domingo, 21 de junho de 2009

''O bode na sala é o spread''

ENTREVISTA
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Guido Mantega: Ministro da Fazenda
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David Friedlander e Leandro Modé _
A queda de braço entre o governo e os bancos privados por causa do spread (diferença entre o custo que o banco paga na captação do dinheiro e o juro que cobra do cliente) esquentou. Depois de muita pressão, as instituições financeiras passaram a dizer que desejam baixar o spread, mas não conseguem em razão do peso elevado dos impostos e do depósito compulsório em seus custos. Nesta entrevista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, contesta esse argumento sem fazer rodeios. "Os bancos têm margem para baixar o spread sem precisar de redução da cunha fiscal ou do compulsório", afirma.
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Bem-humorado com o desempenho acima da média do Brasil na crise econômica global, Mantega só mostra desconforto quando fala do câmbio e das mudanças anunciadas para a caderneta de poupança. No primeiro caso, afirma que está preocupado mas, no momento, não há nada a fazer. Sobre a poupança, deu a entender que o anúncio de mudanças nas regras é complicado, assusta as pessoas e trouxe algum desconforto ao governo. A seguir, os principais trechos da entrevista.
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A última ata do Copom (Conselho de Política Monetária) diz que o espaço para redução dos juros básicos da economia ficou menor...
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Com uma taxa de 9,25%, é óbvio que ficou menor. Uma das funções do Banco Central é mostrar que está sempre atento à inflação. O BC não pode dizer que vai baixar os juros, mas o fato é que está baixando.
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Essa redução poderia ser mais rápida?
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O custo financeiro no Brasil continua muito alto. É uma distorção em relação ao que acontece em outros países. A grande anormalidade é que os spreads (diferença entre o custo que o banco paga na captação do dinheiro e o juro que cobra do cliente) são muito altos no País. O consumidor brasileiro paga juros absurdos. Mas estamos caminhando. A vantagem é que antes havia três bodes na sala: tiramos dois, mas sobrou um.
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O senhor está falando do spread?
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O bode na sala é o spread. As instituições financeiras dizem que querem se garantir contra a inadimplência, mas abusam. Fora os períodos de crise, quando ela aumenta mesmo, nossa inadimplência é normal. Mas ela é superestimada pelas instituições financeiras. Existe também um pouco de concentração no setor financeiro. Antes da crise, o spread era muito menor. Mas os bancos ficaram com medo e chutaram para cima. No Brasil, como já há um exagero, ficou um exagero e meio.
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Os banqueiros dizem que o spread é alto por causa dos impostos que pagam e do compulsório que são obrigados a recolher. O governo pensa mexer nisso?
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Os bancos têm margem para baixar o spread sem precisar de redução da cunha fiscal ou do compulsório. O compulsório já diminuiu bastante nesta crise, nós liberamos mais de R$ 100 bilhões. Aliás, diga-se de passagem, na composição do spread 36% é a possibilidade de inadimplência. Evidentemente, isso está superestimado. Eles costumam prever uma inadimplência maior e com isso cobrar uma taxa maior. Outra é a margem de lucro. Os bancos brasileiros estão bem acostumados a ter margem de rentabilidade elevada.
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Não tenho nada contra isso, mas acho que aí tem espaço para diminuir.Na sua opinião, quanto seria possível diminuir?
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Da composição do spread, a cunha fiscal dá 7% a 8%, o compulsório não dá 3%, 36% é inadimplência e, se não me engano, 24% é custo administrativo. No custo administrativo tem a margem do banco. Então, quase 60% é risco de inadimplemento e mais custo administrativo.
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E por que os bancos não baixam o spread?
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É preciso ter concorrência. Hoje, mais de 70% do crédito é atendido por sete ou oito grandes bancos. O governo precisa criar condições para que haja concorrência. A queda da Selic (a taxa básica de juros) ajuda. A ação dos bancos públicos também. Eles estão liderando o processo de aumento do crédito e de redução de juros. Acho que está surtindo efeito. Pela primeira vez, percebo que os concorrentes (os bancos privados) estão sentindo essa agressividade que não existia antes.
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Além de mobilizar os bancos públicos, que mais o governo pode fazer para aumentar a concorrência no mercado financeiro?
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Pode fortalecer os bancos pequenos e médios. Já fizemos isso. Não deixamos que os bancos pequenos saíssem do mercado. Agimos para permitir aos bancos públicos adquirir instituições financeiras sem maiores problemas e direcionamos o compulsório para a compra de carteiras de bancos menores. Nós sabemos que os bancos menores sofreram saques, a saída de fundos, alguns bancos tiveram a reputação afetada por problemas de derivativos... Tudo isso foi superado. E agora vamos fazer o fundo garantidor de crédito para a pequena e média empresa.
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O governo desistiu de mexer na fórmula da poupança?
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Nós buscamos fazer a menor mudança possível. É que as coisas são complicadas. Vocês já viram a fórmula da TR (Taxa Referencial de Juros)? É complicadíssima. Só um grande especialista consegue entender. Você não consegue comunicar, transmitir isso à população. Aí aparece o uso político com gente querendo desinformar (a oposição disse que o governo quer acabar com a caderneta de poupança). Então, escolhemos o caminho da menor mudança possível.
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É por isso que o governo anunciou e depois não falou mais no assunto?
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Foi anunciado e foi dito que a medida de aumento de tributação é para o ano que vem. Temos tempo para entrar no Congresso. O projeto está pronto, não tem nenhum segredo. Cria o Imposto de Renda, tem lá um desconto e tal. A tributação é pequena. E o contribuinte vai declarar em 2010 e pagar em 2011. A poupança vai continuar sendo uma das melhores opções de investimento. Cerca de 99% das cadernetas têm até 50 mil de aplicação e aí não muda nada.
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Já está havendo alguma migração dos fundos de investimento para a poupança. _Não é perigoso para o financiamento da dívida pública?
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Não preocupa porque não está havendo fuga do Tesouro (refere-se aos títulos públicos).
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O câmbio preocupa o senhor?
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Sim, o câmbio preocupa. Do jeito que está, diminui a competitividade de nossas exportações e pode trazer um fluxo de importações indesejado. Essa parte é objeto de observação. Se for necessário, faremos medidas para atenuar. Agora, o câmbio flutuante é um regime positivo. Tem hora que ele flutua para um lado, tem hora que flutua para outro. O que não pode é flutuar só para um lado. Hoje, o excesso de valorização prejudica o País. E aí começa a preocupação. Mas estamos comprando mais reservas. O Brasil se deu muito bem comprando reservas. Foi uma estratégia que introduzimos no governo a partir de 2006 quando me tornei ministro da Fazenda, foi uma das primeiras questões que levei ao presidente Lula e ao Henrique Meirelles (presidente do BC).
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Qual seria uma taxa ideal hoje?
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Não tem taxa de equilíbrio. A taxa de equilíbrio é aquela que é resultado das transações do mercado. O governo não trabalha com taxa de equilíbrio e não tem meta de câmbio.
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Os juros altos não contribuem para encher o mercado brasileiro de dólares?
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Acho que potencialmente um diferencial de taxas de juros poderá no futuro fazer isso. No momento, não acho que cause esse impacto. Mas vamos separar as coisas. Existe uma valorização do real produzida diretamente pela desvalorização do dólar. Não há o que fazer. É o Barack Obama (presidente dos EUA) que precisa agir. Uma valorização um pouco maior do real em relação a outras moedas se deve também a virtudes da economia brasileira. Nosso mercado de capitais é mais sólido, tem regras mais claras e tem mais liquidez do que o mercado de capitais indiano, chinês e russo. Isso provoca entrada maior de capitais no Brasil. Isso também valoriza o câmbio.
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A arrecadação caiu sete meses seguidos e os gastos correntes continuam subindo. Como fechar essa conta?
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O governo vai cortar gastos? A queda da arrecadação era esperada porque está diretamente relacionada com o nível de atividade econômica. E nós tivemos uma retração. Além disso, fizemos desonerações (tributárias). Elas têm um impacto. Vamos fazer um superávit menor, mas calibramos isso de modo que a nossa dívida não cresça. A nossa dívida pública está estabilizada. Ela estava em 36% (do PIB) e foi para 39,8% porque tiramos a Petrobrás do cálculo. No ano que vem será menor. Quando a economia retomar, vamos voltar a ter arrecadação. Temos uma situação confortável que nos permite esse período em que estamos gastando mais. O gasto do governo é bom para a economia, ativa a economia.Estamos mantendo os investimentos, mantivemos todos os programas sociais e as despesas do governo. Então vai haver um certo desequilíbrio este ano que poderá até nos levar a cortar mais gastos correntes. Foi o que o Paulo Bernardo (ministro do Planejamento) falou. Se continuar havendo frustração de arrecadação, poderemos vir a cortar gastos correntes dos ministérios.
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Que tipos de gastos podem ser cortados?
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Gastos correntes dos ministérios. Não vamos mexer no Bolsa-Família, não mexeremos nos investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas os demais gastos podem ser adiados. Nós já fizemos um contingenciamento e talvez tenhamos de fazer alguma restrição a mais para equacionar essa situação.
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O governo estuda desonerar a folha de pagamentos?
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São medidas clássicas, que sempre estarão em estudo. Porque o Brasil tem um custo de folha mais elevado que outros países, então é algo que sempre está na nossa alça de mira. No projeto de reforma tributária, está prevista a redução de 1% da contribuição previdenciária por ano, até chegar a diminuir para 6%. Poderemos antecipar alguma coisa, em vista do cenário que temos, mas aí temos de olhar o custo. Cada 1% de redução custa R$ 3,8 bilhões por ano. É bastante, mas não estamos descartando nada.
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E os outros setores? Todos estão pedindo...
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Todos os setores empresariais sempre pediram. Mas o governo não se influencia pela pressão de setores. Quem teve a ideia de fazer a redução do IPI fomos nós, não foram eles. Ontem (quarta-feira) fizemos uma avaliação com o Jackson Schneider (presidente da Anfavea) e ele acha que, graças a esse programa de desoneração de IPI, eles venderam 250 mil carros a mais. Nós perdemos IPI, mas em compensação pagamos menos seguro desemprego, aqueles funcionários que continuaram ganhando salário consumiram, pagaram outro tipo de tributo, houve compensações. Se você deixa a economia cair, se deixa o nível de atividade desacelerar, a arrecadação vai cair mais ainda.
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O aumento da alíquota sobre a importação do aço não vai contra o próprio discurso do presidente Lula, de que num momento como este não deveria haver medidas protecionistas?
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Com a crise, a indústria do aço no mundo caiu 50% e agora tem gente de outros países querendo exportar aço até a preço de custo. Nós observamos isso criteriosamente, esperamos a indústria nacional baixar o preço, eu quis ver as faturas e aí nós subimos 12% (o imposto de importação). É uma medida que a OMC (Organização Mundial do Comércio) aceita e não dá para deixar nosso mercado ser invadido por exportações de baixo custo de outros países.
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O senhor e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, sempre foram associados a uma política chamada de desenvolvimentista, voltada para a produção. E isso entrou na agenda até dos liberais mais convictos...
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Nós não somos estatistas. Sou desenvolvimentista sim, mas dos anos 2000, e não dos anos 60, ou dos anos 70. Moderno, dinâmico. A gente só entra onde o setor privado precisa de um impulso. Depois, ótimo. O Estado não precisa ficar, a não ser em certos setores, que precisam ficar vigiados. O setor financeiro é um deles, porque é uma concessão. Foi no setor financeiro que os Estados Unidos comeram bola, cometeram erros que estão corrigindo hoje com essa regulamentação extremamente positiva, que já temos no Brasil. Por isso nosso sistema é mais sólido.
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Qual o plano para todas essas participações em empresas em crise que o BNDES está comprando? É vender depois ou permanecer como acionista?
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No passado o BNDES precisou ajudar na implementação de alguns setores, ele floresceu e aí vocês vende as ações (das empresas do setor). Aliás,o BNDES tem lucrado muito com aquilo que fez no passado, o que significa que fez só coisas positivas. Quando estava no BNDES, me lembro que o lucro em 2003 tinha sido R$ 1,4 bilhão. Em 2004, foi de R$ 3,3 bilhões e daí para a frente só tem crescido. Portanto, só faz coisas sólidas. Os bancos públicos vieram para ficar, são atores econômicos importantes hoje e trabalham com princípios de eficiência, responsabilidade e produtividade. São lucrativos, eu faço exigência de metas de produtividade. A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil são instrumentos de política econômica e dessa participação do Estado estimulando a infraestrutura. Nós estávamos defasados em infraestrutura e os investimentos não vinham espontaneamente do setor privado. O governo precisou dar um impulso. Mas nós não somos estatistas.

