quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ipea defende jornada de 37 horas semanais

A

BRASÍLIA - O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, disse hoje que, se a carga horária oficial de trabalho for reduzida das atuais 44 horas semanais para 37 horas, o país teria condições de dar ocupação para toda a população. Mas ele ressaltou que isso só seria possível caso fossem mantidos os investimentos, a produção e, também, aumentada a capacidade produtiva do país.

A afirmação foi feita durante o lançamento do estudo Carga Horária de Trabalho: Evolução e Principais Mudanças no Brasil. "Com a redução oficial da jornada para 37 horas, daríamos condições de termos todos ocupados, desde que mantida a produção e os investimentos, e a capacidade produtiva do país fosse ampliada", afirmou.

Segundo Pochmann, mais fácil seria alterar a distribuição do tempo de trabalho no Brasil, uma vez que o estudo registrou que o país tem uma grande parcela de trabalhadores com carga horária bastante reduzida, de um lado, e, do outro, quase a metade de seus trabalhadores com jornadas acima de 44 horas semanais. "Uma melhor redistribuição dessa jornada permitiria mais pessoas ocupadas do que a simples redução da jornada oficial".

Dados recentes, relativos ao mercado de trabalho, mostram, segundo o presidente do Ipea, que o país teve aumento de desemprego e crescimento da informalidade. "Mostram também tendência de rotatividade, que é a demissão de pessoas com os maiores salários, seguida da contratação de pessoas por salários menores", disse. "Esse ambiente faz um desfavor ao mercado de trabalho e pouco ajuda a reduzir as diferenças", acrescentou.

"É necessário que o Brasil volte a crescer de forma bastante acelerada, ocupando a capacidade ociosa existente, e retornem sobretudo os investimentos, porque é com mais investimentos que o país conseguirá recuperar seus postos de trabalho, tanto em maior quantidade como em melhor qualidade", argumentou.

Pochmann lembrou que, para gerar empregos, o Brasil precisa crescer mais do que 4% ao ano. "Teríamos condições de reduzir mais rapidamente a jornada de trabalho e ter mais trabalhadores ocupados, caso o Brasil tivesse crescido de forma mais veloz, como ocorreu dos anos 1950 até os 1980, quando o crescimento da economia foi próximo de 7%", disse.

"Mas, de 1988 para cá, o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] foi abaixo de 3%. E toda vez que o Brasil cresce menos de 4% ao ano, não consegue gerar postos de trabalho, e os ganhos de produtividade tendem então a ser menores, assim como a evolução dos salários. Isso, de certa maneira, pode resultar também em uma precarização dos postos de trabalho existentes", completou Marcio Pochmann.

Queda da carga horária

Estudo divulgado hoje pelo Ipea mostra que, da promulgação da Constituição Federal, em 1988, até 2007 a carga horária média de trabalho da população brasileira apresentou tendência de queda. A Constituição fixou a jornada máxima do trabalhador brasileiro em 44 horas semanais.

A diminuição do tempo médio de trabalho, porém, não ocorreu de forma homogênea para todos os ocupados. A queda foi maior na Região Sul, para as mulheres, para os trabalhadores de maior idade e para aqueles com menos escolaridade, para os envolvidos em atividades agrícolas e para os não remunerados.

Segundo o Ipea, desde o final da década de 80 do século passado houve redução nas horas médias tradicionalmente trabalhadas pelo conjunto de pessoas ocupadas no Brasil. O país como um todo registrou, no período estudado (de 1988 a 2007), diminuição em 10,7% na carga horária média semanal trabalhada pelos ocupados. Em resumo, a redução foi de 44,1 para 39,4 horas médias semanais de trabalho.

