sábado, 18 de junho de 2011

‘É possível trazer a inflação para a meta com a economia crescendo’, diz Tombini

Em entrevista ao ‘Estado’, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defende a estratégia da instituição para levar a inflação de volta para a meta de 4,5% em 2012

SÃO PAULO - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, marca seus primeiros seis meses de gestão recorrendo constantemente ao verbo moderar e suas variações. E é assim, com moderação, que ele afirma ter certeza de que é possível controlar a inflação e, ao mesmo tempo, permitir o crescimento econômico. Dessa forma, pontua uma discussão que, no governo passado, causou sérias crises entre o BC de Henrique Meirelles e o Ministério da Fazenda de Guido Mantega.
"O Banco Central reconhece que é possível trazer a inflação para a meta crescendo", afirmou. "Isso tem acontecido e acontecerá. Levaremos a inflação de volta à meta de 4,5% em 2012 com a economia brasileira crescendo."
Em entrevista concedida sexta-feira à tarde ao Estado, à Agência Estado e à rádio Estadão ESPN, o presidente do BC deixou claro que a área econômica do governo Dilma Rousseff trabalha em sintonia. O que não significa uma ameaça à autonomia operacional da instituição.
"A presidente dá o comando. E o comando dela tem sido muito claro no sentido de que as políticas do governo sejam adotadas, ajustadas, para assegurar a estabilidade monetária, a inflação na meta", disse. O IPCA, índice que serve de referência para o sistema de metas no País, acumula alta de 6,55% em 12 meses, acima do teto estabelecido pelo governo, que é de 6,50% (o centro é de 4,50%).
Durante uma hora de conversa, Tombini frisou que "o BC não está sozinho" na tarefa de combater a inflação. "Temos hoje uma estratégia de governo, consistente e abrangente, de moderação do crédito e de ajuste fiscal e monetário." A propósito especificamente do crédito, o presidente do BC descartou a existência de uma bolha no Brasil, hipótese que foi recentemente levantada por alguns analistas internacionais. "Trabalhamos cotidianamente para que não ocorram excessos que levem a um risco sistêmico, a uma bolha que estoure lá na frente."
Outro foco de atenção do governo e do BC, disse, é a entrada de capitais estrangeiros no País, que valoriza o real e expande o crédito. "Temos trabalhado com um conjunto de instrumentos para fazer com que o Brasil não aproveite inocentemente a ampla liquidez internacional."
Tombini afirmou que o ministro da Fazenda é ouvido pelo BC. "O Banco Central escuta o mercado, a sociedade, mesmo nas decisões em que tem competência exclusiva. Mas quem decide, por exemplo, sobre taxa de juros é o Comitê de Política Monetária. Nesse processo, como qualquer outro banco central, ouve especialistas e, naturalmente, o ministro da Fazenda."

Folha

terça-feira, 31 de maio de 2011

Nuvens negras no horizonte internacional

31/5/2011 12:14, Por Amir Khair

Já se delineiam duas sérias ameaças em nível global, que podem indicar um primeiro desdobramento da crise financeira originada nos Estados Unidos em 2008. É a situação crítica da questão fiscal dos Estados Unidos e Grécia. Os holofotes agora estão na Grécia, mas não levará tempo para se dirigirem aos EUA. Face a esse quadro, o melhor para o Brasil é apostar as fichas da saúde econômica e financeira naquilo em que somos bons: alto potencial de mercado interno inexplorado. Assim, é bom repensar as políticas do pé no freio, que podem fragilizar o País aos trancos que poderão vir de fora. O artigo é de Amir Khair.

Ainda não se passaram três anos e já se delineiam duas sérias ameaças em nível global, que podem indicar um primeiro desdobramento da crise financeira originada nos Estados Unidos em 2008. É a situação crítica da questão fiscal dos Estados Unidos e Grécia. Os holofotes agora estão na Grécia, mas não levará tempo para se dirigirem aos EUA.

Vale recordar. Na primeira tentativa de sair do buraco, a Grécia acertou com o FMI que sua economia deveria encolher 4% em 2010, 2,6% em 2011 e o desemprego, de 9,4% em 2009, subiria para 14,8% em 2012. Esse o custo da redução do déficit fiscal de 13,6% do PIB em 2009, para 8,1% em 2010 e 6,5% em 2012. Mesmo assim, sua dívida se estabilizaria em 150% do PIB! Mas em 2010 em vez de conseguir a meta de déficit de 8,1%, obteve 10,5%, o que acendeu a luz vermelha.

Os holofotes agora estão na questão fiscal da Grécia, que precisará de um novo empréstimo em 2012. Com um crescimento mais baixo que o esperado, a tendência é o agravamento fiscal e a necessidade de mais empréstimos que, se vierem, trarão sérias dificuldades de satisfazer as condições impostas pelo FMI, com impacto social crescente e sério risco político ao governo.

A aposta dos “salvadores” (Banco Central Europeu – BCE, países da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional – FMI) ao concederem o primeiro socorro era de que uma profunda restrição fiscal, com rebaixamento de salários, demissões no setor público e freada no crescimento econômico, seria capaz de gerar os excedentes para honrar as parcelas dos empréstimos, que tiveram prazos mais alongados.

Esse aperto fiscal deveria ser imposto à população e as reações foram imediatas com paralisações e manifestações de massa, que na ocasião poderia inviabilizar as negociações em curso. Mas o governo grego conseguiu vencer o primeiro round e aprovou as duras exigências dos financiadores, mas com importante condição: a dívida teria que ser integralmente paga, sem nenhum prejuízo aos credores.

Esse socorro financeiro implica em dois problemas fiscais, de solução quase impossível, pois crescem as despesas com o serviço da dívida pelo forte aumento do endividamento e cai a arrecadação pela redução da atividade econômica e pelo aumento da inadimplência dos contribuintes, ou seja, forma-se um “sanduíche” fiscal.

Os credores, no entanto, partiram da premissa de que a redução das despesas públicas seria suficiente para superar esses dois problemas. Não foi o que aconteceu e nem acontecerá. Assim, seria necessário reduzir o valor a ser pago no serviço da dívida, ou seja, seu deságio, com perda para os credores.

Mas, o deságio não bastaria para solucionar o problema, pois os desequilíbrios macroeconômicos já existentes tornam necessários outros esforços para viabilizar o equilíbrio de suas contas internas e externas. Atualmente ocorre déficit na balança comercial de 4% do PIB, maior déficit comercial entre os países da região do euro. Se esse déficit persistir, terá de captar o volume total em instituições de crédito estrangeiras, mesmo se os déficits orçamentários pós-inadimplência puderem ser financiados com captações domésticas.

A simples ameaça do deságio na Grécia precipitou a elevação dos riscos das dívidas de Portugal e Espanha. Portugal foi o primeiro a pedir socorro e já está seguindo o mesmo caminho grego. Tomou em maio recursos do FMI e da União Europeia de US$ 110 bilhões, que representa 47% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O último pacote de auxílio do FMI ao Brasil, em 1998 foi de US$ 40 bilhões ou 4,7% do PIB. Assim, esse socorro a Portugal foi, em termos de tamanho de sua economia, 10 vezes maior do que o nosso.

Para situar a gravidade do problema que ronda a Europa, o pacote da Grécia de US$ 156 bilhões foi também de 47% do PIB e o da Irlanda de US$ 120 bilhões, 52,9% do PIB, segundo matéria publicada no jornal Estado de São Paulo (22/maio).

Esses socorros foram também sem deságio nas dívidas e será apenas questão de tempo para evidenciar a falta de visão dos “salvadores” e o agravamento da inevitável deterioração fiscal nesses países.

