domingo, 6 de setembro de 2009

COM SINAIS POSITIVOS SOBRE ECONOMIA, G20 MUDA O FOCO DO DEBATE

da Reuters, em Londres
Líderes mundiais de finanças mudaram o foco da luta contra a crise para reformas no setor bancário, diante de mais evidências de que a pior recessão global em décadas está finalmente chegando ao fim.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, pediu exigências mais duras de capital dos bancos, com o objetivo de evitar práticas mais arriscadas de empréstimos que foram apontadas como causa da crise. Outra grande potência do setor bancário, a Inglaterra, apoia a posição dos EUA.
Mas a criação de um consenso mais amplo entre os minitros de Finanças do G20, que se reúnem neste final de semana em Londres, pode ser difícil. A ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, disse que a revisão das atuais regras de capital, conhecidas como Basileia II, deve ser suficiente.
Enquanto o grupo prepara a reunião de chefes de Estado no final do mês nos EUA, houve amplo entendimento em pelo menos um assunto: ninguém tem pressa de retirar o apoio financeiro emergencial até estar certo de que a retomada é sustentável.
"Há o perigo de pessoas dizerem que o trabalho já foi feito e que agora podemos acelerar e voltar ao normal", disse à Reuters o ministro de Finanças inglês, Alistair Darling. "Já cometemos esses erros antes --o mais evidente sendo nos EUA, no final dos anos de 1930, que viram uma recuperação na hora errada e voltaram a cair em recessão de novo."
Fontes do G7 afirmaram à Reuters que o comunicado do G20, que deve ser divulgado no sábado, provavelmente irá reiterar a promessa de manter políticas expansionistas pelo tempo que for necessário.
Em um discurso feito hoje em Berlim (Alemanha), o diretor geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, chamou a atenção para a necessidade de pensar em estratégias claras de saída para a crise.
"Chegou o momento para os dirigentes de desenvolver suas estratégias de saída, já que se não conseguirem desenvolver suas estratégias de saída, se não conseguirem esclarecer e formular seus planos, correm o risco de acabar com a confiança e com o próprio processo de recuperação", afirmou. "Retirar o estímulo cedo demais implica um risco real de tirar a recuperação dos trilhos, com implicações potenciais significativas para o crescimento e o emprego."
Com taxas de juros em recordes de baixa e trilhões de dólares colocados nas economias para driblar a crise, os formuladores de política querem mostrar que eles têm estratégias de saída para que os mercados não temam eventuais ameaças inflacionárias.
O presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, por sua vez, disse que "agora não é o momento de retirar" as ajudas, mas destacou que o banco "tem uma estratégia de retirada e estamos prontos para colocá-la em ação quando for apropriado".
Bric
Líderes de Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro mercados emergentes que compõem as economias do Bric, reuniram-se com Geithner. Em comunicado, os representantes das áreas econômicas do chamado Bric afirmaram nesta que querem ampliar suas cotas gerais do FMI (Fundo Monetário Internacional) e prometeram dar US$ 80 bilhões para reforçar o órgão.
O grupo também apontou que o pior da crise global pode ter ficado para trás, mas é muito cedo para dizer que acabou. Para os países do Bric, o G20 deve continuar a implementar políticas anticíclicas de maneira coordenada.
Bônus
Com o desemprego ainda propenso a crescer por ora, os políticos também estão buscando alguém para culpar e irão enfatizar que os bancos não podem regressar à atividade normal.
França, Alemanha e Grã-Bretanha encaminharam propostas conjuntas para mudar a cultura de bônus nos bancos, o que muitos dizem ter sido a raiz da atual crise.
Outras questões em negociação são garantir que o FMI consiga todos os recursos prometidos na cúpula de abril, realizada em Londres, quando líderes se comprometeram a aumentar em US$ 1,1 trilhão potencial de empréstimo.
O governo dos Estados Unidos também quer tornar as mudanças climáticas um importante tópico na cúpula de Pittsburgh e pedirá aos demais membros do G20 que eliminem subsídios concedidos a combustíveis fósseis e aumentem a transparência do mercado de petróleo.
Folha Online- 04/09/2009

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