terça-feira, 16 de junho de 2009

A redução do juro básico muda postura de bancos no crédito

José Guerra 16/06/09 - BANCOS SÃO PAULO - Com a função de agir como indutor de crédito na economia nacional, o Banco do Brasil avança nessa direção, ao destinar mais R$ 11,6 bilhões em financiamentos para micro e pequenas empresas, por meio de aumento no limite para operações com recebíveis para cerca de 303 mil companhias desse porte.
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Segundo a instituição, o volume maior de recursos disponíveis, deverá impulsionar a economia e favorecer a geração de emprego e renda.
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"Nossa estratégia é disponibilizar ao mercado maior volume de crédito, com encargos financeiros mais baixos, preservando a qualidade de nossa carteira de crédito", assegura o vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global, Ricardo Flores.
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O BB anunciou ainda redução nas taxas de juros para esse segmento de empresas. O BB ainda considera que a decisão "está em sintonia com o cenário econômico, que aponta para progressiva retomada da atividade produtiva"
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.Se essa progressiva "retomada da atividade produtiva" está ligada ao reaquecimento do mercado de crédito e de investimentos, analistas de mercado ainda divergem em relação ao período que isso pode levar.
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O economista e professor de Economia e Finanças da Brazilian Business School (BBS) Ricardo Torres acredita que, com a Selic em 9,25%, haverá maior aquecimento no segundo semestre. "Com a taxa básica no patamar de apenas um dígito, e em tendência de queda, as empresas deverão passar a pressionar os bancos para um alongamento dos prazos de financiamento, encurtados desde o início da crise." Dessa forma, acredita ele, a segunda metade do ano teria prazos maiores e maior busca por capital para investimentos.
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Por outro lado, o economista da Lopes Filho e Associados, João Augusto Salles, crê que um novo ciclo de crédito deverá demorar mais tempo, e ocorrer em fins de 2010, início de 2011. "A queda da Selic não é um fator específico para melhorar o crédito. Uma expansão depende mais da demanda que da oferta." Segundo ele, ainda existe um quadro de funding restrito no exterior, enquanto internamente, a economia ainda está desaquecida, níveis de empregabilidade afetados pela turbulência global bancos preocupados com a inadimplência. "Ao fim do próximo ano, já teremos uma maior liquidez internacional e demanda mais pujante, que então impulsionará o crédito", avalia.
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"E o crédito imobiliário será uma variável importante. O ciclo de 2005 a 2008 foi puxado pelo consignado, que tinha uma base pequena, e por veículos, que também explodiu. Agora, o crédito habitacional deverá ser o agente condutor, junto com financiamento a eletrodomésticos", completa o analista.
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Apesar na diferença de prazos, ambos acreditam, em uma migração nos investimentos dos bancos. "Para conseguir uma remuneração melhor, os bancos deverão manter os investimentos em títulos do governo no mesmo nível, porém o excedente de capital em carteira deverá alimentar mais financiamentos", diz Torres. Já o analista da Lopes Filho acredita que esse processo também deverá levar mais tempo. "Os bancos estão mais cautelosos e devem esperar um melhor cenário econômico.
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"O ministro da Fazenda, Guido Mantega também declarou que a queda na Selic deverá obrigar os bancos a buscar novas fontes de receitas. "Eles vão continuar tendo lucros elevados, o sistema financeiro brasileiro é muito sólido, só que a moleza acabou", disse o ministro.
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Ainda segundo o ministro, a diminuição da rentabilidade dos papéis do governo vai ainda estimular a competitividade entre bancos e favorecer aplicações como os fundos de infra-estrutura.

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