Não tem como escapar do deságio das dívidas. Esse deságio, por sua vez, poderá trazer novos desdobramentos na rede financeira europeia já fragilizada pela crise iniciada nos Estados Unidos com as hipotecas de alto risco (subprime) e por a nu os títulos podres em posse do BCE ao socorrer o sistema bancário da Irlanda, Grécia, Espanha entre outros países.

A nova tentativa de socorro à Grécia continuará tentando preservar os credores, alongando mais a dívida, sem reestruturá-la, com nova injeção de empréstimos, e o calote será inevitável e maior mais a frente. É uma exigência do BCE para tentar empurrar com a barriga os títulos podres em seu poder cujo montante é desconhecido.

O mesmo poderá ocorrer com Portugal, mais à frente à Espanha e, em seguida a Itália, países de maior expressão econômica na zona do euro. Poderá ser essa a sequência dos PIIGS. É claro que isso atingirá o sistema bancário das economias mais sólidas como França e Alemanha, agravando a crise européia com repercussões em outros países fora da área. Como existe forte relação entre os sistemas financeiros de Europa e Estados Unidos, esse país certamente será afetado.

EUA – Em 16/5, os Estados Unidos atingiram o teto de US$ 14,294 trilhões da dívida pública e o Departamento do Tesouro planeja anunciar que vai parar de emitir e reinvestir títulos do governo em certos fundos de pensão públicos, parte de uma série de medidas para adiar a moratória até 2/8. Essas medidas do Tesouro visam ganhar tempo para a Casa Branca e líderes do Congresso chegarem a um acordo de redução do déficit, para atingir número suficiente de congressistas a votar o aumento da dívida.

A disputa política entre republicanos e democratas pode fornecer o combustível necessário para começar a por em dúvida a capacidade do país honrar o pagamento aos credores, que estão espalhados por todo o mundo, especialmente países que acumularam fortes reservas ligadas ao dólar, como China, Japão, Alemanha e o Brasil. Para agravar esse quadro o déficit fiscal previsto ao final deste ano pode atingir US$ 1,7 trilhões ou 11% do Produto Nacional Bruto (PNB).

A tentativa de ativar a economia via elevação da liquidez é outro motivo de preocupação. De 2004 a 2008 a base monetária girava em torno de US$ 0,8 trilhão e a disparada sem cessar a partir de 2009 a elevou para US$ 2,4 trilhões. Apesar disso, os empréstimos bancários ficaram estabilizados desde o final de 2008 em US$ 9 trilhões, evidenciando o deslocamento dessa elevação da liquidez para fora dos EUA.

É possível que as agências de classificação de risco, que dormiram no ponto na crise de 2008/2009, não tenham o mesmo comportamento agora. Alguns sinais já apontam nessa direção. O primeiro foi dado pela Standard & Poor’s que rebaixou de ‘estável’ para ‘negativa’ a perspectiva de rating de crédito soberano de longo prazo dos Estados Unidos. Com isso sinalizou que poderá piorar a nota da dívida americana. As razões apontadas para a decisão foram o persistente déficit orçamentário e o elevado endividamento do país.

De acordo com a agência, mesmo após dois anos após a eclosão da crise financeira que abalou o mercado de hipotecas dos EUA, o governo do presidente Barack Obama dá sinais de que não chegou num acordo sobre como reverter a deterioração fiscal por que passa o país atualmente, nem aponta soluções para as pressões fiscais de longo prazo.

O dólar já vem de longo processo de perda de valor perante outras moedas e commodities, e isso expressa a doença que se abate lentamente sobre a economia americana. As análises sobre as perspectivas deste país oscilam a cada dia ao sabor de dados sobre pedidos de desemprego, construção de novas moradias, produção industrial, inflação, etc. Fato é que a reação aos fortes estímulos dados desde 2008 produziram efeitos pífios e os déficits fiscais passaram de 3% do PNB em 2008 e poderão atingir 11% neste ano, e a dívida sobe de forma ameaçadora, indicando claros riscos em seu pagamento.

Para agravar esse quadro a elevação dos preços do petróleo e outras commodities subtraem o poder aquisitivo dos americanos, com reflexos negativos sobre o consumo que representa 70% do PIB do país. Isso afeta o crescimento econômico, a arrecadação e eleva o déficit fiscal.

Parecem esgotados os instrumentos monetários para tirar o país da crise. A forte injeção de dólares feita pelo Fed (banco central americano) e os juros negativos não conseguiram estimular o consumo. É incerto se terminará em junho a escalada da injeção de US$ 600 bilhões. Essa elevação da liquidez já dá sinais de problemas com a inflação, que começam a aparecer no front de preocupações do Fed. E nada mais potente para retirar o poder aquisitivo do americano do que a inflação.

A forma que seria possível para romper com esse agravamento é a ampliação das exportações e contenção das importações, para gerar empregos suficientes para tirar da letargia o mercado interno. Mas não é isso que vem ocorrendo no nível necessário, pois a disputa no mercado internacional cresceu fortemente como consequência da crise de 2008.

Face a esse quadro, o melhor para o Brasil é apostar as fichas da saúde econômica e financeira naquilo em que somos bons: alto potencial de mercado interno inexplorado. Assim, é bom repensar as políticas do pé no freio, que podem fragilizar o País aos trancos que poderão vir de fora.

Amir Khair é engenheiro e mestre em finanças públicas pela EAESP/FGV. Foi secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo (1989/92). Atualmente é consultor na área fiscal, orçamentária e tributária.

Correio do Brasil

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Saldo de operações de crédito do sistema finaceiro cresce 1,3% em abril

30/5/2011 8:10, Por Redação, com ABr - de Brasília

Crédito

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro chegou a R$ 1,776 trilhão em abril, com crescimento de 1,3% no período e de 21% em 12 meses, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados nesta segunda-feira. Esse saldo corresponde a 46,6% de tudo o que o país produziu – Produto Interno Bruto (PIB), no mês passado, ante 46,5% de março deste ano e 44% de abril de 2010.

Segundo relatório do BC, as operações de crédito concedidas pelo sistema financeiro “mantiveram-se em trajetória de expansão moderada”, com maior demanda por recursos livres (com taxas de juros livremente pactuadas entre clientes e as instituições). De acordo com o BC, essa demanda por recursos livre foi puxada pelas empresas, em contraste com menor intensidade das contratações pelas famílias.

Correio do Brasil


Diretor do BC prevê inflação 'próxima a zero' daqui a três meses


PEDRO SOARES
DO RIO

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, previu nesta segunda-feira que a inflação vai ficar "próxima a zero nos próximos dois a três meses".

O motivo, diz, é a tendência já demonstrada de "inflexão" dos preços dos alimentos. "A tendência é de acomodação", disse.

Para Mendes, a pressão dos alimentos foi responsável por acelerar a inflação desde o final de 2010 em razão da alta dos preços internacionais das commodities.

Tal tendência, porém, já mostra uma "dinâmica" diferente, segundo Mendes. Isso, diz, já mexeu com as expectativas futuras de inflação e levou analistas a estimarem taxas mais baixas do que há alguns meses.

Segundo Mendes, o principal instrumento para conter a demanda --e consequentemente a inflação-- é a taxa de juros. As chamadas medidas macroprudenciais são expedientes "adicionais" e têm como objetivo primeiro "controlar o mercado de crédito", com mecanismos como compulsórios mais elevados.

Tais medidas, porém, "ajudam também a controlar a demanda".

Outro foco do BC, diz o diretor, é "limitar o endividamento das famílias" com medidas como a elevação do percentual de pagamento mínimo do cartão de crédito --que foi fixado em 15% agora, mas será elevado para 20% da fatura ao final do ano.