Arquitetura brasileira marcará presença na Expo Xangai

Maquete _ O pavilhão brasileiro na Expo Xangai 2010 terá externamente paredes côncavas sugerindo o movimento das Cidades Pulsantes, tema do País no evento. Internamente, grandes painéis com vídeos e fotos apresentarão cenas urbanas e a diversidade humana do Brasil, haverá um espaço interativo sobre a Copa do mundo e uma grande área flexível destinada aos expositores. Detalhes do pavilhão poderão ser vistos pelos brasileiros em breve, no website do Brasil na Expo 2010.
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A Exposição Universal de Xangai em 2010 será o maior evento internacional no qual a arquitetura brasileira marcará presença, como parte do programa de internacionalização do setor que a Apex-Brasil desenvolve em parceria com a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA). A entidade organiza a participação de escritórios especializados em arquitetura sustentável no evento, que tem como tema Desenvolvimento Urbano com Qualidade de Vida.
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“Há muita afinidade entre o tema do evento e vários trabalhos de arquitetura e urbanismo desenvolvidos no Brasil, vamos procurar mostrar isso lá fora”, conta o presidente da AsBEA, Ronaldo Resende.
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O primeiro grande desafio colocado à AsBEA, pelo programa de internacionalização, entretanto, foi organizar o concurso que escolheu o projeto arquitetônico para o estande brasileiro na Expo Xangai, onde o País ocupará um pavilhão inteiro de 2.000 m2.
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“Foi um grande desafio, que só conseguimos superar porque a AsBEA aglutina empresas especializadas em todas as áreas da arquitetura”, diz Resende.
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Do total de 350 empresas de arquitetura convidadas a participar do programa de internacionalização e da Expo Xangai 2010, 61 empresas aderiram ao convênio e, dessas, dez manifestaram interesse em concorrer ao projeto do pavilhão brasileiro. Uma vez apresentados os elementos básicos que o pavilhão deveria conter – entre os quais um restaurante, uma loja, área administrativa, um auditório e um amplo espaço flexível para exposições –, os candidatos foram demandados a elaborar o projeto conceitual básico, a partir do tema “Cidades Pulsantes”, escolhido pelo Brasil. Três empresas apresentaram suas propostas e o projeto vencedor foi o do escritório Fernando Brandão Arquitetura + Design, que concorreu com a empresa Tria Sistemas de Arquitetura e a Nexo Arquitetura e Construções.
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Com uma equipe de 12 pessoas e 20 anos de experiência em design de interiores e em arquitetura efêmera de feiras e exposições – entre as quais o estande brasileiro no Festival de Criatividade de Florença --, o escritório vencedor tem entre suas obras mais conhecidas os interiores de todas as livrarias Cultura do País, além de várias instalações do Serviço Social do Comércio (SESC). Além da originalidade, versatilidade e qualidade artística do projeto, a experiência pesou na hora da escolha. “Precisávamos ter certeza de que fosse uma empresa capaz de realizar o projeto no prazo”, explica Resende.
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Fonte: APEX BRASIL

