É necessário aguardar se anúncio vai bastar para acalmar os críticos da subvalorização da moeda chinesa
Agência Estado e Reuters
PEQUIM - A China irá flexibilizar gradualmente o yuan, informou o banco central do país neste sábado, 19, indicando que está pronto para acabar com 23 meses de câmbio fixo que ficou sob intensa pressão mundial. A autoridade monetária reiterou várias das suas declarações anteriores sobre o yuan, inclusive que manterá um sistema de flutuação administrada para a divisa referenciada contra uma cesta de moedas.
"É desejável prosseguir adiante com a reforma no regime da taxa de câmbio RMB e aumentar a flexibilidade", afirmou Banco Popular da China, em comunicado no seu website. O yuan também é chamado de renminbi, ou RMB. O comunicado não cita qualquer medida específica que será tomada e afirma que "atualmente não há nenhuma base para grandes oscilações ou mudanças na taxa de câmbio do yuan".
O BC chinês descartou uma valorização de uma só vez ou maior apreciação como muitos críticos esperavam, afirmando que "não havia base para grandes flutuações ou mudanças" na taxa de câmbio. Entretanto, ficou claro que a China pretende com seu anúncio - publicado em inglês ao mesmo tempo que em chinês - marcar o fim da rigidez de facto da cotação do yuan em relação do dólar, que tem sido defendida como uma "política especial" para proteger a economia da crise financeira global.
Ainda é preciso esperar se o anúncio será suficiente para apaziguar os críticos, especialmente os parlamentares norte-americanos, que dizem que uma moeda chinesa subvalorizada dá uma vantagem comercial injusta. "A economia global está se recuperando gradualmente. A recuperação e a retomada da economia chinesa se tornou mais sólida com a estabilidade econômica reforçada", disse o banco central chinês no comunicado em seu website.
Repercussão
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, afirmou em um comunicado que o país saúda a decisão da China de aumentar a flexibilidade da taxa de câmbio do yuan, na primeira reação dos EUA ao comunicado do banco central chinês.
"Saudamos a decisão da China de aumentar a flexibilidade de sua taxa de câmbio", disse o comunicado. "A implementação daria uma contribuição positiva para um crescimento econômico forte e equilibrado. Estamos ansiosos para continuar nosso trabalho com a China no G-20 e bilateralmente para reforçar a recuperação."
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou que o comunicado do banco central chinês foi um "progresso muito bem-vindo". Segundo ele, o retorno para uma política de flutuação administrada da moeda - sistema utilizado antes da crise financeira global - permitirá que o yuan aumente em valor. Isso, por sua vez, "ajudará o rendimento das famílias chinesas e proverá os incentivos necessários para reorientar o investimento para as indústrias", destacou Strauss-Kahn.
Comunicado é vago
A China deve dar mais detalhes sobre sua nova política cambial ou os parlamentares norte-americanos irão pressionar mais com planos para elevar barreiras comerciais, disse o senador democrata Charles Schumer neste sábado.
"Este comunicado vago e limitado é a resposta típica da China a pressões", afirmou o senador, que é membro da liderança democrata em um esforço para liberar os Estados Unidos a utilizarem compensações contra países com taxas de câmbio "fundamentalmente desalinhadas".
"Enquanto não houver informações mais específicas sobre o quão rápido o país vai deixar a sua moeda valorizar-se e em quanto, não podemos ter nenhuma boa sensação de que os chineses vão começar a jogar pelas regras", disse Schumer, em comunicado.
(com informações da Dow Jones)
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