30/05/2011 - 15h05



quinta-feira, 26 de maio de 2011

Tablets terão maior exigência de conteúdo nacional

Renata Veríssimo

O início da produção de tablets (computadores em formato de prancheta, como o iPad da Apple) no Brasil está sendo considerado pelo governo como a “ponta do iceberg de uma política industrial muito ambiciosa”. Em entrevista, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, disse que as exigências que serão colocadas para que as empresas recebam as reduções de tributos previstas em lei trarão para o País uma indústria de componentes e semicondutores.

Ele previu que o Brasil poderá se transformar em plataforma de exportação de produtos de alta tecnologia para todo o continente em quatro ou cinco anos. Isso porque o Processo Produtivo Básico (PPB) estabelecerá um porcentual de utilização de conteúdos nacionais na montagem dos tablets mais rigoroso do que o exigido da indústria de notebooks. A proposta do PPB foi encaminhada ontem à Casa Civil. Para obrigar as empresas a trazerem fábricas de componentes para o Brasil, o MDIC também criará um PPB para os celulares de alta tecnologia (smartphones).

Pimentel informou ainda que, dentro da nova política industrial que deve ser anunciada em junho, o governo dará estímulos para associações de empresas estrangeiras com grupos nacionais para instalação de fábrica no Brasil. Os estímulos poderão ser por meio de incentivos fiscais e concessão de financiamentos do governo.

O ministro antecipou que o PPB exigirá que 50% dos displays (telas) sejam nacionais a partir de 2014. No caso dos carregadores de baterias que serão utilizados nesses equipamentos, metade terá que ser fabricada no Brasil já em 2012 e atingirá 80% em 2013. O índice de nacionalização para as placas de rede sem fio será de 50% em 2013 e terá de chegar a 80% em 2014. De imediato, será exigido que metade das placas-mãe utilizadas nos tablets terão de ser produzidas no País, passando para 80% em 2012 e alcançando 95% em 2013.

“É uma exigência pesada de conteúdo nacional”, avaliou Pimentel. O cumprimento dessas exigências garante às empresas a isenção de PIS e Cofins e a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 15% para 3%. Doze empresas já manifestaram o interesse de produzir tablets no Brasil.

Pedido

As empresas foram liberadas, temporariamente, de utilizar baterias e gabinetes produzidos no Brasil. A decisão do governo atende a pedido da taiwanesa Foxconn, que irá produzir os iPads, da Apple, no Brasil. Segundo o ministro, seria impossível produzir esses componentes neste momento no País, mas isso será negociado futuramente.

Pimentel disse que um dos pontos mais importantes é que o PPB obrigará a Foxconn a trazer uma fábrica de displays para o Brasil. “Seremos o primeiro país do mundo a receber uma fábrica de displays fora da Ásia”, disse. Os displays representam cerca de metade do custo dos tablets.

“Estamos praticando os novos fundamentos da nova política industrial. “Não queremos que as empresas venham aqui só para montar. A transferência tecnológica será muito forte”, declarou o ministro. Para Pimentel, o ambiente econômico brasileiro deve garantir o sucesso da política de atração de indústrias de alta tecnologia.

Apesar de ter construído um marco legal há alguns anos, o Brasil nunca conseguiu atrair as fábricas. O ministro argumentou que o País se tornou confiável para investimentos. Além disso, a inclusão social obtida nos últimos anos, do ponto de vista do capital, significa a criação de mercado consumidor. “Se soubermos dosar bem as coisas, vamos virar um País de ponta”, declarou. “Neste momento não temos (mão de obra disponível), mas teremos. Vamos ter dificuldades localizadas, mas conseguiremos resolver.”

agenciaestado

domingo, 22 de maio de 2011

Preços de etanol e gasolina seguem em queda, diz ANP


Na terceira semana de maio, preço médio da gasolina comum teve redução de 1,28%; já o preço médio do etanol hidratado teve queda de 6,55%
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Kelly Lima, da Agência Estado

RIO - Os preços do etanol e da gasolina comum mantiveram a trajetória de queda na terceira semana de maio, informou nesta sexta-feira, 20, a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em pesquisa semanal, a reguladora apurou que na média nacional o preço médio da gasolina "C" comum, que contém 25% de etanol anidro, foi de R$ 2,861 por litro, apresentando uma redução de 1,28%, em relação à semana anterior, queda superior a que ocorreu na segunda semana do mês, que foi de 0,55%.

Já o preço médio do etanol hidratado no País caiu 6,65%, para R$ 2,076 por litro, no mesmo período. A redução foi superior à ocorrida na segunda semana do mês, quando o preço recuou 3,47% em relação à primeira semana do mês.

Ainda segundo a ANP, em São Paulo, a queda dos preços médios de revenda foi de 9,53% para o etanol. Para a gasolina, a queda do preço médio foi de 1,36%. Em Brasília, entre a terceira semana de maio e a segunda as reduções dos preços dos combustíveis ao consumidor final foram de 4,77% para o etanol e de 2,52% para a gasolina. No Rio de Janeiro, a queda dos preços médios de revenda foi de 4,49% para o etanol. Para a gasolina, a queda do preço médio foi de 1,16%.
Entre os Estados do Nordeste, os destaques foram a redução dos preços médios de revenda ocorridas na Bahia, de 11,05% para etanol e de 6,18% para a gasolina; no Rio Grande do Norte, de 4,6% para o etanol e de 3,25% para a gasolina; no Maranhão, de 3,29% para o etanol e de 2,08% para a gasolina e no Ceará, de 3,13% para o etanol e de 1,96% para a gasolina.

Na Região Sul, a queda do preço médio ao consumidor final foi de 0,31% para a gasolina e de 8,66% para o etanol hidratado. Na região, pode-se destacar as reduções dos preços médios de revenda ocorridas no Rio Grande do Sul, de 11,50% para etanol e de 2,32 para a gasolina, e no Paraná, de 8,17% para o etanol e de 1,68% para a gasolina.

Segundo a ANP, a tendência para as próximas semanas é que os preços mantenham-se em queda, tanto para a gasolina, quanto para o etanol hidratado, considerando o início da safra da cana de açúcar e a diminuição do volume de estoque antigo adquirido a preços mais elevados. O levantamento de preços da ANP é realizado, semanalmente, em mais de 8 mil postos revendedores em todo o País.

20 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Internet influencia compra de 62% dos consumidores, aponta Google

GABRIEL BALDOCCHI

ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
 
O poder da internet para influenciar consumidores tem impacto econômico superior do que a capacidade da rede de gerar compras virtuais. A conclusão a que chegou o Google a partir de suas pesquisas na América Latina é usada como estratégia de negociação com seus anunciantes.

