domingo, 14 de fevereiro de 2010

Brasil está livre de crise da Europa

Países atingidos pelo desemprego na eurozona devem manter os investimentos
A crise econômica que atinge a Europa não irá custar o emprego dos brasileiros, nem causar um impacto nos investimentos dos países no Brasil, segundo analistas ouvidos pelo R7. A perspectiva é que ocorra um movimento contrário, com o direcionamento de investimentos do exterior para o mercado brasileiro - na tentativa de recuperar as perdas geradas em outros mercados.

Por exemplo, uma fábrica europeia que tenha filial no Brasil pode gerar lucro aqui e mandar o dinheiro para o exterior. Essa movimentação é comum e ajuda a salvar as empresa europeias da crise, segundo Ricardo Tadeu Martins, gerente de pesquisa da Planner Corretora.

- Recursos de lá pra cá, na questão de investimentos sempre foram boas oportunidades, buscavam outras áreas. Portugal e Espanha tendem a buscar investimentos fora do país. Se a situação interna não está boa, a empresa pode buscar rentabilidade fora de seu mercado.

As relações comerciais entre o Brasil, Chile e Estados Unidos são mais fortalecidas do que a dos países da Europa, o que acaba diminuindo o reflexo da crise, segundo Tadeu Martins. Ele afirma que a Bovespa pode até ser um pouco atingida, com a queda das ações de empresas europeias, mas nada que irá causar um "desastre".

- A zona do euro pode atrapalhar a recuperação, mas não é a grande detonadora do cenário internacional. No ano passado estávamos em situação complicada, mas saímos.

A Europa foi a última a sair da crise porque não tem a força do mercado brasileiro, que há meses vive a expansão da classe média. Para Frederico Turolla, professor do mestrado em gestão internacional da ESPM e sócio da consultoria Pesco, o Brasil não está tão ameaçado com a crise na eurozona.

- O Brasil fez o dever de casa e se tornou protegido. O que vem pela frente não é tranquilo, mas não é desesperador.

O risco de calote nos países da eurozona já é maior que no Brasil, segundo os dados que avaliam a medida de risco no pagamento das dívidas entre os país, chamado de CDS (do inglês, credit default swap). Por exemplo, um banco empresta dinheiro para um país e, ao mesmo tempo, compra um CDS de um investidor. Se o tal país não honrar seu compromisso, o banco vai ao investidor cobrar o prejuízo.

No auge da crise global, em outubro de 2008, o prêmio do Brasil chegou a 355 pontos - ou seja, o investidor que comprava seguro contra eventual inadimplência brasileira pagava 3,55 pontos porcentuais a mais de juros sobre o CDS dos Estados Unidos, referência do mercado. Na mesma época, o CDS de Portugal era de 85 pontos, da Espanha, 82, da Irlanda, 113, da Itália, 117, e da Grécia, 134 pontos. Nesta semana, esses valores eram, respectivamente, de 150 (Brasil), 227, 165, 169, 155 e 415 pontos.

R7- 09/02/2010

Zona do euro precisa de condução economica mais forte

Membro do BC europeu defende reforma nas estruturas econômicas da região
A fragilidade da economia e das finanças públicas na zona do euro demonstra a necessidade de ampliar e fortalecer o amplo gerenciamento econômico na região, disse neste sábado (13) o membro do conselho do BCE (Banco Central Europeu) Mario Draghi.

- O euro está sólido - afirmou Draghi em uma reunião de operadores do mercado em Nápoles.

Ele pediu, entretanto, que a União Europeia amplie e reforme suas estruturas econômicas "com o mesmo vigor que dedicou ao longo dos anos para consolidar os orçamentos governamentais".

Draghi disse que os investidores vão comprar novos títulos emitidos pela Grécia - onde a crise da dívida causou nervosismo nos mercados nas últimas semanas -, desde que o governo "ajuste seu orçamento com determinação, com monitoramento cuidadoso da Comissão Europeia e do BCE."

Mais amplamente, ele disse que todos os governos deveriam esclarecer como planejam controlar seu resultados negativos nas contas e as dívidas que cresceram durante a recessão de 2008 e a primeira metade de 2009.

A recuperação econômica da zona do euro é frágil e não há riscos de inflação a médio prazo, disse Draghi, que também é o dirigente do Banco da Itália.

A perspectiva favorável para os preços, contudo, é acompanhada por uma hesitante recuperação econômica no bloco de 16 nações, comentou Draghi, que é cotado como um possível sucessor do chefe do BCE, Jean-Claude Trichet, quando o mandato dele expirar, em novembro de 2011.