(Agência Brasil)

Desemprego cai para 14,8% e ocupação tem variação positiva

Agência Brasil
SÃO PAULO - A taxa de desemprego em cinco regiões metropolitanas e no Distrito Federal caiu em junho, passando de 15,3% para 14,8% da População Economicamente Ativa, depois de cinco meses sem redução. Isso significou 112 mil pessoas a menos no contingente de desempregados, estimado em 2,984 milhões de trabalhadores.
O nível de ocupação apresentou variação positiva pelo terceiro mês seguido, com 0,4%, o que representa a criação de 75 mil postos de trabalho. No mesmo período, 38 mil pessoas desistiram de procurar emprego.
À exceção de Belo Horizonte, que manteve a taxa estável em 11%, houve queda em todas as demais regiões pesquisas, com maior diminuição em Recife, que passou de 20,4% em maio para 19,4% em junho. Em Porto Alegre a taxa passou de 12,6% para 12%, em Recife, de 17% para 16,4%, em Salvador, de 21,6% para 21,3 e em São Paulo, de 14,8% para 14,2%.
O comércio liderou na oferta de vagas, com a 80 mil postos de trabalho, o que significou aumento de 3%. O segmento de serviços foi o segundo, com 22 mil vagas, ou 0,2% acima de maio. A indústria cortou 25 mil ocupações, o que representou queda de 1% do total e a construção civil demitiu 9 mil trabalhadores, queda de 0,9%.
O rendimento médio do trabalhadores em maio caiu 1,2%, passando para R$ 1.276 para os assalariados e R$ 1.199 para o conjunto de trabalhadores ocupados, ou seja com ou sem carteira assinada.
Os dados fazem parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) para a Região Metropolitana de São Paulo e para o conjunto de regiões acompanhadas pelo Sistema PED (Distrito Federal, Salvador, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo), divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Departamento Intersindical e Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e Fundação Seade.
DCI- 29/07/09 - EMPREGO

terça-feira, 28 de julho de 2009

Bird empresta US$ 30 milhões ao Brasil

SÃO PAULO, 28 de julho de 2009 - O Banco Mundial (Bird) concedeu nesta terça-feira um empréstimo de US$ 30 milhões ao Brasil, que será usado para incluir mais 360 mil pessoas em um plano que busca melhorar as condições de vida dos pobres na Bahia, anunciou a instituição financeira em comunicado. O plano Produzir, destinado a aumentar as oportunidades econômicas dos menos favorecidos, beneficia atualmente 810 mil pessoas, ou seja, 18% da população rural da Bahia, ressaltou o Bird.
"Acredito na colaboração entre o governo e os pequenos produtores, como forma de levar desenvolvimento sustentável a todas as regiões do estado e reduzir as desigualdades. Neste sentido, o apoio do Bird tem sido essencial", declarou o governador do estado, Jacques Wagner. O plano Produzir já havia recebido um crédito do Bird de US$ 54 milhões em setembro de 2005. "O novo crédito marca a segunda fase do programa, na qual os produtores ampliarão seu acesso aos mercados, tanto no Brasil como no exterior", disse Edward Bresnyan, dirigente da entidade multilateral.
O Bird colaborou com 40 projetos na Bahia desde 1950, por uma quantia total de US$ 1,8 bilhão.
Agência IN

FMI: Emergentes demandarão até US$900 bi em reservas

REUTERS
WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta terça-feira estimativa de que os mercados emergentes, excluindo China e exportadores de petróleo, podem ter uma necessidade de reservas entre 400 bilhões e 900 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, enquanto os países se recuperam da crise financeira global.
O FMI informou também que a necessidade de reserva do grupo de 119 países emergentes que acompanha, também excluindo China e os exportadores de petróleo, pode ficar em algo em torno de 1,3 trilhão e 2 trilhões de dólares nos próximos 10 anos.
'Existe um potencial para uma demanda futura por reservas cada vez maior que o esperado', alertou o FMI, acrescentando que suas estimativas presumem que não haja uma nova hemorragia de reservas além de 2009.
- Superando a crise, muitos países na verdade desejam ter cada vez mais colchões de reservas e proteção, porque crises estão sendo acontecimentos recorrentes - avaliou o fundo.
As projeções foram incluídas no relatório do FMI publicado nesta terça-feira, que esboçou uma proposta para alocar 250 bilhões de dólares em Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês) - criados pela organização em 1969 como uma reserva internacional de ativos - a seus 186 países membros para impulsionar a liquidez global.
A proposta foi aprovada pelo quadro de dirigentes do FMI em 20 de julho e a alocação pode ser realizada até o fim de agosto, seguindo votação dos membros do organismo.
No relatório, o FMI informa que as reservas internacionais foram substancialmente drenadas, enquanto os governos tentam proteger suas economias do impacto da crise e da recessão global. As necessidades futuras para reconstruir os níveis de reservas serão 'grandes', destacou o Fundo.
Muitos países venderam reservas para impulsionar a liquidez monetária externa, enquanto outros forneceram instrumentos de moeda estrangeira para ajudar o setor privado a lidar com o colapso global de crédito e a queda dramática no fluxo de capital privado.
O FMI divulgou que as estimativas para o fluxo líquido de entrada de capital privado em países em desenvolvimento são de redução de 100 bilhões de dólares em 2009.
- Os riscos para os fluxos de capital devem permanecer até a estabilidade financeira se recuperar, o que deve levar tempo - acrescentou o organismo.
JB- Economia