Dólar fecha estável, mas sobe 2,5% na semana

SÃO PAULO - O dólar comercial ensaiou um pregão de baixa contra o real, mas as vendas perderam força no final do pregão, conforme a instabilidade aumentou no cenário externo e o Banco Central apresentou o resultado de seu leilão de swap.
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Com isso, o dólar comercial fechou o dia valendo R$ 1,971 na compra e R$ 1,973 na venda, sem alteração sobre o fechamento de ontem. Mas na semana, a divisa subiu 2,55%, encerrando uma sequência de quatro semanas consecutivas de baixa. No mês, a divisa tem leve alta de 0,15%, enquanto no ano, a desvalorização está em 15,46%.
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Na roda de "pronto" da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), a moeda subiu 0,10%, encerrando, também, a R$ 1,973. O giro financeiro na bolsa foi de US$ 73,75 milhões, menos da metade do registrado ontem. No interbancário, o volume continuou baixo, próximo de US$ 1,2 bilhão.
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Segundo o diretor da Pioneer Corretora, João Medeiros, a formação de preço do real continua intimamente ligada ao que acontece lá fora. "Continua a dança das moedas. Se sobe o euro, o real sobe. Se cai o euro, o real recua."
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Ainda de acordo com Medeiros, a queda nos volumes negociados também ajuda a aumentar a instabilidade na formação da taxa, pois qualquer operação de maior porte distorce o preço. O especialista também aponta que, agora em junho, o volume físico de exportação é maior que o câmbio contratado, ou seja, as empresas estão performando com a moeda já trazida ao país. Isso ajuda a explicar as menores cifras de exportação.
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Medeiros acredita que o Banco Central deve manter suas atuações diárias do mercado de câmbio, comprando não apenas o excedente de moeda, mas tirando dólares que estão no caixa dos bancos.
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Estimativas informais sugerem que, nessa semana, a posição compradas das instituições financeiras caiu em mais US$ 500 milhões. Além do componente externo, os agentes também lidaram com mais um leilão swaps do BC. Quem participa do leilão ganha com a variação positiva na taxa de câmbio, por isso tem interesse em preço baixo até a efetivação da operação. Mas finda essa etapa, quanto maior o preço, melhor.
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Na operação de hoje, a autoridade monetária vendeu 56% do lote ofertado, movimentando US$ 351,8 milhões. Ontem, a rolagem dos swaps somou US$ 1,09 bilhão.
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Para Medeiros, a postura mais correta por parte do BC seria liquidar os contratos, mas ao rolar os vencimentos a autoridade monetária adota uma postura mais cautelosa, dando mais prazo para os bancos ajustarem suas contas aos possíveis vencimentos externos.
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(Eduardo Campos Valor Online)

Brown apoia reforma do setor financeiro, mas descarta centralização

_ LONDRES - O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, apoiou ontem a reforma do sistema de supervisão financeira, mas afirmou que não passará o poder de decisão sobre as responsabilidades orçamentárias para as autoridades supranacionais, em caso de problemas em alguma entidade. _ Em declarações dadas a jornalistas, antes de se reunir com os 27 líderes dos países da União Europeia, Brown insistiu na necessidade de estabelecer um novo marco de vigilância do setor financeiro, tanto na UE como no resto do mundo, para evitar que os erros que desencadearam a atual crise se repitam.
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Segundo o primeiro-ministro britânico, os 27 países do bloco devem melhorar os mecanismos de detecção de ameaças à estabilidade financeira, aumentar a cooperação entre os países e garantir que os modelos e regras comuns sejam aplicadas efetivamente.
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Por isso, Brown afirmou que apoia a criação de um novo Conselho Europeu de Riscos Sistêmicos - encarregado de emitir alertas e recomendações caso detecte riscos à estabilidade do sistema Financeiro da UE.
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Na opinião do premiê, um órgão como este poderia ter evitado "algumas das coisas que aconteceram" na atual crise.
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O Reino Unido também concordou em melhorar a supervisão além de suas fronteiras, algo cada vez mais necessário, dada a crescente integração do setor financeiro europeu, além de querer reforçar a legislação comum sobre o assunto. No entanto, a região não admitirá que as autoridades nacionais percam capacidade de decisão em questões que possam afetar o orçamento do país.
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Segundo a proposta feita pela Comissão Europeia (CE, braço executivo da UE) e que foi ser discutida ontem pelos líderes do bloco, as novas autoridades europeias de supervisão - para os setores bancário, de seguros e financeiro - se encarregarão, entre outras tarefas, de fazer mediações entre os organismos nacionais de supervisão.
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Uma minoria de países, liderados pelo Reino Unido, teme dar a última palavra de decisão a essas autoridades, como a de dividir as responsabilidades em caso de quebra de uma entidade presente em vários países.
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Mas, como lembrou Brown, o Conselho de Ministros de Finanças da União Europeia (Ecofin) já concordou que o Executivo terá que esclarecer esta questão quando for apresentar as propostas legislativas concretas, no semestre que vem, garantindo que esses poderes "não deixarão as responsabilidades fiscais dos Estados-membros vulneráveis
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DCI- 19/06/09 INTERNACIONAL

BNDES pode lançar sistema de controle da cadeia agropecuária

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Agência Brasil _ _
RIO DE JANEIRO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá adotar um sistema de rastreabilidade e controle para a cadeia agropecuária, de modo a aperfeiçoar os critérios de financiamento ao setor frigorífico. “Nós estamos trabalhando para melhorar”, afirmou nesta sexta-feira (19), sem, contudo, fornecer maiores detalhes, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Ele acrescentou apenas que serão desenvolvidos sistemas específicos com essa finalidade.O BNDES tem sido alvo de críticas por financiar frigoríficos acusados de comprar gado de áreas desmatadas. Coutinho reiterou a preocupação do banco em exigir das empresas o compromisso com o meio ambiente. “E cobramos esse compromisso”, disse.
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O presidente do BNDES fez questão de esclarecer que não cabe ao banco exercer o papel de fiscalização em relação às fazendas de gado, para saber se elas estão cumprindo a lei ambiental. Esse trabalho, afirmou, deve ser feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelas entidades locais de meio ambiente.
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Coutinho afirmou que “é um pouco de covardia que exijam que o BNDES, que tem 2.000 funcionários aqui no Rio de Janeiro, consiga controlar [os pecuaristas] lá na ponta, no interior dos estados”. Para ele, a cobrança e a vigilância são legítimas e a sociedade brasileira deve permanecer atenta às questões do meio ambiente. E que o banco conta com o auxílio da população e das organizações não governamentais para exigir das empresas apoiadas a observância dos compromissos ambientais.
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DCI- FINANÇAS 19/06/09

