terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dólar sobe 2,1% e bolsa cai com IOF sobre capital estrangeiro

Economia


No início da tarde Bovespa já operava com baixa de mais de 4%

Diante da cobrança de imposto sobre o capital estrangeiro, que entrou em vigor nesta terça-feira, o dólar comércial encerrou o dia com alta de 2,10%, a R$ 1,748 – a maior variação diária desde junho.

A mudança também prejudicou os negócios na bolsa. O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou o dia com queda de 2,88%.

A cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi anunciada na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os investimentos estrangeiros em bolsa e títulos do governo foram taxados em 2%.

Mantega disse nesta terça-feira que um dos objetivos da medida é evitar uma "bolha" na bolsa de valores e, em consequencia, a "sobrevalorização do real". Segundo ele, "daqui a pouco vamos estar importando tudo e não exportando nada".

O ministro disse ainda que o impacto da cobrança do IOF será suficiente para "atenuar" a valorização da moeda brasileira, mas que não será possível evitá-la.

"Acredito que (as medidas) nas vão evitar a valorização do real porque ele reflete a força da economia", disse Mantega, depois de participar de um evento em São Paulo.

Excesso

O diretor excutivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, diz que a medida é "frágil", pois a atual valorização do real não é apenas reflexo do "excesso" de dólares no país.

"Esse excesso o Banco Central está comprando. Inclusive, o Banco Central está retirando do mercado mais do que o excedente", diz.

Segundo ele, o dólar vem caindo também em função das operações dos bancos no país. "As instituições estão com posição vendida (apostam na queda do dólar) e acabam operando de forma que forçam a desvalorização da moeda americana", diz.

Ainda na avaliação de Nehme, a cobrança do IOF tem impacto "parcial" diante da "estrutura" dos grandes bancos de investimento internacionais. "São instituições com estrutura para driblar, de forma lícita, o pagamento desse tipo de imposto", diz.

Ele lembra que, em março do ano passado, o governo adotou medidas parecidas, como a cobrança de 1,5% de IOF sobre investimentos estrangeiros em renda fixa. "Meses depois o dólar já estava caindo", diz.

Nos dia seguinte ao anúncio da medida, a moeda americana fechou em R$ 1,69. Quatro meses depois, o dólar comercial valia R$ 1,58.

Recuperação

O atual ritmo de valorização do real começou em março, mês em que os indicadores econômicos no país mostraram os primeiros sinais de recuperação frente à crise financeira.

Com os bons resultados da economia brasileira, investidores estrangeiros voltaram a procurar investimentos no país, sobretudo na bolsa de valores e em títulos públicos.

De janeiro a outubro deste ano, as entradas de dólares superaram as saídas em US$ 4,418 bilhões, segundo dados do Banco Central. No mesmo período do ano passado houve déficit de US$ 29,465 bilhões.

Em relatório divulgado a seus clientes nesta terça-feira, agência de classificação de risco Moodys diz que o Brasil é "vítima de seu próprio sucesso".

"O Brasil se tornou a economia emergente mais atraente, não apenas por ter se recuperado da crise financeira, mas também em função de perspectivas promissoras. O país é visto como a nova estrela da América Latina", diz o documento, justificando o ingresso de dólares no país.

A agência diz ainda que medidas como a anunciada ontem pelo governo brasileiro têm "apenas efeitos de curto prazo" e que "tendem a desaparecer com o tempo, na medida em que os investidores se acostumam com ela".

Fabrícia Peixoto


Da BBC Brasil em Brasília

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