"O comércio eletrônico é muito importante, mas não é a pedra regular na internet", afirmou o diretor do Google na Argentina, Alejandro Zuzenberg, durante conferência da empresa para a América Latina.
Em pesquisas feitas nos mercados da América Latina, a empresa apurou que 62% dos consumidores consultam informações on-line antes de fazer uma compra. Eles procuram indicações em sites de buscas e nas redes sociais.
Nesse universo, 32% dos consumidores conversam ou compartilham informações antes de comprar.
Com base nos dados, a empresa mostra que a internet mudou a decisão da compra do ponto de venda para a rede. A conclusão tem mais força em setores como o de eletrônicos, em que nove em cada dez consumidores consultam a internet antes de adquirir um produto.
"Esse é o ponto que trabalhamos com nossos clientes", afirmou Zuzenberg.
Os dados da pesquisa mostram ainda que 83% dos usuários que buscaram informações na internet confiavam na opinião dos usuários da rede para as compras, com uma procura de quatro a sete opiniões.
Zuzenberg disse ainda que as empresas devem usar a publicidade em mídias tradicionais para disparar as buscas no ambiente virtual. Um movimento que deve ser trabalhado com iniciativas no ambiente on-line.
"O que encontramos é que quem mais investe em publicidade [tradicional] mais tem busca on-line. É o complemento de ambas que funciona melhor."
O repórter GABRIEL BALDOCCHI viajou a convite do Google.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Inflação em 2011 não ultrapassará o teto da meta, garante Mantega

Ministro da Fazenda diz que não há nenhum relaxamento do governo em relação à alta dos preços

Daniela Amorim e Sabrina Valle, da Agência Estado

RIO - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira, 16, que não há nenhum relaxamento do governo em relação à inflação. O ministro participa do XXIII Fórum Nacional, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, cujo tema este ano é "Visão de Brasil desenvolvido para participar da competição do século: China, Índia e Brasil".
"Estamos sempre atentos para manter a inflação dentro dos limites. Temos certeza absoluta de que em 2011 a inflação estará dentro da meta, do limite superior da meta, aliás, como tem estado nos últimos cinco anos", afirmou Mantega.
Mantega disse ainda que há uma nítida tendência de queda nos preços dos combustíveis, o que vai ajudar a desacelerar a inflação e mantê-la dentro da meta do governo.
"Os combustíveis subiram porque subiu o etanol. Pegamos um período de entressafra, mas agora com o início da safra houve uma expansão da oferta. O preço foi reduzido primeiro ao produtor, demora um tempo para chegar à bomba, mas agora já está chegando ao consumidor.
Portanto, teremos uma deflação no combustível, que é o segundo vilão dessa história inflacionária", afirmou Mantega, lembrando ainda que a queda dos preços das commodities no mercado externo também ajudará a frear a inflação no País.
Segundo ele, a alta dos preços das commodities é uma das principais pressões sobre a inflação oficial desde o ano passado. "No Brasil existem problemas quando sobe essa inflação de commodities, mas, por outro lado, é um dos países mais bem preparados para enfrentar essa situação, porque produzimos petróleo e porque também somos um grande produtor de alimentos. Por isso, também temos vantagens quando sobem os preços dessas commodities. Então essa é uma moeda que tem duas faces", afirmou.
Segundo o ministro, a boa notícia foi a queda no último mês dos preços de todas as commodities. "Portanto, a trajetória é descendente. Tivemos um alívio da inflação por parte das commodities", comemorou.

Surto inflacionário mundial

O ministro disse que há um surto inflacionário mundial, causado principalmente por esta alta nos preços das commodities. Mas ressaltou que, em vários países, a inflação foi maior do que no Brasil. "Na China a inflação subiu muito mais, assim como na Índia e na Rússia. Se comparados aos emergentes, estamos numa situação razoável", ponderou Mantega, apontando como culpados pela inflação mundial a falta de oferta de produtos, os problemas climáticos e a crise política no Oriente Médio e no Norte da África. "Mas também, não menos importante, está a especulação financeira, o excesso de liquidez no mundo provocado pela política de expansão monetária de países desenvolvidos".
Para Mantega, um dos fatores que determinam a longevidade do crescimento do País é o controle da inflação. "Com inflação alta é difícil manter um crescimento sustentável", disse.
Estadão 16 de maio de 2011 -16h 40

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Escritório de projetos mobiliza R$ 7,2 bilhões para infraestrutura

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
 
Com dois anos de vida, a EBP (Estruturadora Brasileira de Projetos) -escritório focado em empreendimentos para o setor público e criado por nove grandes bancos comerciais e de investimento- deve mobilizar pelo menos R$ 7,2 bilhões em capital para infraestrutura no país.
A iniciativa foi idealizada com o propósito de vencer o crônico problema brasileiro da falta de projetos de interesse público com qualidade para fazer girar as concessões. O modelo começa a desengavetar iniciativas.
Com dez empreendimentos em carteira, a empresa comemora o primeiro negócio posto em pé: o estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, palco da Copa do Mundo de 2014. O projeto, com valor de R$ 608 milhões, foi modelado, leiloado e contratado num prazo de 14 meses.
Além do Mineirão, outros negócios devem sair em breve. Entre eles está a concessão da BR-101 no Espírito Santo, de hospital e rodoviária na capital mineira, da estrutura logística para conexão dos centros de compra popular em São Paulo (25 de março e Brás) e do saneamento básico na zona oeste do Rio e na região metropolitana de Vitória.
Só esses dois projetos de saneamento podem mobilizar mais de R$ 3,5 bilhões e universalizar coleta e tratamento de esgoto nas duas áreas. São negócios de peso, como de peso é o grupo que criou a EBP.
O capital da empresa é dividido em nove partes iguais, assim composto: BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Banco Votorantim, Citibank, Santander, Banco Espírito Santo e HSBC.
A empresa nasceu com capital de R$ 30 milhões disponível para bancar estudos e consultorias. Segundo o diretor-geral, Hélcio Tokeshi, a empresa ainda dispõe de R$ 100 milhões para usar em novos empreendimentos que serão assumidos pela EBP.
Resposta ao vácuo de desenvolvimento de projetos de infraestrutura, a EBP começou quase como um conceito. Virou um negócio que em 2011 começa a ter retorno.
Para os bancos, o benefício é indireto. Um projeto concedido é sempre um potencial tomador de crédito, embora quem assuma o empreendimento não tenha a obrigação de recorrer a nenhuma das instituições que são sócias da EBP.
A companhia opera quase como uma extensão dos governos, ao assumir a confecção do projeto, da engenharia à estrutura financeira, dos estudos técnicos ambientais à definição do leilão.
"Um governo não tem como manter um time de especialistas para desenvolver um grande projeto de interesse de um Estado ou de uma prefeitura. Custaria caro e essas equipes ficariam ociosas", diz Tokeshi.

10 PESSOAS
Apesar de mobilizar bilhões de reais, a EBP é uma empresa minúscula. Tem dez pessoas, comandadas pelo economista Hélcio Tokeshi, egresso da consultoria McKinsey & Company. É esse grupo que gerencia a rede de técnicos e especialistas que põe os projetos em pé.

domingo, 12 de dezembro de 2010

China diz que manterá o yuan estável em uma 'taxa razoável'

Governo da China disse neste domingo que o país não deve buscar 'cegamente' uma taxa de crescimento mais elevada


Nalu Fernandes - Agência Estado


O governo chinês disse, neste domingo, após conferência econômica, que dará maior prioridade para manter os preços estáveis. Em comunicado divulgado por meio da agência oficial de notícias Xinhua, hoje, a China reiterou que irá implementar política fiscal "ativa" e política monetária "prudente" no próximo ano. A política fiscal será utilizada para manter crescimento estável e melhorar a estrutura da economia, segundo o documento.

O comunicado segue-se a uma conferência de três dias para a área econômica, uma reunião de alto nível dos líderes de política econômica

A China também gerenciará liquidez para manter estabilidade geral e ajudar na reestruturação econômica, citou o comunicado. Mais crédito será direcionado para áreas rurais e pequenas e médias empresas, disse o comunicado.

O documento reiterou o posicionamento frequentemente repetido sobre o yuan, dizendo que continuará aprimorando o mecanismo de taxa de câmbio e que manterá o yuan basicamente estável em uma taxa razoável.

O país também afirmou que irá garantir um ambiente econômico saudável e estável no próximo ano, ao dizer que buscará melhor relação entre manter um crescimento estável e relativamente rápido, reestruturação econômica e gerenciamento das expectativas de inflação.

Apreciação do yuan

Uma apreciação mais rápida do yuan prejudicaria os exportadores chineses, afirmou, neste domingo, o vice-diretor do órgão regulador de política cambial do país, sugerindo que é improvável que a China permita que sua moeda aprecie em um ritmo mais acelerado.