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Europa pressiona China por incentivos federais

INTERNACIONAL
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PEQUIM - A China está seguindo adiante com os esforços de assegurar que seu pacote de estímulo beneficie as empresas domésticas. A medida fez com que a Comissão Europeia (CE, braço executivo da União Europeia) anunciasse ontem que buscará esclarecimentos do país sobre a ordem "Buy China" ( Compre da China). "Estaremos examinando os detalhes nas diretrizes e buscando mais esclarecimentos", disse o porta-voz da comissão Amadeu Altafaj Tardio.
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A ordem das agências, enviada em 26 de maio mas publicada no site da comissão apenas este mês, faz parte de uma ampla investida nos últimos meses para estimular a compra local por autoridades, que de forma sutil vêm indicando que a maior parte do pacote de estímulo de 4 trilhões de iuanes (US$ 588 bilhões) visa empresas domésticas. "A não ser em casos em que produtos ou serviços não estejam disponíveis domesticamente ou não possam ser obtidos sob condições de negócios razoáveis, produtos domésticos devem ser comprados para o programa de investimento do governo", afirma a ordem oficial.
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A ordem indica ainda que as compras feitas por governos locais vinham favorecendo fornecedores estrangeiros. Em uma parte de perguntas e respostas que acompanhou o documento, uma autoridade do governo não identificada disse que as medidas eram necessárias para ajudar o setor de maquinários da China.
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A ordem acontece no momento em que autoridades chinesas vêm reclamando em fóruns internacionais que as empresas chinesas no exterior são vítimas do protecionismo. O esforço curto dos EUA para inserir uma cláusula Buy American (Compre da Americano) no pacote de estímulo dos Estados Unidos recebeu críticas da China.
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DCI- Internacional -18/06/09

Preço agrícola deve subir mais em 10 anos

18/06/09 - 00:00 > AGRONEGÓCIOS Agência Estado _ SÃO PAULO - Os preços agrícolas mundiais vão continuar em alta durante os próximos dez anos sem que cheguem ao pico alcançado durante a crise alimentar de 2006-2008, indicaram a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (ICDE) e a agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em seu informe anual sobre as Perspectivas Agrícolas, publicado ontem. Neste ano, os preços agrícolas mundiais estão em níveis elevados, mas sem repetir a escalada ocorrida entre 2006 e 2008, o que foi motivo de protestos sociais em diferentes partes do mundo.
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Durante os próximos dez anos, os preços de alimentos devem aumentar entre 10% e 20% em termos reais em relação à média de 1997-2006, enquanto que os das carnes se estabilizará, destaca o estudo. Para 2018, o preço dos produtos lácteos deverá ser levemente mais elevado que o registrado durante o período 1997-2006. Mas, apesar das importantes consequências da crise mundial e da recessão econômica em todos os setores, os especialistas citam uma melhoria relativa da agricultura.
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DCI -18/06/09 - AGRONEGÓCIOS

Demanda por crédito pelas empresas voltou a subir, diz Coutinho

BANCOS PanoramaBrasil 18/06/09 -
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BRASÍLIA SÃO PAULO - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse ontem que a consulta das empresas para contração de novos empréstimos voltou a crescer em maio, depois da queda verificada no começo do ano."
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Houve uma redução de consultas, o que me preocupou, mas isso já voltou a crescer", disse o presidente do banco. Ele afirmou que espera, assim, manter a meta de ultrapassar o valor de R$ 100 bilhões em empréstimos neste ano.
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Coutinho afirmou também que a instituição já possui R$ 15 bilhões para empréstimo de capital de giro, que serão utilizados para compensar a redução desse crédito por causa da crise.
Desse valor, R$ 3 bilhões fazem parte da linha para empréstimos a construtoras dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Ele destacou também a queda nos juros dessas linhas, devido à redução na taxa cobrada pelo Tesouro Nacional ao repassar o dinheiro para o BNDES. As taxas passaram de 14,5% ao ano para 10,25% ao ano, sem considerar o spread (a diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados por eles nos empréstimos feitos a clientes) no repasse pelos bancos, que varia de 3% a 4%.
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O presidente do BNDES afirmou que há demanda por todos esses recursos, mas disse esperar que a retomada dos empréstimos no sistema financeiro possa reduzir essa procura. "Estamos quebrando um galho este ano. Mas a missão do BNDES é emprestar recursos de longo prazo associados a investimentos", disse.
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Serasa
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Outro sinal de que a demanda por crédito está em alta foi dado pela pesquisa da Serasa Experian. A demanda das empresas brasileiras por crédito aumentou em maio, pelo terceiro mês consecutivo. O Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por crédito registrou crescimento de 5,5% em maio, frente ao mês anterior."
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Foi a terceira alta mensal consecutiva na demanda das empresas por crédito, sinalizando consistência da atual trajetória de recuperação da atividade econômica a partir do segundo trimestre de 2009", afirmou a instituição em nota. Frente ao mesmo período do ano passado, no entanto, foi verificado um recuo na busca por crédito de 4,6%, a menor queda em três meses. No acumulado dos cinco primeiros meses, a retração anual foi de 7,6%.
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Na análise regional, o Nordeste foi a região que apresentou o maior crescimento mensal do indicador em maio, com alta de 16,8%, seguido da Região Centro-Oeste, cuja elevação foi de 11,8% e da Região Sul, com avanço de 10,7%. Em contrapartida, no Sudeste houve pouco crescimento: 0,5%.
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O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ontem que a consulta das empresas para novos empréstimos voltou a crescer em maio, depois de queda no começo do ano.
DCI

