Economia
SÃO PAULO, 9 de setembro de 2009 - A crise financeira mundial, que até alguns meses assustou a todos, diminuindo a atividade econômica nos países desenvolvidos e derrubando a cotação das commodities, trouxe para o Brasil a necessidade de redução efetiva da taxa de juros básica da economia, como uma das medidas para amenizar os efeitos nocivos que uma crise como esta pode proporcionar. Porém, o mais importante foi que o Copom baixou os juros básicos a níveis que não se imaginavam no passado, pois a cada crise a resposta era alta dos juros para não afastar as reservas em moeda forte.
"A redução feita desde novembro do ano passado modificou a estrutura da taxa de juros no País, reduzindo a diferença entre a inflação e os juros para patamares mais próximos as que são praticadas em outros países", comenta Mauro Giorgi, gestor de recursos da Hera Investment.
Para ele, a primeira constatação é que a renda variável passa a ter uma competição mais coerente, apesar do imposto de renda sobre o ganho em ações ainda ser uma distorção. Na visão do especialista, a conseqüência é que pode haver uma maior atração de investidores que buscam um pouco mais de risco e rentabilidade.
Giorgi afirma que as estratégias de gestores de recursos na criação de produtos para os novos investidores do mercado de ações será muito importante para fidelizá-los e cativá-los. "Vejo que o Brasil pode chegar em curto espaço de tempo a números próximos aos seus pares em desenvolvimento, quanto a investidores nacionais detentores de fatias de empresas, o que democratiza ganhos, eleva a capacidade de captação de recursos mais baratos, e atrai mais investimentos produtivos", diz.
Mauro acredita que a grande transformação se dará na renda fixa. Como primeira e já bastante alardeada mudança, a elevação ao nível de investimento rentável será na popular, em todos os sentidos, caderneta de poupança, avisa o economista. De acordo com ele, para o investidor de pequeno e médio porte, entre R$ 10 mil e R$ 100 mi, as taxas de administração cobradas por administradores e gestores de recursos na renda fixa eram compatíveis, ou aceitas, para uma estrutura de juros acima da casa de 10% a.a. líquidos.
Com a taxa Selic atual a 8,75% a.a. e taxas de administração e gestão cobradas acima de 1% a.a., a caderneta de poupança é mais rentável, levando-se em consideração a isenção fiscal da mesma. Mauro Giorgi considera que esse panorama condiz com uma rentabilidade real, acima da inflação, com elevada dose de segurança.
Porém, as mudanças na renda fixa são maiores para um investidor com um aporte mais elevado, ou seja, acima de R$ 100 mil. Acostumado a uma margem próxima a 100%, esse indivíduo terá que assumir riscos para manter a rentabilidade, pois somente a iniciativa privada oferecerá taxas compatíveis com ganhos reais mais robustos, avalia o especialista.
Segundo Giorgi, as conseqüências para essa tentativa de manutenção de ganhos reais serão as mais diversas. "O primeiro efeito será a redução da remuneração dos administradores e gestores. O segundo será a criação de novos produtos, sempre embutindo uma nova dose de risco. E o terceiro será o crescimento de um mercado maior e mais forte de títulos privados de renda fixa, mas da mesma maneira embutindo nova e às vezes elevada dose de risco", finaliza.
(SSB - Agência IN)
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