"As companhias chinesas não suportam isso", afirmou Deng Xianhong, vice-diretor da Administração Estatal para Câmbio (Safe, na sigla em inglês), à Dow Jones, ao ser questionado se a China permitiria apreciação mais rápida do yuan para combater a inflação.

O atual sistema cambial trabalha em favor de prevenir que os exportadores locais sofram demasiadamente com uma apreciação do yuan, acrescentou Deng, ao conversar com a agência internacional de notícias nos bastidores de um fórum.

Tanto exportações quanto importações avançaram para níveis recordes em novembro e o superávit comercial teve leve estreitamento para um patamar ainda elevado de US$ 22,9 bilhões, mantendo pressão sobre Pequim para permitir um ritmo mais acelerado de apreciação do yuan.

O índice de preços ao consumidor também avançou 5,1% ante o ano anterior em novembro, marcando o ritmo mais rápido em dois anos e deflagrando manifestações de economistas para que Pequim adote medidas para limitar a inflação, incluindo elevação da taxa de juro e apreciação mais rápida do yuan.

Emprego

O governo da China disse, ainda, que o país não deve buscar "cegamente" uma taxa de crescimento mais elevada, mas, em vez disso, deveria priorizar tarefas como a estabilização de preços e expansão do emprego.

A China deveria "dar mais atenção para qualidade e resultados do crescimento, dar mais atenção ao estímulo do emprego e à melhoria de vida das pessoas", disse o governo, em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Xinhua.

A China irá adotar uma política mais "proativa" na área de emprego no próximo ano, disse o comunicado, fazendo do emprego uma "prioridade do desenvolvimento econômico". A China também irá expandir a demanda doméstica, consumo e importações, e usará importações para promover reestruturação e equilíbrio da economia, segundo o documento.

Especulação imobiliária

A China continuará restringindo a especulação no setor de imóveis nos próximos cinco anos, disse Qin Hong, vice-diretor do centro de pesquisa política do Ministério de Desenvolvimento Urbano e Rural. Qin, não forneceu detalhes, enquanto falava em um fórum.

A China adotou várias medidas neste ano para restringir a especulação imobiliária e bolhas de preços de ativos, incluindo elevação de pagamentos iniciais, aumento das taxas de hipotecas e restrição de financiamento para compras adicionais de residências.

As informações são da Dow Jones.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mercado eleva expectativa de crescimento do PIB em 2010 para 7,34%

Pesquisa Focus do Banco Central reduziu expectativa de inflação em 2011 para 4,85% após duas altas seguidas

Fernando Nakagawa, da Agência Estado

BRASÍLIA - Na primeira pesquisa Focus divulgada após o anúncio do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2010, analistas elevaram a estimativa para o crescimento da economia neste ano. De acordo com o levantamento divulgado nesta segunda-feira, 6, a previsão para a expansão do PIB neste ano avançou de 7,09% para 7,34%. Com o aumento, o número esperado passa a ficar acima da previsão vista há um mês, quando estava em 7,12%.

Para 2011, analistas mantiveram os números e, de acordo com a pesquisa, a mediana das previsões para o aumento do PIB no próximo ano seguiu em 4,50% pela 39ª semana consecutiva.

Na mesma pesquisa, foi mantida pela quarta vez seguida a expectativa para a expansão da produção industrial de 2011 em 5%. Para 2010, a aposta de crescimento industrial caiu de 11,47% para 11,37%, ante 11,70% de um mês atrás.

O levantamento do BC também mostra que a mediana das previsões para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2011 manteve-se em 39,50%. Para 2010, o número subiu ligeiramente, de 40,73% para 40,80%. Há um mês, analistas previam 39,50% para 2011 e 40,73% para 2010.

Inflação

Após duas altas seguidas, o mercado financeiro reduziu a expectativa para o IPCA em 2011. De acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda, a mediana das projeções caiu de 4,87% para 4,85%, retomando uma direção para o centro da meta de inflação para o próximo ano, de 4,50%. Apesar da redução, o número atual ainda está acima da estimativa verificada há um mês, quando estava em 4,80%.

Para 2010, a estimativa para o IPCA não sofreu alteração após duas semanas seguidas de redução dos números. Nesta semana, a mediana das projeções manteve-se em 5,07%. Há um mês, o mercado esperava alta de 5,19% para o índice.

Em trajetória diferente das estimativas para 2011 e 2010, a projeção suavizada para o IPCA nos próximos 12 meses subiu pela segunda vez seguida, e passou de 4,99% para 5,03%. Há um mês, estava em 5,00%.

No grupo dos analistas que mais acertam as estimativas na pesquisa do BC, o chamado Top 5, a mediana das previsões para o IPCA em 2011 seguiu em 4,97%, acima dos 4,75% previstos há um mês. Para 2010, esse grupo manteve a previsão de IPCA de 5,18%, superior à previsão de 5,11% verificada há quatro semanas.

Entre todos os analistas ouvidos pelo BC, a mediana das estimativas para o IPCA de agosto de 2010 teve leve ajuste, de 0,17% para 0,16%, na sétima redução consecutiva. Há um mês, o número estava em 0,30%. Para setembro de 2010, a expectativa segue em 0,36% pela sexta pesquisa seguida.

Na mesma pesquisa, a previsão para o IPC-Fipe em 2011 subiu de 4,53% para 4,55%, acima do mesmo patamar verificado há um mês, quando estava em 4,50%. Para 2010, a previsão caiu de 4,99% para 4,90%, ante 5,04% de quatro semanas atrás.

Selic

O mercado manteve a previsão de que o juro básico da economia, a taxa Selic, não vai sofrer alteração até o fim do ano. Na primeira pesquisa Focus realizada pelo Banco Central após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, analistas mantiveram a previsão de que a Selic seguirá em 10,75% ao ano até o fim de 2010. Essa expectativa era já vista na semana passada e indicava a aposta do mercado de que o BC não alteraria o juro na reunião da última quarta-feira, o que se confirmou.

Para 2011, o mercado manteve a expectativa de que deve haver retomada do ciclo de alta do juro, com a volta da Selic para 11,50% ao fim do próximo ano. Essa previsão é repetida há três semanas.

Na mesma pesquisa, a expectativa para a Selic média no decorrer de 2011 caiu ligeiramente, de 10,63% para 10,60%, ante 11,79% de um mês atrás. Para 2010, a previsão de juro médio manteve-se em 10,03%. Há quatro semanas, a estimativa estava em 10,13%.
Conta corrente
O mercado manteve a previsão para o déficit em transações correntes em 2011. De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das estimativas para o saldo negativo das contas externas no próximo ano seguiu em US$ 58,00 bilhões. Para 2010, a previsão piorou ligeiramente e aumentou de US$ 49,96 bilhões para US$ 50 bilhões. Há um mês, o mercado esperava déficits de US$ 58 bilhões para 2011 e de US$ 49 bilhões para 2010.