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Selic não cairá mais neste ano, apostam analistas

Agência Brasil
BRASÍLIA - O boletim Focus divulgado hoje (27) pelo Banco Central mostra que os analistas do mercado financeiro mantiveram a previsão de que não haverá mais cortes na taxa básica de juros, a Selic, neste ano.
A publicação semanal do BC é elaborada com base em projeção de instituições financeiras para os principais indicadores da economia. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, reduziu os juros básicos de 9,25% ao ano para 8,75% ao ano. Na próxima quinta-feira, o BC divulga a ata da reunião do colegiado, com justificativas, indicação da atuação futura e análise do cenário e econômico.
Em 2010, os analistas esperam que o Copom aumente a taxa básica, que deve chegar ao fim do ano em 9,25% ao ano. A previsão anterior era 9,38% ao ano. A Selic serve de referência para outras taxas de juros e é usada pelo BC como uma forma de controle da inflação. Quando os preços estão em alta, o BC aumenta os juros e faz o inverso quando a inflação está em baixa e há necessidade de estimular a atividade econômica. Neste ano, os juros básicos já foram reduzidos em 5 pontos percentuais.
Cabe ao BC perseguir a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi o escolhido pelo governo para a meta.
Na projeção dos analistas, o IPCA deve chegar ao final do ano em 4,53%, a mesma estimativa da semana anterior. Esse percentual para o IPCA está um pouco acima do centro da meta de 4,5%. Entretanto, a meta, válida para este ano e o próximo, tem margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, o limite inferior é de 2,5% e o superior é de 6,5%. Para 2010, a estimativa para o IPCA passou de 4,41% para 4,40%.
A previsão para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2009 caiu de 0,90% para 0,50%. A estimativa para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) também está em queda: passou 0,44% para 0,30%, neste ano. Para o Índice de Preço ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), a estimativa passou de 4,11% para 4,16%. Para 2010, as projeções para os três índices foram mantidas em 4,5%.
A estimativa para os preços administrados foi mantida em 4,30% neste ano. Para 2010, a projeção foi ajustada de 3,80% para 3,72%. Os preços administrados referem-se aos valores cobrados por serviços monitorados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, medicamentos, água, educação, saneamento, transporte urbano coletivo e outros).
JB-Economia- 27/07/2009

Balança comercial da quarta semana de julho fecha com superávit de US$ 653 milhões