- O retorno ao crescimento é frágil, particularmente na área do euro.

A economia na zona do euro cresceu apenas 0,1% no último trimestre de 2009, segundo dados divulgados na sexta-feira (12), desacelerando fortemente em relação ao 0,4% de expansão no trimestre anterior.

Draghi afirmou que os bancos da Itália estão sadios e, tendo fortalecido sua base financeira, estão "bem posicionados para lidar com a situação internacional".

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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dívida da Europa pauta agenda do G7 no Canadá

Euro, moeda mais utilizada no continente, caiu para o menor valor desde maio

A crescente dívida europeia tornou-se na sexta-feira o ponto principal da agenda de um encontro de líderes financeiros do G7 no Canadá, em meio a temores de que os problemas fiscais da Grécia estejam se espalhando.

O ministro das Finanças do Canadá, Jim Flaherty, anfitrião do encontro, afirmou que ele e seus colegas estavam conversando sobre os problemas da Europa antes mesmo de o encontro começar, com particular preocupação sobre a situação da Grécia.

As bolsas mundiais caíram ao nível mais baixo em três meses na sexta-feira com a intensificação das preocupações sobre uma potencial ajuda e uma desestabilização da zona do euro. A moeda europeia caiu ao seu menor valor desde maio, em relação ao dólar. Flaherty pediu cautela:

- Eu acho que temos de ser muito cuidadosos sobre o potencial colapso das economias domésticas e da persistência de alguns ativos tóxicos em alguns bancos.

Países da zona do euro, como Grécia, Espanha e Portugal, estão sob crescente pressão para provar que deixarão as contas públicas sob controle em meio a temores dos mercados financeiros com a possibilidade de a situação de um país se espalhar para outros.

O presidente do Banco Central europeu, Jean-Claude Trichet, negou especulações nos mercados financeiros de que o BCE possa realizar reuniões de emergência neste fim de semana sobre a crise. O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, disse que o euro permaneceria estável apesar dos problemas individuais das nações.

Kathleen Stephansen, diretora e economista chefe da Aladdin Capital Holdings LLC, disse que os representantes precisam mostrar comprometimento.

- Eu não acho que eles devem planejar uma ajuda, mas precisam mostrar que estão comprometidos em resolver esses assuntos. Precisamos ver uma demonstração de unidade em apoiar as medidas tomadas pelos vários governos... Dizer nada sobre elas seria negativo.

Os organizadores do encontro disseram que não haverá comunicado emitido ao final das reuniões, em parte um reflexo da diminuída importância do G7. O grupo foi substituído como o principal fórum de discussão da economia pelo G20, que inclui China, Brasil e outros países em desenvolvimento.


Copyright Thomson Reuters 2009

G7-06-02-2010

Risco Europa já é maior que o do Brasil

Economia

Investidores temem calote de Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Grécia


O crescente temor sobre a situação fiscal de vários países europeus - que voltou a castigar os mercados globais ontem -, aliado à melhora das condições macroeconômicas brasileiras nos últimos anos, transformou em realidade algo impensável há não muito tempo: os investidores temem mais um calote de Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Grécia do que do Brasil. É o que revelam os dados da medida de risco mais usada no mercado global atualmente. Trata-se do prêmio expresso nas negociações de um instrumento derivativo chamado de CDS (do inglês, credit default swap). Em uma definição coloquial, o CDS pode ser traduzido como um seguro anticalote.

Exemplo prático: um banco empresta dinheiro para um país e, ao mesmo tempo, compra um CDS de um investidor. Se o tal país não honrar seu compromisso, o banco vai ao investidor cobrar o prejuízo. No auge da crise global, em outubro de 2008, o prêmio do Brasil chegou a 355 pontos - ou seja, o investidor que comprava seguro contra eventual inadimplência brasileira pagava 3,55 pontos porcentuais a mais de juros sobre o CDS dos Estados Unidos, referência do mercado.

Na mesma época, o CDS de Portugal era de 85 pontos, da Espanha, 82, da Irlanda, 113, da Itália, 117, e da Grécia, 134 pontos. Ontem, esses valores eram, respectivamente, de 150 (Brasil), 227, 165, 169, 155 e 415 pontos.

A economista-chefe do banco ING, Zeina Latif, diz que o Brasil está fortalecido.

- Há duas explicações para a melhora do risco brasileiro em comparação com o desses países: de um lado, o Brasil saiu fortalecido da crise e tem boas perspectivas de crescimento; de outro, essas nações europeias enfrentam enorme desafio fiscal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

G7
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