Comércio com parceiros do BRIC cresce 500% em seis anos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do primeiro encontro dos países do BRICs (grupo que reúne Brasil, Rússia, India e China), em Ecaterimburgo (Rússia), que busca uma maior integração entre os quatro maiores países emergentes. O presidente concedeu entrevista à agência russa Itar-Tass sobre a cúpula, na qual comentou a importância do grupo nas negociações para democratizar as instituições internacionais, como o FMI. Veja abaixo os principais trechos.
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BRICs – “O Brasil já tem relações estratégicas com a Rússia, com a Índia e com a China e, além de aprofundá-las no plano bilateral, acredita que o espaço dos BRICs permite reflexão e atuação conjuntas mais amplas, sobre vários dos temas mais importantes da atual agenda internacional. Entre eles, a necessidade de reforma das instituições multilaterais, financeiras e políticas, uma das prioridades para o Brasil. A atual crise econômica já abriu o debate no campo econômico-financeiro, como demonstram os resultados da recente Cúpula do G20, em Londres. Naquela ocasião, os BRICs já atuaram de forma coordenada e devem manter essa articulação em defesa de mudanças no processo decisório e de governança das instituições internacionais, capazes de permitir respostas mais eficazes a turbulências globais e a prevenção de desmandos como os que determinaram a atual crise. “
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Vencer a crise – “Independentemente da conjuntura, a vitalidade das economias e a dimensão dos mercados internos dos países do grupo são armas poderosas e indispensáveis em matéria de crescimento global. Poucos países podem oferecer essa contribuição para o crescimento sustentável que desejamos. Os dados mostram que essa força já está contribuindo para atenuar os efeitos da recessão global e indicam que os BRICs continuarão na linha de frente na retomada do crescimento, assim como deram contribuição indispensável para o dinamismo da economia internacional ao longo dos últimos anos. Cabe lembrar que, desde 2003, as economias do Brasil, Rússia, Índia e China foram responsáveis por 65% do crescimento mundial. Em 2008, por exemplo, o intercâmbio comercial do Brasil com os três parceiros do grupo alcançou a cifra de US$ 49 bilhões, o que representa um crescimento de 500% na comparação com 2003.”
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Conselho de Segurança – “O Brasil defende como urgente e prioritária a reforma das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança. Ainda que neste tema seja mais difícil obter consensos, inclusive entre os BRICs. (...) O que o Brasil quer é que a composição dos membros permanentes do Conselho venha a refletir a atual realidade mundial, e não seja mais o resultado de um equilíbrio de forças do final da década de 40. evidentes, não tenham acesso à condição de membros permanentes do CSNU.”
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Dólar – “Brasil e Argentina, por exemplo, já utilizam suas moedas locais nas operações de importação e exportação. Isso não significa eliminar o dólar, que ainda pode ser utilizado pelos agentes econômicos que queiram continuar a utilizá-lo. Mas oferece uma possibilidade de baratear as operações de compra e venda entre empresas dos dois países, ao eliminar o custo da intermediação cambial pelo dólar. A experiência é recente, e já demonstra ser viável, mas isso não se faz da noite para o dia. Demanda uma longa negociação e muito empenho, já que se trata de um assunto de grande complexidade técnica.” _
Editado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da RepúblicaNº 825 - Brasília, 16 de Junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Agronegócio registra o maior superávit do ano em maio, de US$ 5,3 bi

15/06/09 - AGRONEGÓCIOS
PanoramaBrasil BRASÍLIA - A balança comercial do agronegócio do mês de maio registrou o maior superávit do ano: R$ 11,07 bilhões (US$ 5,3 bilhões). Baseado nesse valor, a estimativa do governo é a de que a renda agrícola em 2009 alcance R$ 155,2 bilhões para as vinte principais lavouras. A estimativa é 3,8% menor em valores reais que a obtida em 2008, de R$ 161,3 bilhões. Apesar da renda deste ano ser inferior à de 2008, ainda é a segunda maior desde o início desta série estatística, iniciada em 1997.
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"Os preços agrícolas de alguns produtos tendem a se recuperar nos últimos meses", diz José Garcia Gasques, coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura. "Mantendo-se esse comportamento é de se esperar que continue havendo aproximação entre as estimativas de renda de 2008 e de 2009"
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.O saldo acumulado da balança comercial nos últimos 12 meses é de US$ 57,1 bilhões, montante 7,4% superior ao valor exportado no período de junho de 2007 a maio de 2008. Resultado das exportações de US$ 68,6 bilhões, menos as importações de US$ 11,5 bilhões.
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Com referência ao mês passado, as exportações totalizaram US$ 6,024 bilhões, uma redução de 20,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já as importações tiveram retração ainda maior (-26,8%), somando US$ 649 milhões. A comparação com maio de 2008 acentuou os desempenhos retroativos, pois na época o fluxo de comércio apresentou movimento acima da tendência sazonal em razão da regularização de embarques não registrados em março e abril daquele ano, devido à operação padrão de auditores fiscais aduaneiros.
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Produtos
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Dentre os produtos do agronegócio, apresentaram variações positivas de crescimento em maio o complexo sucroalcooleiro (29,7%), sucos de frutas (10%) e fumo e derivados (44,1%). O valor das exportações do complexo sucroalcooleiro saltou de US$ 593 milhões para US$ 769 milhões. A alta é atribuída às exportações de açúcar, que cresceram 61,2% em maio na comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo a cifra de US$ 661 milhões. Houve aumento tanto de preço como de quantidade nas exportações do produto, respectivamente 9,9% e 46,7%.
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Registraram quedas nos embarques: café (-8,1%), soja (-15,6%), carnes (-31,5%), couro (-45,6%), e produtos florestais (-53,8%). Os valores exportados de soja em grãos diminuíram em relação a maio de 2008, passando de US$ 1,869 bilhão para US$ 1,722 bilhão.

A redução do juro básico muda postura de bancos no crédito

José Guerra 16/06/09 - BANCOS SÃO PAULO - Com a função de agir como indutor de crédito na economia nacional, o Banco do Brasil avança nessa direção, ao destinar mais R$ 11,6 bilhões em financiamentos para micro e pequenas empresas, por meio de aumento no limite para operações com recebíveis para cerca de 303 mil companhias desse porte.
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Segundo a instituição, o volume maior de recursos disponíveis, deverá impulsionar a economia e favorecer a geração de emprego e renda.
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"Nossa estratégia é disponibilizar ao mercado maior volume de crédito, com encargos financeiros mais baixos, preservando a qualidade de nossa carteira de crédito", assegura o vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global, Ricardo Flores.
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O BB anunciou ainda redução nas taxas de juros para esse segmento de empresas. O BB ainda considera que a decisão "está em sintonia com o cenário econômico, que aponta para progressiva retomada da atividade produtiva"
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.Se essa progressiva "retomada da atividade produtiva" está ligada ao reaquecimento do mercado de crédito e de investimentos, analistas de mercado ainda divergem em relação ao período que isso pode levar.
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O economista e professor de Economia e Finanças da Brazilian Business School (BBS) Ricardo Torres acredita que, com a Selic em 9,25%, haverá maior aquecimento no segundo semestre. "Com a taxa básica no patamar de apenas um dígito, e em tendência de queda, as empresas deverão passar a pressionar os bancos para um alongamento dos prazos de financiamento, encurtados desde o início da crise." Dessa forma, acredita ele, a segunda metade do ano teria prazos maiores e maior busca por capital para investimentos.
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Por outro lado, o economista da Lopes Filho e Associados, João Augusto Salles, crê que um novo ciclo de crédito deverá demorar mais tempo, e ocorrer em fins de 2010, início de 2011. "A queda da Selic não é um fator específico para melhorar o crédito. Uma expansão depende mais da demanda que da oferta." Segundo ele, ainda existe um quadro de funding restrito no exterior, enquanto internamente, a economia ainda está desaquecida, níveis de empregabilidade afetados pela turbulência global bancos preocupados com a inadimplência. "Ao fim do próximo ano, já teremos uma maior liquidez internacional e demanda mais pujante, que então impulsionará o crédito", avalia.
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"E o crédito imobiliário será uma variável importante. O ciclo de 2005 a 2008 foi puxado pelo consignado, que tinha uma base pequena, e por veículos, que também explodiu. Agora, o crédito habitacional deverá ser o agente condutor, junto com financiamento a eletrodomésticos", completa o analista.
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Apesar na diferença de prazos, ambos acreditam, em uma migração nos investimentos dos bancos. "Para conseguir uma remuneração melhor, os bancos deverão manter os investimentos em títulos do governo no mesmo nível, porém o excedente de capital em carteira deverá alimentar mais financiamentos", diz Torres. Já o analista da Lopes Filho acredita que esse processo também deverá levar mais tempo. "Os bancos estão mais cautelosos e devem esperar um melhor cenário econômico.
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"O ministro da Fazenda, Guido Mantega também declarou que a queda na Selic deverá obrigar os bancos a buscar novas fontes de receitas. "Eles vão continuar tendo lucros elevados, o sistema financeiro brasileiro é muito sólido, só que a moleza acabou", disse o ministro.
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Ainda segundo o ministro, a diminuição da rentabilidade dos papéis do governo vai ainda estimular a competitividade entre bancos e favorecer aplicações como os fundos de infra-estrutura.