Para a balança comercial, a previsão de superávit em 2011 subiu de US$ 8,18 bilhões para US$ 8,68 bilhões. Para 2010, a estimativa de saldo positivo manteve-se em US$ 15 bilhões. Quatro semanas atrás, as estimativas para cada um desses dois anos estavam em US$ 9,11 bilhões e US$ 15 bilhões, respectivamente.
Na mesma pesquisa, o mercado manteve a previsão de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2011em US$ 38,00 bilhões, ante US$ 39,25 bilhões de um mês atrás. Para 2010, a previsão foi mantida em US$ 30,00 bilhões, frente a US$ 32,00 bilhões de um mês atrás.
IGP-DI
As estimativas para os IGPs em 2011 não sofreram alteração em relação à semana passada. De acordo com o levantamento, a mediana das previsões para o IGP-DI no próximo ano seguiu em 5% pela 18ª semana consecutiva. Para o IGP-M, a estimativa permaneceu em 5,01%, ante 5% de um mês atrás.
Para 2010, as previsões oscilaram sem rumo único. Para o IGP-DI, a previsão teve queda, de 8,49% para 8,43%. Já para o IGP-M, a previsão subiu de 8,56% para 8,71%. Há um mês, analistas esperavam, respectivamente, aumento de 8,43% e 8,50% para cada um dos dois índices em 2010.
Para os preços administrados - as tarifas públicas - a expectativa de alta em 2011 manteve-se em 4,80%. Para 2010, a aposta seguiu em 3,55%. Há um mês, analistas acreditavam que a alta do conjunto de preços administrados seria de 4,73% em 2011 e de 3,60% em 2010.

domingo, 15 de agosto de 2010

Lucro do BNDES no primeiro semestre tem alta de 408,6%


JANAINA LAGE
DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro de R$ 3,6 bilhões no primeiro semestre. O resultado representa alta de 408,6% em relação a igual período do ano passado e foi impulsionado pela recuperação de créditos no valor de R$ 2 bilhões.

Segundo Vânia Borgerth, chefe do departamento de Contabilidade e Relações com Investidores, parte do crescimento do lucro pode ser atribuída à base fraca de comparação.

No primeiro semestre do ano passado, logo após a explosão da crise econômica mundial, o banco separou recursos para se proteger de um eventual aumento da inadimplência de parte dos clientes. Como essa perspectiva não se confirmou e houve uma melhora do cenário, não foi necessário repetir a operação neste ano. A inadimplência ficou estável em 0,20% da carteira de crédito.

A carteira de crédito do banco chegou a R$ 317 bilhões. O BNDES se tornou responsável por 20,5% da oferta nacional de crédito em junho, com crescimento de 11,7% no total de ativos em relação ao fim de 2009.

Borgerth destaca que com a queda nas taxas cobradas nos empréstimos, a tendência é de redução nos ganhos, a menos que o banco compense esse efeito com maior volume de operações.

O resultado do banco com participações em empresas por meio da BNDESPar foi de R$ 2 bilhões no primeiro semestre. Em igual período do ano passado, o desempenho havia sido de R$ 1,3 bilhão. O aumento foi resultado na melhora das condições de mercado, o que possibilitou operações de giro da carteira, com a venda de ações.

Folha online
13/08/2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

PIB brasileiro deve crescer 7,3% neste ano, estima Anbima

Economia 


SÃO PAULO, 13 de julho de 2010 - O Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades de Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) voltou a revisar para cima a projeção para a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, passando de 6,9% em maio para 7,3% em junho. Já a projeção para o próximo ano manteve-se estável (variação positiva de 4,5%).

O Comitê estima uma inflação efetiva de 5,60% este ano, inferior a divulgada no mês passado (5,80%). Ainda segundo a entidade, a balança comercial deve fechar 2010 em US$ 16,4 bilhões, as transações correntes negativas em US$ 48 bilhões, os investimentos estrangeiros diretos em US$ 35 bilhões.

No mesmo boletim, a Anbima projeta reservas internacionais na casa de US$ 259,5 bilhões ao fim do ano e a taxa de risco-Brasil em 200 pontos.

(SSB - Agência IN)

domingo, 11 de julho de 2010

Turismo vai crescer o dobro do PIB

Pesquisa da FGV com 80 maiores companhias revela que o setor vai ampliar em 14,6% os negócios em 2010, enquanto o PIB cresce 7%

Márcia De Chiara, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Impulsionado pela abundante oferta de crédito de longo prazo, com parcelamento que chega a dois anos, e pelo crescimento do emprego e da renda no mercado interno, o setor de turismo vai crescer neste ano num ritmo acelerado, que é o dobro do projetado para o Produto Interno Bruto (PIB).

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com as 80 principais companhias do setor no País revela que a expectativa é de que o volume de negócios ligados ao turismo aumente, em média, 14,6% este ano em relação a 2009. Em igual período, o PIB deve crescer cerca de 7%.

"A taxa de crescimento do turismo será recorde neste ano", afirma o ministro do Turismo, Luiz Barretto, ponderando que a atividade ainda responde por pequena fatia do PIB, 2,8%, mas tem potencial enorme de crescimento. Além das melhores condições econômicas do País, ele ressalta que eventos importantes vão acelerar o volume de negócios, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas.

A pesquisa, feita a pedido do ministério e que consultou nove segmentos do turismo, de empresas de transporte aéreo a locadoras de automóveis e hotéis, mostra que, no geral, 92% das companhias esperam neste ano crescimento nas vendas em relação a 2009, 7% estabilidade e apenas 1% queda.

Os segmentos que projetam os maiores acréscimos nos volumes de negócios são empresas aéreas (21,2%), operadoras de viagem (18,3%), turismo receptivo, que inclui bares e restaurantes (17,9%) e locadoras de automóveis (15%). Segundo a enquete, três desses quatro segmentos projetam os maiores reajustes de preços para o período.

Só no primeiro semestre, o volume de desembarques aéreos domésticos cresceu cerca 30% na comparação com igual período de 2009, nas contas do ministro. Isso mostra que, com mais dinheiro e o câmbio favorável – na sexta-feira, o dólar fechou cotado a R$ 1,76, o menor nível em dois meses –, o brasileiro está tomando gosto pelas viagens, Depois de estrear nos cruzeiros na temporada de verão, eles estão fazendo hoje a primeira viagem ao exterior. O destino é a vizinha Argentina, observa Barretto, pela proximidade geográfica e semelhança da língua.

Tango

"Eu sempre gostei de tango", disse o aposentado Paulo Zanatto, de 84 anos, que embarcou na última quinta-feira com as filhas, o genro e os netos, para Buenos Aires. É a sua primeira viagem de avião e também a primeira vez que vai para fora do País.

"Quando a economia vai bem, as pessoas fazem turismo", afirma o diretor de Assuntos Internacionais da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Leonel Rossi Júnior. De acordo com o executivo, hoje a nova classe média responde por 7% das vendas do setor.

"Nos últimos 5 anos, 30 milhões de brasileiros entraram para o mercado de consumo. Nos próximos 5 anos, irão ingressar mais 40 milhões, quase uma Espanha inteira", prevê Valter Patriani, presidente da CVC Turismo, maior operadora das Américas. De olho nesse potencial para vendas de pacotes turísticos, a empresa acaba de inaugurar uma loja em Boa Vista, Roraima, o último Estado onde a companhia não estava presente.

Para este mês, a CVC está com a maior oferta de pacotes em períodos de férias, desde a fundação da empresa, há 38 anos. Entre viagens aéreas, rodoviárias e cruzeiros internacionais, serão cerca de 280 mil lugares nesta temporada. Junto com o volume recorde de ofertas estão as promoções, com descontos que chegam 30%. "Só vende porque tem promoção", diz Patriani.

Além do corte no preço, o parcelamento impulsiona o crescimento. A Caixa Econômica Federal, o banco que mais financia o setor, tem um cartão de crédito específico para o turista. O parcelamento do pagamento dos gastos relacionados, da passagem à entrada ao parque temático, pode ser quitado em 24 meses. Isso significa que o turista leva dois períodos consecutivos de férias para se ver livre da dívida.