No período, exportações ficaram em US$ 3,424 bilhões, importações foram de US$ 2,771 bilhões e corrente de comércio foi de US$ 6,195 bilhões
O superávit comercial da quarta semana de julho de 2009 (dos dias 20 a 26), com cinco dias úteis, foi de US$ 653 milhões (média diária de US$ 130,6 milhões). A corrente de comércio do período foi de US$ 6,195 bilhões (média diária de US$1,239 bilhão). Os valores resultam das exportações, que ficaram em US$ 3,424 bilhões (média diária de US$ 684,8 milhões), e importações de US$ 2,771 bilhões (média diária de US$ 554,2 milhões). Pela média diária, as exportações brasileiras, na quarta semana de julho, apresentaram incremento de 10,1% em relação à média verificada até a terceira semana do mês (US$ 622,2 milhões). Esse desempenho foi atribuído às vendas de produtos das três categorias: semimanufaturados (+23,7%) – especialmente, açúcar em bruto, celulose, óleo de soja em bruto e ferro-ligas –, manufaturados (+14,1%) – com destaque para aviões, açúcar refinado, óxidos e hidróxidos de alumínio, autopeças e etanol – e básicos (+2,5%) – em virtude de petróleo em bruto e café em grão.
Na mesma comparação, as importações brasileiras, na quarta semana do mês, cresceram 21,3% sobre a média diária computada até a terceira semana do mês (US$ 456,7 milhões) por conta dos desembarques de equipamentos mecânicos, combustíveis e lubrificantes, aparelhos eletroeletrônicos, veículos automóveis e partes e produtos químicos orgânicos e inorgânicos.
Mês
Até a quarta semana do mês, as exportações acumulam US$ 11,512 bilhões, com média diária de US$ 639,6 milhões. Esse valor é 28,1% menor à média diária dos embarques brasileiros em todo mês de julho do ano passado (US$ 889,2 milhões). Nessa comparação, caíram as vendas brasileiras de semimanufaturados (-40,8%) – principalmente, ferro fundido, semimanufaturados de ferro e aço, ferro-ligas e celulose – manufaturados (-32,7%) – por conta de automóveis, óleos combustíveis, laminados planos, motores e geradores, etanol e autopeças – e básicos (-17,4%) – com destaque para minérios de cobre e de ferro, carne suína, bovina e de frango e soja em grão.
Em relação a junho deste ano, quando a média diária das exportações chegou a US$ 689 milhões, houve queda de 7,2% nas exportações registradas nas quatro primeiras semanas de julho, por conta das vendas de: básicos (-7,4%), manufaturados (-7,3%) e semimanufaturados (-4%).
As importações no mês, até a quarta semana, somaram US$ 8,708 (média diária de US$ 483,8 milhões) . Por esse critério, o desempenho foi 35% menor que a média diária registrada em julho do ano passado (US$ 744,4 milhões), em função de retração nas compras brasileiras de adubos e fertilizantes (-55,4%), combustíveis e lubrificantes (-46,4%), siderúrgicos (-41%), equipamentos eletroeletrônicos (-35%), veículos automóveis e partes (-33,6%) e equipamentos mecânicos (-32,7%). Sobre o desempenho das importações em junho de 2009, quando a média diária chegou a US$ 468,7 milhões, foi registrado crescimento de 3,2% das importações, nas quatro primeiras semanas de julho, por conta de adubos e fertilizantes (+16,4%), combustíveis e lubrificantes (+12,7%), farmacêuticos (+12%) e produtos químicos orgânicos e inorgânicos (+11,5%).
Ano
De janeiro à quarta semana de julho de 2009 (140 dias úteis), o superávit comercial totalizou US$ 16,791 bilhões (média diária de US$ 119,9 milhões), valor 15,6% maior que o observado no mesmo período de 2008 (média diária US$ 103,7 milhões).
As exportações no ano, até a quarta semana de julho, somam US$ 81,464 bilhões, com média diária de US$ 581,9 milhões, valor 23,4% menor que a média verificada no mesmo período de 2008 (US$ 760 milhões).
As importações acumularam, no mesmo período, US$ 64,673 bilhões, com uma média diária de US$ 462 milhões. Esse desempenho foi 29,6% menor que o verificado no mesmo período do ano passado (média diária de US$ 656,3 milhões).
Apex Brasil- 27-07-09

domingo, 26 de julho de 2009

''Juros não voltam para nível pré-crise''