Dólar sobe a R$1,967 atento ao cenário externo

Anegência Estado
Dólar sobe a R$ 1,967 atento ao cenário externoO dólar à vista devolveu no início da tarde a queda exibida desde a abertura e subiu, em sintonia com a perda de força do euro ante a moeda norte-americana. Por volta das 15h30, o dólar comercial atingiu a taxa máxima do dia de R$ 1,97 (alta de 0,87%), sendo que a mínima registrada pela manhã foi de R$ 1,935 (-0,92%). No fechamento das negociações no mercado interbancário de câmbio, o dólar comercial subiu, pelo segundo dia seguido, desta vez 0,72%, a R$ 1,967. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista avançou 0,54% a R$ 1,9635. Contudo, no mês, o dólar comercial apura baixa de 0,15% e no acumulado do ano recua 15,76%. O Banco Central realizou um leilão de compra de dólar à tarde, no qual a taxa de corte das propostas foi de R$ 1,9655.
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"O mercado operou de olho na volatilidade do dólar no exterior. Além de o euro ter perdido força nesta tarde, o dólar subiu ante outras moedas de países emergentes, além do real, como a lira turca e o peso mexicano", disse um operador de câmbio de uma corretora de um grande banco nacional. As tensões geopolíticas na Coreia do Norte e Irã também deixam os investidores ressabiados, afirmou a fonte. Para um operador de tesouraria de um banco estrangeiro, as quedas das Bolsas norte-americanas ajudaram a dar suporte de alta para o dólar. Ele atribuiu o recuo dos índices de ações norte-americanos durante à tarde aos sinais divergentes sobre a recuperação da economia nos EUA.
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Pela manhã, o dólar cedeu no mercado global de moedas em meio à retomada das discussões pelo grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) sobre a possibilidade de a divisa dos EUA perder futuramente a posição de moeda de reserva de valor. Os líderes do grupo pediram um sistema de moedas global "mais diversficado", segundo comunicado após a cúpula realizada na Rússia. Não houve, porém, nenhuma menção explícita ao dólar nem aos EUA. Para a fonte corretora de um banco privado nacional consultada, à medida que o grupo BRIC se fortacer, a tendência para o dólar será de desvalorização.
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Silva Rocha 16/06/2009

Banco central do Japão mantém taxa de juros em 0,1%

TÓQUI- O Banco do Japão (BOJ, banco central do país) elevou sua avaliação sobre a economia pelo segundo mês consecutivo, encorajado pelos sinais de que o pior da crise econômica já passou. O conselho de política monetária do BOJ também decidiu por unanimidade deixar inalterada, em 0,10%, sua taxa básica de juros, a "overnight call loan rate" não garantida, enquanto avalia a efetividade das medidas adotadas anteriormente. A última redução da taxa foi em dezembro, quando o BOJ efetuou um corte de 0,2 ponto porcentual.
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Dando sequência à reunião de maio do conselho de política monetária, quando o BOJ melhorou sua avaliação da economia pela primeira vez desde julho de 2006, o banco central confirmou nesta terça-feira que ao longo do mês passado a economia continuou a avançar para uma recuperação. "As condições econômicas do Japão, depois de se deteriorarem significativamente, começaram a parar de piorar", disse o banco central num comunicado divulgado juntamente com o anúncio da decisão sobre a taxa de juros.
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Em maio, o BOJ havia dito que as exportações e a produção estavam "começando a aumentar", embora as condições econômicas tivessem se deteriorado. As melhoras da avaliação econômica não significam necessariamente que o banco apertará sua política monetária, já que as condições da economia permanecem em baixa. As informações são da Dow Jones.
Fonte: Agência Estado