Fábio Lenza, vice-presidente de Pessoa Física da Caixa, diz que hoje há 1,6 milhão de cartões de crédito para turismo e o limite soma R$ 900 milhões. "Até dezembro, a meta é ter 1,8 milhão de cartões e o limite de crédito deve chegar a R$ 1 bilhão", prevê. Ele conta que neste ano, cresceu 21% o uso do cartão em relação a 2009 e o valor médio das transações também aumentou

terça-feira, 6 de julho de 2010

BNDES aprova financiamentos de R$ 3,9 bi para indústria naval

DE SÃO PAULO

O BNDES aprovou financiamentos que somam R$ 3,9 bilhões para a indútria naval brasileira. O maior, de R$ 2,6 bilhões, por liberado para que a Transpetro adquira sete navios-tanque da Estaleiro Atlântico Sul. Paralelamente, o banco aprovou crédito de R$ 1,3 bilhão ao Estaleiro, que utilizará os recursos para financiar parte da produção das sete embarcações.

Segundo o BNDES, o financiamento aprovado à Transpetro corresponderá a 90% do valor do investimento a partir da conclusão e entrega dos navios.

Os dois projetos serão realizados com recursos do FMM (Fundo da Marinha Mercante) e fazem parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal.

Ainda de acordo com o BNDES, o projeto deverá gerar cerca de 4.000 empregos durante a fase de construção das embarcações.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

País está próximo de atingir o pleno emprego, segundo economistas25/06/2010

Cenário pode se confirmar ainda este ano, com um desemprego próximo de 6% nas principais regiões metropolitanas do Brasil

O forte ritmo de crescimento da economia nos últimos meses e o desempenho vigoroso do mercado de trabalho no Brasil, com a conseqüente redução do nível de desemprego, deve alçar o País a um cenário de pleno emprego.

Segundo especialistas ouvidos pelo iG, esse quadro está próximo de se concretizar. Com uma taxa de desemprego na faixa entre 5% e 6% esse cenário pode se confirmar, afirmam os analistas, entre o fim de 2010 e o primeiro semestre de 2011. Hoje, o desemprego nas principais regiões metropolitanas do País é de 7,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Com uma taxa de crescimento econômico de mais de 5%, chegaremos a um desemprego de 6%, que é o pleno emprego. Isso pode acontecer ainda este ano”, avalia o professor de relações do trabalho na Universidade de São Paulo (USP), José Pastore.

O País só viveu situação semelhante no início dos anos 70, durante o período que ficou conhecido como “Milagre Brasileiro”, lembra o economista João Paulo dos Reis Veloso, que foi o titular do Ministério do Planejamento de 1969 a 1979. Naquele período, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu na faixa de 10% ao ano, por quatro anos consecutivos, de 1970 a 1973.

“Toda a década de 70 foi de expansão muito rápida no emprego porque o País vinha de um período de crescimento desde os anos 50. Mas a diferença é que antes havia um rápido crescimento do PIB e baixo crescimento do emprego. A partir de 1968 houve um grande crescimento do PIB e do emprego. No fim dos anos 70, a taxa de desemprego aberto estava em cerca de 2%”, acrescenta Reis Veloso.

Segundo Pastore, o desempenho da economia brasileira tem mostrado força e continuará assim até o fim de 2010, impulsionando a geração de postos de trabalho. “A menos que aconteça algo imprevisível, como um forte esfriamento da demanda interna, a trajetória de queda no desemprego não se confirmaria. Algo impensável no momento”, observa.

Janine Berg, especialista em Emprego do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, acredita que para que o Brasil atinja o patamar de pleno emprego e mantenha o quadro por um período longo é necessário que o País cresça a uma taxa de 6% ao ano, pelos próximos cinco a seis anos. “Mas essa trajetória está sujeita a variações. No longo prazo não é suficiente só gerar empregos. É necessário qualificar melhor. Pessoas com mais qualificação tendem a ser menos afetadas pelo desemprego”, diz.

O pleno emprego não significa o fim do desemprego, mas ocorre quando o nível de trabalhadores sem emprego se situa em uma faixa que os especialistas definem como friccional, ou seja, quando o trabalhador fica fora do mercado de trabalho por um curto período de tempo, entre 30 e 60 dias.

Isso ocorreu nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, quando houve uma forte expansão na produção e o desemprego oscilava na faixa de 2%. Na avaliação dos especialistas, o período de governo do presidente Bill Clinton, de 1993 a 2001, também podem ser considerados como de pleno emprego. Naquele momento, a taxa de desemprego entre os americanos chegou a ser de 4%.

Segundo os analistas, um fator que demonstra a proximidade de um cenário de pleno emprego no País é a maior pressão por aumentos salariais. Para José Pastore, isso já está ocorrendo em alguns setores. “Os aumentos estão acima da inflação e da produtividade em várias categorias. Já está faltando mão de obra qualificada e não-qualificada”, diz. De acordo com dados do Dieese, 93% dos pisos salariais, em diversas categorias profissionais, tiveram reajustes acima da inflação no ano passado.

domingo, 20 de junho de 2010

China anuncia flexibilização gradual do yuan

É necessário aguardar se anúncio vai bastar para acalmar os críticos da subvalorização da moeda chinesa

Agência Estado e Reuters

PEQUIM - A China irá flexibilizar gradualmente o yuan, informou o banco central do país neste sábado, 19, indicando que está pronto para acabar com 23 meses de câmbio fixo que ficou sob intensa pressão mundial. A autoridade monetária reiterou várias das suas declarações anteriores sobre o yuan, inclusive que manterá um sistema de flutuação administrada para a divisa referenciada contra uma cesta de moedas.

"É desejável prosseguir adiante com a reforma no regime da taxa de câmbio RMB e aumentar a flexibilidade", afirmou Banco Popular da China, em comunicado no seu website. O yuan também é chamado de renminbi, ou RMB. O comunicado não cita qualquer medida específica que será tomada e afirma que "atualmente não há nenhuma base para grandes oscilações ou mudanças na taxa de câmbio do yuan".

O BC chinês descartou uma valorização de uma só vez ou maior apreciação como muitos críticos esperavam, afirmando que "não havia base para grandes flutuações ou mudanças" na taxa de câmbio. Entretanto, ficou claro que a China pretende com seu anúncio - publicado em inglês ao mesmo tempo que em chinês - marcar o fim da rigidez de facto da cotação do yuan em relação do dólar, que tem sido defendida como uma "política especial" para proteger a economia da crise financeira global.

Ainda é preciso esperar se o anúncio será suficiente para apaziguar os críticos, especialmente os parlamentares norte-americanos, que dizem que uma moeda chinesa subvalorizada dá uma vantagem comercial injusta. "A economia global está se recuperando gradualmente. A recuperação e a retomada da economia chinesa se tornou mais sólida com a estabilidade econômica reforçada", disse o banco central chinês no comunicado em seu website.

Repercussão

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, afirmou em um comunicado que o país saúda a decisão da China de aumentar a flexibilidade da taxa de câmbio do yuan, na primeira reação dos EUA ao comunicado do banco central chinês.

"Saudamos a decisão da China de aumentar a flexibilidade de sua taxa de câmbio", disse o comunicado. "A implementação daria uma contribuição positiva para um crescimento econômico forte e equilibrado. Estamos ansiosos para continuar nosso trabalho com a China no G-20 e bilateralmente para reforçar a recuperação."

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou que o comunicado do banco central chinês foi um "progresso muito bem-vindo". Segundo ele, o retorno para uma política de flutuação administrada da moeda - sistema utilizado antes da crise financeira global - permitirá que o yuan aumente em valor. Isso, por sua vez, "ajudará o rendimento das famílias chinesas e proverá os incentivos necessários para reorientar o investimento para as indústrias", destacou Strauss-Kahn.