Fernando Dantas
Os juros de longo prazo no Brasil estão altos demais porque a taxa de juros real de equilíbrio - aquele que faz com que a economia cresça sem inflação - caiu para o nível de 4% a 5% ao ano e não vai voltar para onde estava antes da crise. Essa é a visão otimista de Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú-Unibanco e ex-diretor do Banco Central (BC). Ao contrário de parte do mercado, o Itaú-Unibanco, que tem projeção de inflação abaixo de 4% para 2010, só vê a Selic (taxa básica) subindo de novo em 2011, e mesmo assim de forma moderada.
Mas nem tudo são flores para Goldfajn. Ele critica a política de expansão dos gastos correntes, que mantém o Brasil num ritmo potencial de crescimento de 4% a 4,5%, quando poderia estar entre 6% e 7%, com taxa de juros real perto de 3%. Outra consequência do aumento dos gastos correntes, para ele, é a valorização cambial, que pode levar o real a R$ 1,70 em 2010. O mundo está disposto a financiar o investimento no Brasil e empurra o País a consumir, na visão de Goldfajn. A contrapartida, porém, será o aumento do déficit em conta corrente, algo que, ele prevê, deve provocar forte debate em 2010. O risco são políticas equivocadas para conter a valorização cambial sem mexer na política fiscal, que podem elevar a inflação e os juros. A seguir, a entrevista.
Por que os juros de longo prazo estão tão descolados?
Há várias razões, e uma delas está ligada à visão geral dos juros no mundo. Toda vez que há uma recessão, e desta vez ela é global, os juros caem o suficiente para estimular a economia. Depois, quando a economia já foi estimulada, os juros voltam a subir. Hoje, os juros estão no limite do que podem baixar: zero ou próximo de zero nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Uma vez que se chega a esse piso, é normal as curvas se inclinarem para cima: a única coisa que pode acontecer daqui em diante é subir. Isso se traduz em vários mercados e, em alguns deles, faz sentido. No caso do Chile, o juro chegou a 0,5%, então a curva mostra que ele vai voltar ao normal.
E o Brasil?
Bem, pode existir uma economia que não estava com os juros no seu equilíbrio, ou na qual o juro de equilíbrio estava caindo, por diversas razões. Nesse caso, o juro não tem de voltar ao nível anterior, mas sim para onde ele chegaria caso a redução gradual do juro de equilíbrio persistisse e não fosse interrompida pela queda brusca ligada ao estímulo para sair da recessão. Em outras palavras, o juro voltaria para um nível mais baixo do que aquele de onde saiu. Assim, para acreditar que o juro do Brasil tem de voltar para perto de onde estava antes da crise, é preciso acreditar que antes da crise ele estava num nível neutro e constante. A minha visão é de que os juros no Brasil estavam e continuam numa tendência de queda. Falo do que se chama juro de equilíbrio, ou juro neutro, aquele que faz com que a economia cresça sem inflação. Houve momentos em que o juro real precisou ser 15%, depois foi caindo para 10%, para 8%, e hoje acho que estamos próximos de 4% ou 5%.
A recessão ajudou o juro de equilíbrio a cair?
A gente sabe que o juro neutro em países emergentes converge para níveis normais de forma mais rápida em períodos de recessão do que de boom. Processos desse tipo ocorreram no Chile, no México e na Polônia. Os bancos centrais derrubam os juros para estimular a economia e, na hora de voltar, descobre-se que o juro neutro é menor. Por algum motivo, a recessão parece ser o momento de se dar um empurrão um pouco maior. Isso é difícil de explicar, mas acontece.
Mas os juros no Brasil então não voltam mais?
Bem, as possibilidades são de que volte quase totalmente, volte muito pouco, ou volte para um nível intermediário entre esses dois extremos. Eu acho que volta muito pouco. Acho que a Selic poderia ir até 8,25%, se ficar claro um cenário em que a inflação vai para baixo de 4%. O nosso cenário de inflação para o próximo ano é parecido com o do Banco Central, estamos com pouco mais de 3,8%. Acho que, lá para 2011, quando a economia estiver chegando perto de um ritmo de 4,5% e a inflação começar a voltar para a meta de 4,5%, a Selic poderia subir para, quem sabe, 8,75%. O grande teste é que haja um cenário de inflação consistente com o que falei. Se eu estiver certo, e subirem os juros, a inflação cai muito. Se eu estiver errado, e deixarem o juro onde está, a inflação vai acabar subindo.
O que permitiu toda essa queda do juro real de equilíbrio?