Baixo valor agregado impulsiona venda direta

Fernando Teixeira SÃO PAULO - O setor de vendas, que movimentou nos três primeiros meses do ano R$ 4,4 bilhões, vê na venda de itens de menor valor agregado a ampliação dos negócios. Tanto que no Grupo Silvio Santos o crescimento desse segmento, de janeiro a maio, foi de 320% e a previsão de faturamento subiu de R$ 160 milhõesR$ 200 milhões até o final deste ano. Já a norte- americana Amway teve aumento de 50% no acumulado deste ano.
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Seguindo os passos de crescimento, a DeMillus, de roupa íntima e com 70% da produção voltada para a venda direta, comemora alta de 13% nos primeiros cinco meses de 2009, além de ter aumentado o chão de fábrica. A Herbalife é outro caso, que viu incremento de 20% nas vendas e, com o resultado, acrescentou mais produtos à sua lista.
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Ao aproveitar a força da emissora SBT e do apresentador Silvio Santos, os cosméticos das marcas Jequiti e Hydrogen já envolvem 72 mil vendedores direto. Lázaro do Carmo Júnior, diretor-geral da divisão de cosméticos do Grupo Silvio Santos, diz que as marcas devem crescer mais ainda até o fim do ano. "Agora teremos dois programas na televisão. Um deles estreia dia 21 e mostra como se fabricam e as melhores técnicas desses produtos. E teremos uma personagem, na nova novela, que será uma consultora da Jequit."
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Carmo diz que a marca abriu ainda um showroom em janeiro, no Sofitel Jequitimar, no Guarujá (SP). "As pessoas podem testar e encomendar os produtos." Outra novidade será o lançamento de linhas de produtos para o lar, como antecipou o DCI. "Vamos lançar o catálogo em julho, que contará com jóias e semijóias, além de utilidades para o lar. Até o final do ano serão 200 os itens desta linha e 400 os cosméticos", ressalta.
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No segmento de moda íntima, a DeMillus comemora aumento de vendas de 13% de janeiro a maio, em comparação ao mesmo período de 2008. O aumento, segundo a diretora de marketing, Eva Goldman aconteceu principalmente porque os produtos são de baixo valor agregado. "Na virada do ano passado não sabíamos o que planejar por causa da crise. Como não há crédito na praça, a pessoa se autopresenteia. Vimos também uma recuperação das vendas ao varejo, pois hoje temos fila de espera." A marca trabalha com 120 mil vendedores e faturou R$ 280 milhões ano passado - 70% deles de venda direta.
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Para este ano foram contratadas 120 costureiras e a produção cresceu 30%. "Compramos equipamentos para fazermos outros tipos de tecido. Isto não dá aumento de volume, mas nos dá ganho de produção, uma vez que analisamos que poderia faltar matéria-prima", afirmou Eva.
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Preço
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Para André Raduan, presidente no Brasil da marca Amway, que fatura US$ 8,2 bilhões no mundo e quer faturar US$ 500 milhões na América Latina, até 2012 [hoje são cerca de US$ 150 milhões], o momento é de comemoração, já que a empresa acumula incremento de 50% no acumulado do ano. "Nossa principal política para crescer foi investir em produtos e preço. Antes os produtos eram voltados para clientes norte-americanos e europeus. Convencemos a matriz a ter produtos com a nossa realidade." Ele revela que um pote de vitamina C continha 180 cápsulas e custava R$ 105 e, agora, tem 25 e custa menos. "O bolso fica mais aliviado. O brasileiro não tem o costume de comprar produtos para longo prazo.
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"Outra mudança na empresa foi a reformulação de embalagens e fragrâncias. "Ficou muito melhor. Trouxemos produtos para fabricar aqui, como sabonetes, barras de cereais, perfumes e protetor solar. Devemos ampliar." Ele conta também que existem produtos semiacabados. "Temos, no Ceará, uma fazenda de acerola. Retiramos a água e a exportamos para encapsular a vitamina C. Algumas cascas, como a de maracujá, viram produtos do tipo corn flakes." Além disso a empresa, investiu em marketing televisivo e abriu três showrooms.
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Para o executivo, outro ponto fundamental para os resultados foi um melhor treinamento dos vendedores. "Temos kit multimídia e conseguimos dar um suporte melhor ao vendedor, que pode ver técnicas de vendas e saber mais sobre os produtos."
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Outra norte-americana que atua com vendas diretas no Brasil é a Herbalife. Em 2008, a companhia registrou, no mundo, vendas brutas da ordem de US$ 3,8 bilhões, resultado 9,9% maior que o registrado em 2007. A unidade brasileira fechou o primeiro trimestre de 2009 com vendas brutas de R$ 140 milhões, consolidando crescimento de 20% frente a igual período do ano passado.
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Para aumentar sua penetração no mercado nacional, a empresa fechou acordo com a espanhola Puig Beauty & Fashion Group, que fabrica perfumes, cosméticos e moda. Marcelo Zalcberg, diretor-geral da operação brasileira da Herbalife, avalia que a entrada na área de perfumes é estratégica. "Nosso mix de produtos para cuidados pessoais correspondia a 10% das vendas em 2007. Em 2008, fechou em 13%. A linha Lively vai contribuir para continuarmos a crescer neste segmento."
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Para dar suporte ao início das vendas, a Herbalife está distribuindo cerca de 100 mil catálogos à rede de distribuidores independentes, com detalhes da linha. Toda a liderança foi treinada e multiplicadores estão em campo para integrar os produtos ao dia a dia dos distribuidores. Zalcberg diz que houve maior investimento na divulgação, na infraestrutura da empresa e no treinamento dos revendedores. "Hoje nosso catálogo tem 50 produtos, desde aqueles para controle de peso, como sopas e shakes, a itens de cuidado pessoal e de uso diário."
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O executivo acredita em um crescimento de dois dígitos este ano. "A maior concentração de vendas fica no Sudeste e Sul."
DCI- Varejo 16/06/09

domingo, 14 de junho de 2009

Brasil deve emergir da crise antes da China, diz Pettis

Para o professor da Universidade de Pequim, a China terá dificuldade em aumentar a demanda doméstica
Luciana Xavier, da Agência Estado
_ _ SÃO PAULO - A crise global está longe do fim, mas se tem algum país que pode se recuperar primeiro, esse país é o Brasil e não a China, acredita o norte-americano Michael Pettis, professor de Finanças Internacionais da Escola de Administração da Universidade de Pequim. Pettis veio ao Brasil para participar de seminário em São Paulo. Pettis foi considerado este ano pela revista Businessweek uma das vozes mais influentes atualmente sobre economia chinesa. Autor de vários livros e do blog mpettis.com, Pettis passou muitos anos em Wall Street, alguns deles no Bear Stearns, antes de ir para a China, onde está há cerca de sete anos. _____
___ Pettis acha que a China terá dificuldade em resolver o problema de excesso de produção por meio do aumento da demanda doméstica. "A China está tentando fazer isso, mas se alguém acha que será fácil ou rápido, está muito enganado. Vai levar pelo menos uma década de transição difícil". _
Ele aceitou conceder entrevista no último dia 13, por telefone, do Rio de Janeiro, à jornalista Luciana Xavier, do AE Broadcast Ao Vivo, desde que fosse feita após seu almoço com o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e antes do uma reunião marcada na Casa das Garças. _
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista: _
Agência Estado - O senhor diz em seu blog que a crise está longe de terminar. Quão distante estamos e isso se aplica também à China? _
Pettis - Isso se aplica especialmente à China. Acho que há muito para se trilhar até que a crise chegue ao fim.Pois esta crise é resultado de desequilíbrios significativos que se formaram ao longo de bastante tempo, especialmente nos últimos dez anos, nos quais o crescimento do consumo norte-americano foi muito, muito maior do que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O que é outro modo de dizer que os Estados Unidos foram aumentando cada vez mais os seus déficits comerciais. Uma das consequências disso é que as famílias nos EUA foram se endividando de modo insustentável. Esses níveis atingiram níveis históricos. _
Agora estamos num processo, que provavelmente deve levar de três a quatro anos, de estreitamento desse endividamento. A expansão do consumo nos EUA será menor do que a expansão do PIB por vários anos. _
Com isso, o déficit comercial dos EUA deve diminuir e pode até mesmo se tornar superávit, o que terá impacto importante sobre a China. Pois no coração do modelo de desenvolvimento chinês está o excesso de produção, acima do consumo doméstico. Isso requer que algum país tenha déficit comercial maior para absorver essa capacidade excedente chinesa. Esses tempos terminaram. Os EUA não estão querem ou não podem mais continuar com déficits comerciais tão altos. O que significa que o problema de excesso de capacidade da China terá de ser resolvido na esfera doméstica e isso será bem difícil. __
AE - O que pode ser feito? _
Pettis - A princípio, todos concordam que a China precisa aumentar o consumo doméstico. Mas as políticas que têm sido implementadas nos últimos anos vão na direção contrária. Se você olhar nos últimos cinco anos, o consumo na China caiu em relação ao PIB e as exportações chinesas cresceram em relação ao PIB, o que é exatamente o oposto do que deveria estar sendo feito. De fato, dada a rigidez do sistema financeiro e do modelo econômico é muito difícil fazer essa troca. Alguns países fizeram isso, como os Estados Unidos, no início do século 19, o Brasil, há 30 ou 40 anos, ou o Japão, um pouco mais recentemente. A China está tentando fazer isso, mas se alguém acha que será fácil ou rápido, está muito enganado Vai levar pelo menos uma década de transição difícil. _
AE - Então a China não será um dos primeiros a recuperar da crise, como apostam muitos analistas? _
Pettis - Não. Acho que a maioria dos analistas simplesmente não entende a magnitude do problema. É preciso ter cuidado ao que se quer dizer falar do que o país será "um dos primeiros a se recuperar". A China não irá entrar em sério colapso como outros países entrarão, porque o governo está estimulando gastos fiscais de maneira dramática. _ Particularmente, por meio de empréstimos bancários. O problema dessa expansão rápida dos empréstimos bancários é ter um aumento grande da inadimplência e isso levará anos para ser saldado. Então, a China não terá colapso, mas levará muitos anos para sair desse problema. E devo dizer que quando eu falo que a China terá uma década difícil não quero dizer que será como os EUA nos anos 30, o Japão nos anos 90 ou o Brasil nos anos 80. A China terá crescimento e ele poderá ser significativo, de 4% ou 5% ao ano, ou talvez mesmo um pouco mais que isso. Mas os tempos de crescimento de 13% ou 14% se foram e, provavelmente, para sempre. _
AE - A China não poderá substituir os EUA no futuro como consumidor global? _
Pettis - Não. O consumo total na China é quase o mesmo que o consumo total da França. Então a ideia de que o consumo chinês pode tirar o mundo da crise faz tanto sentido quanto dizer que a França pode tirar o mundo da crise. Vai ser um processo muito difícil.
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AE - Como ficam os outros países emergentes, especialmente o Brasil, que é tão dependente do comércio com a China?
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Pettis - Acho que será difícil. Lembre-se de que mesmo parte das exportações que o Brasil faz para a China, na verdade são indiretamente para os EUA. A China importa muitas commodities que depois são usadas na produção de suas exportações. Se houver crescimento lento no consumo norte-americano, então vai haver crescimento lento em todas as economias que dependem diretamente ou indiretamente do consumo dos EUA. _
AE- O senhor vê uma década difícil para o Brasil também?
_ Pettis - Acho que o sistema financeiro brasileiro é bem mais flexível. A estrutura da dívida no Brasil, embora ainda não seja notável, tem melhorado. Meu palpite é que o Brasil pode ter alguns anos difíceis, mas, honestamente, acho que o Brasil irá emergir da crise mais rápido do que a China e a maior parte dos países asiáticos. (...) _
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AE- Isso significa que o Brasil poderia sair na frente em comparação a EUA, Europa e até mesmo a China? _
Pettis - Não sou especialista em Brasil, mas diria que o que nos surpreende ao fazermos retrospecto de crises globais é que países que parecem mais fortes, com maiores níveis de reservas e de superávits comerciais (...) são os que sofrem maiores ajustes e provavelmente veremos isso de novo.