Comunicado é vago
A China deve dar mais detalhes sobre sua nova política cambial ou os parlamentares norte-americanos irão pressionar mais com planos para elevar barreiras comerciais, disse o senador democrata Charles Schumer neste sábado.

"Este comunicado vago e limitado é a resposta típica da China a pressões", afirmou o senador, que é membro da liderança democrata em um esforço para liberar os Estados Unidos a utilizarem compensações contra países com taxas de câmbio "fundamentalmente desalinhadas".

"Enquanto não houver informações mais específicas sobre o quão rápido o país vai deixar a sua moeda valorizar-se e em quanto, não podemos ter nenhuma boa sensação de que os chineses vão começar a jogar pelas regras", disse Schumer, em comunicado.

(com informações da Dow Jones)

Câmbio fixo torna China ''competitiva''

- O Estado de S.Paulo




Há 23 meses os chineses não mexem na sua taxa de câmbio. O período remete a meados de agosto de 2008. Um mês depois, o planeta mergulharia em sua pior crise econômica desde a Grande Depressão nos anos 30.

Ao manter fixa a taxa de câmbio entre iuan e dólar, a China estava, na prática, desvalorizando sua moeda ante todas as demais. Enquanto isso, a produtividade nos setores chineses de exportação disparava; combinado à desvalorização da moeda, isso tornou os bens chineses baratos, o que prejudica outros exportadores que perdem competitividade.

Por isso a queixa global contra a China. A última veio do presidente Barack Obama (EUA), que anteontem, em carta ao G-20, pediu "ajustes".

Relação é definida por economistas como ''neocolonialista''


20 de junho de 2010
O Estado de S.Paulo

A América Latina vende commodities para a China e recebe manufaturas. Os economistas definem o comércio como "neocolonialismo" e temem que prejudique as contas externas da região.

"É uma relação do século XIX", disse o economista Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Maurício Mesquita Moreira. "Temos um desafio importante para evitar a deterioração da qualidade do intercâmbio", disse o presidente do Conselho Empresarial Brasil - China, Sérgio Amaral.

A China representa 7,5% das exportações da América Latina. Excluindo o México, que não é rico em commodities, chega a 11,5%, mais alto que o peso da economia chinesa no PIB global, que é de 8,5%.

Mas a influência do país asiático na economia da região é muito maior. As commodities respondem por 48% das exportações latino-americanas. E os chineses dominam esse mercado. A China compra 55% do minério de ferro, 71% do milho e 49% da carne de porco do mundo.

"A China determina o preço das commodities. Isso significa que metade da exportação da América Latina é influenciada diretamente pelo que ocorre por lá", diz o economista do JP Morgan, Júlio Callegari.

A principal vantagem que a relação com a China traz para a América Latina é a alta nos preços de exportação. Se essas variações fossem excluídas, o superávit obtido minguaria. Entre 2005 e 2009, os latinos-americanos acumularam ganhos de US$ 480 bilhões no comércio com os chineses - US$ 400 bilhões só com alta de preços.

Déficits. Os preços das commodities estão nas alturas e, ainda assim, a tendência é de déficit para a América Latina. Isso ocorre porque as importações de produtos chineses crescem ainda mais rápido. O superávit da América Latina com a China, excluído o México, saiu de US$ 4,5 bilhões em 2005 para um déficit de US$ 7 bilhões em 2008. Voltou a ser superávit em 2009 por causa da crise (US$ 5,3 bilhões), mas a tendência é de resultados negativos em 2010.

China empresta US$ 50 bi para a América Latina

Com financiamentos generosos, país aumenta influência na região, como fez na África, e garante o suprimento de matérias-primas
20 de junho de 2010
Raquel Landim - O Estado de S.Paulo

Depois da invasão chinesa na África, agora é a vez da América Latina. A China despejou mais de US$ 50 bilhões na região em empréstimos nos últimos 18 meses, aponta levantamento do JP Morgan. A maior parte são créditos garantidos com entrega de petróleo.

Companhias estatais e bancos chineses estão investindo pesado na região. A presença da China se expande por três vias: comércio, investimento e empréstimos. Os objetivos do gigante são garantir matérias-primas, vender produtos e diversificar suas reservas internacionais.

A Venezuela, do presidente Hugo Chávez, lidera com US$ 28 bilhões em créditos chineses. Em abril, foi selado um acordo de US$ 20 bilhões, a poucos meses de eleições legislativas.

Depois estão Brasil e Argentina, com US$ 10 bilhões cada. O Equador recebeu US$ 2,7 bilhões. No caso brasileiro, é uma linha de crédito para a Petrobrás. A estatal informa que utilizou US$ 7 bilhões.

"A magnitude desses acordos é surpreendente", disse Julio Callegari, economista do JP Morgan. Os acordos são fechados com o Banco de Desenvolvimento da China e com a PetroChina.

A América Latina ganhou relevância como fornecedora de petróleo para a China. Em 2009, a região vendeu 5,8% do petróleo importado pelo país, mais que o dobro dos 2,4% de 2004.

"Existe uma liquidez gigantesca na China, que se transformou em fonte de financiamento fácil para outros", disse o sócio da Strategus Consult, Renato Amorim. "Também houve um amadurecimento dos mecanismos de financiamento chineses. Eles aprenderam a investir fora."

A enxurrada de dólares chineses é bem-vinda, porque significa dinheiro barato que ajuda países com dificuldade para viabilizar financiamentos de longo prazo. Mas o movimento também preocupa. "É um braço da política externa chinesa", disse o economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Maurício Mesquita Moreira.

O principal temor é o chamado "capitalismo de Estado". Muitos bancos e empresas chinesas são estatais ou contam com apoio do governo. Por isso, não se guiam só por lucro, mas também por decisões políticas.

Laços estreitos. Os laços entre América Latina e China se estreitaram. Nos últimos cinco anos, as exportações para o país mais que duplicaram no Peru e mais que triplicaram no Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Venezuela. A China já ultrapassou os EUA como o maior parceiro comercial do Brasil e do Chile.

O governo chinês está estimulando as empresas a adquirir ativos na África e na América Latina. Em 2009, a China respondeu por 18% do investimento estrangeiro no continente latino-americano, mas ainda é pouco. Em 2008, os chineses aplicaram US$ 43 bilhões na Ásia, US$ 5,5 bilhões na África e US$ 3,7 bilhões na América Latina.

No Brasil, dois grandes negócios foram anunciados recentemente: a State Grid comprou sete concessionárias de energia por US$ 1,7 bilhão, e a Sinochem comprou 40% de um campo de petróleo por US$ 3 bilhões. No mês que vem, o presidente do Banco da Indústria e Comércio da China (ICBC, o maior banco do mundo) estará no Brasil. "É um momento de virada. Deve vir mais investimento e crédito", disse o CEO para as Americas do Standard Bank, Eduardo Centola. O ICBC tem 20% do capital do Standard Bank. Ele explica que o foco do investimento chinês não é só a busca de matérias-primas, mas também novos mercados. Com a crise, EUA e Europa vão crescer menos, e a China precisa diversificar os clientes.

Desafios. Para o Brasil, a invasão chinesa na América Latina impõe desafios. O primeiro é a concorrência em mercados quase cativos. Um exemplo ocorreu no mês passado. Construtoras brasileiras estiveram no Chile para tentar participar das obras de reconstrução das áreas atingidas pelo terremoto que devastou o país. Chegaram tarde. Os chineses já haviam estado por lá com financiamentos imbatíveis.

"A competição com a China na América Latina vai se acirrar. É mais uma razão para elevar nossa competitividade", disse o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.

O segundo desafio é a compra de recursos naturais brasileiros pelos chineses. O País não possui legislação específica para investimentos estrangeiros em setores estratégicos.
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