vivem da agricultura nos 20 países latino-americanos (2,3 milhões só no Brasil). A cifra regional caiu 20% na última década, segundo o estudo Juventude Rural e Emprego Decente na América Latina, publicado este ano pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

O documento explica que, embora pareça haver um “fenômeno de jovens empreendedores rurais que conseguem fazer um negócio decolar”, tal conquista não é fácil. Esbarra nas dificuldades de infraestrutura do campo e requer, entre outros incentivos, programas de orientação e financiamento para esse público.

Foi exatamente esse apoio que Jaqueline Grapiglia, 25 anos, encontrou para expandir os negócios familiares. Quando o pai conseguiu montar uma padaria em casa por meio do SC Rural, a jovem viu a oportunidade de voltar para o campo.

Formada em administração e pós-graduada em gestão estratégica, ela também fez o curso de empreendedorismo para jovens, que financia as melhores ideias elaboradas pelos alunos. Como projeto final, criou uma loja de quitutes rurais e agora sonha abrir um café colonial. “O agricultor só vai ficar no campo se tiver perfil para empreender”, aposta Jaqueline. 

Inovação

Com tecnologias simples, já dá para aumentar o rendimento, ter um produto de melhor qualidade, trabalhar em menos tempo e poupar a saúde dos agricultores. Imagine, então, o que é possível fazer com radares, drones e equipamentos mais modernos! Tudo isso ajuda os produtores de grande porte a lidar com as mudanças climáticas e poupar os recursos naturais... mas nada está disponível (ainda) para a agricultura familiar.


Por isso, Santa Catarina criou o Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Familiar para reunir os pequenos produtores às startups locais e discutir como é possível levar inovação ao campo com escala e custo acessíveis.


“Meu sonho é ver o pessoal usando a nossa tecnologia, que é nacional e nasceu na universidade”, comenta Vitor Miranda, diretor executivo da Q Prime Engenharia, criada na Universidade Federal de Santa Catarina. A empresa está adaptando para os pequenos agricultores uma máquina de secagem de alimentos (muito usada para erva-mate e outras), que deixa o produto mais homogêneo e economiza energia. “Como é complicado chegar até os agricultores porque é muita gente espalhada pelo estado, o SC Rural pode facilitar esse contato”, conclui Miranda.

Acesso a mercados

Quando Andreia Colle e o marido tiveram de fechar o próprio aviário, por não terem condições de cumprir as exigências da grande empresa para a qual vendiam, encontraram no SC Rural a chance de recomeçar com um trabalho mais rentável. Com apoio do programa, eles estruturaram e equiparam uma pequena agroindústria de embutidos de porco, de onde saem salames, torresmos, lombos e outros produtos oferecidos tanto no comércio local quanto na merenda escolar das escolas públicas.


Nos últimos quatro anos, também fizeram cursos que, segundo Andreia, ajudaram os Colle a encontrar seu público-alvo, produzir com mais qualidade e a gerenciar o negócio de forma profissional. O próximo desafio: aumentar a quantidade de pontos de venda, mas sem perder de vista o jeito colonial dos itens produzidos pela família.


Outro tema importante na questão do acesso aos mercados é o da infraestrutura local, para que os agricultores possam escoar a produção com mais facilidade. O SC Rural atuou tanto na melhoria de 400km de trechos de estradas rurais quanto na das telecomunicações do campo.
Fonte: Banco Mundial
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