Concessão de crédito volta ao nível anterior à crise

AE - Agencia Estado _ SÃO PAULO - O crédito total no Brasil praticamente dobrou entre 2002 e 2009. Saiu de 22% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final daquele ano para o recorde de 42,6% em abril, o equivalente a R$ 1,25 trilhão. Ainda é um porcentual baixo, se comparado à média internacional, mas suficiente para influenciar, como nunca antes no País, o desempenho da economia.
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Foi em grande medida por causa da ausência de crédito que o PIB do quarto trimestre de 2008 caiu 3,6% em relação aos três meses anteriores, o maior recuo nessa base de comparação desde o início da série histórica, em 1996. Por isso, o crédito determinará o tamanho do crescimento daqui até o fim do ano.
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"As concessões diárias para pessoas físicas no primeiro trimestre voltaram ao nível em que se encontravam em setembro (quando a quebra do banco Lehman Brothers aprofundou a crise)", observa o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Segundo ele, esses empréstimos somavam R$ 2,47 bilhões/dia em setembro, caíram para R$ 2,40 bilhões em dezembro e atingiram R$ 2,46 bilhões em março. Com mais financiamento, argumenta, as pessoas compraram mais.
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A mais recente pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com seus associados indica que a expectativa é de uma expansão de 14% do crédito com recursos livres (excluindo dinheiro público) em 2009. Para as pessoas físicas, estima-se uma alta de 13,7% e, para as empresas, de 14,6%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Domingo, 14 de junho de 2009, 08:42 Online

sexta-feira, 12 de junho de 2009

G8 está morto e emergentes têm mais representatividade, diz ministro

Agência Brasil
_ O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (12), em Paris, que o G8 grupo que reúne os sete países desenvolvidos mais a Rússia está morto. "Não sei como ele vai ser enterrado, mas o G8 morreu".
_ "No mundo de hoje, o grupo dos oito países mais ricos do mundo não representa mais nada", completou, na saída de uma palestra comemorativa aos dez anos do departamento de Mercosul na universidade francesa Science Po, para uma plateia de estudantes.
_ Amorim debateu com o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, as perspectivas para o mundo pós-crise. O chanceler brasileiro analisou que países como o Brasil, que diversificaram as exportações, sofreram menos o impacto da crise, e reafirmou a crença brasileira de que a solução para o comércio mundial passa por negociações multilaterais, notadamente as rodadas de negociação da OMC.
_ Lamy, que ressaltou a importância dos países em desenvolvimento, fez uma previsão otimista de arrefecimento para a crise financeira mundial, a partir de 2010. Ele lembrou que momentos críticos como o atual tendem a reforçar o protecionismo, mas avaliou que, de maneira geral, o mundo tem agido com bom senso e evitado esta pressão pela fechada dos mercados.
_ Ele também insistiu na necessidade de se concluir a chamada Rodada Doha, que debate a redução das barreiras comerciais e o estímulo à criação de zonas de livre comércio. "Oitenta por cento já foram feitos", disse ele. "Faltam os 20% mais difíceis".
_ Celso Amorim avaliou que as decisões tomadas hoje pelo grupo dos oito países mais poderosos do mundo não podem mais prescindir da opinião dos países em desenvolvimento. Ele afirmou que, para muitos temas, o G20 (grupo de 20 países emergentes criado nas discussões da OMC) tem hoje uma representatividade mais efetiva do que o G8. "Estamos entrando num tempo de governança variável, em que vários grupos diferentes vão se formar de acordo com áreas de interesse."
_ Amorim elogiou a posição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de propor um desarmamento nuclear mundial. "Pode soar poético, mas é factível a longo prazo. Antes se falava em não proliferação e controle das armas nucleares, mas a proposta de eliminação total das armas nucleares é totalmente inédito", afirmou.

Lula: País deu uma 'guinada para cima muito importante'

TÂNIA MONTEIRO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comemorar hoje os números da economia brasileira. Durante entrevista coletiva após inauguração de obras em Aracaju (SE), Lula disse que "já demos uma guinada para cima muito importante". Segundo ele, "realmente" os números do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano poderiam ter sido melhores. Mas ele atribuiu a responsabilidade pelo desempenho a alguns setores da economia e justificou: "Se não houvesse pânico de alguns setores, se a indústria automobilística não tivesse dado férias coletivas, a situação seria outra", declarou o presidente, ressaltando que a situação, no entanto, já mudou.
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Ele lembrou que hoje o País "tem uma balança comercial diversificada, que o povo brasileiro está consumindo bastante" e voltou a dizer que o "Brasil vai sair da crise antes do que qualquer outro país". Sobre o empréstimo concedido pelo Brasil ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente disse que ele só foi possível agora porque a economia está estabilizada e o Brasil tem US$ 207 bilhões de reservas. "As reservas continuam em US$ 207 bilhões (mesmo com o empréstimo), porque o dinheiro é emprestado", disse, comentando ainda que o "Brasil ficou mais forte e vivemos uma grande estabilidade econômica
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