São 15 anos de estabilidade, de consistência, que você pode ver nas medidas de risco, como o CDS do Brasil (credit default swap, produto ligado ao risco de crédito dos títulos externos do governo brasileiro), em que estamos hoje abaixo do México e próximos do Chile. Tem o investment grade. E há aquela percepção mais geral de que o Brasil é uma democracia que conseguiu ter políticas econômicas com uma certa continuidade, que sobreviveram a mudanças de ministros e de partidos no governo.
Como o sr. vê a política fiscal brasileira?
Nossa visão é que o superávit primário efetivo vai para 1,5% do PIB, embora o resultado oficial a ser divulgado será de 2,5%, por causa de 0,5% de desconto por conta do Projeto Piloto de Investimentos (PPI) e mais 0,5% do Fundo Soberano. Acho que vai ficar em 1,5% por um tempo, e isso é compatível com um juro real de 4% a 5%, quando se pensa na dinâmica da dívida pública. O que aconteceu é que esse governo usou todo o espaço conquistado nos últimos anos, com a queda dos juros por causa da redução do risco, para aumentar os gastos correntes. Tem uma parte que foi para o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), mas é muito pouco.
E o que o sr. acha do aumento dos gastos correntes?
Considero ruim. Isso se dá em prejuízo de maiores investimentos. A opção por mais gastos correntes significa um crescimento mais moderado. Significa que nosso crescimento, que vai ficar em 4%, 4,5%, poderia subir para 6%, 7%. O juro real poderia cair ainda mais, para perto de 3%. Por outro lado, o mundo vai nos ajudar a investir, mas ao preço de aumentarmos nosso déficit em conta corrente. Esse é outro aspecto dessa política fiscal, o câmbio mais valorizado.
Por quê?
O câmbio apreciado ajuda a importar, ajuda a consumir. Ele faz com que possamos consumir e investir ao mesmo tempo, mas a contrapartida é o aumento do déficit em conta corrente, que é a poupança externa. O mundo está dizendo para não nos preocuparmos porque ele vai financiar o nosso investimento.
Como assim?
Nós somos muito bons de consumir. Se tivéssemos que poupar, aí seria um problema. Nós hoje estamos junto com um grupo de países que inclui China, Índia e Indonésia, que são a coqueluche dos relatórios de bancos de investimento e que têm em comum grandes populações e mercados internos. O mundo está investindo nesses países e empurrando-os a consumir. A nossa diferença é que poupamos menos, então teremos um déficit em conta corrente maior. Outra forma de olhar para isso é constatar que o dólar vai ter de ser mais fraco. Quais são as moedas que vão ficar mais fortes? A grande dúvida do mundo é essa, qual é a contrapartida do dólar fraco. Com Europa e Japão com desempenho econômico fraco, é difícil imaginar como é que as suas moedas vão se apreciar. A China, claramente, tem de ser uma contrapartida, mas tem uma viscosidade lá, eles não deixam, tentam segurar o câmbio desvalorizado, na base de não deixar o mercado funcionar. Já as moedas flutuantes dos países emergentes vão sofrer pressão para se valorizar.
Qual a sua previsão para o câmbio no Brasil?
Acho que o câmbio vai se valorizar um pouco mais do que se espera por aí. Penso que pode fechar este ano em R$ 1,80 e ir na direção de R$ 1,70 lá na frente, no fim do próximo ano. Eu acho isso exatamente porque tenho a impressão de que o Brasil se encaixa muito bem no mundo nesse papel de consumidor que está faltando. Daquele consumidor de última instância.
Isso não vai preocupar os economistas desenvolvimentistas?
Na minha opinião, 2010 vai ser um ano de debate sobre déficit corrente, sobre câmbio apreciado, sobre regime cambial. Acho que não deveria ser feito, mas vai haver muito desejo de mexer um pouquinho na política cambial, de tentar deixar o câmbio mais desvalorizado. Há o risco de nós não aceitarmos a consequência de uma política fiscal mais frouxa, que é o déficit em conta corrente. Aliás, é fácil de resolver. Sobe o superávit primário, que significa poupar mais, e investe esse excesso. Mas o perigo é entrar num processo de tentar evitar um déficit em conta corrente sem mexer na política fiscal, o que acaba batendo na inflação e nos juros. Seria tentar manter o câmbio desvalorizado sem mexer nos fundamentos.
Será que esse risco também pode ser parte da explicação para os juros de longo prazo mais altos?
Sim, também é, embora eu tenha a impressão de que aquela questão global que eu mencionei é muito relevante.
Estadão- Domingo, 26 de Julho de 2009

Raúl Castro anuncia novo ajuste econômico em Cuba

REUTERS
HAVANA - O presidente cubano, Raúl Castro, disse neste domingo que o governo se prepara para o segundo 'ajuste' de gastos de 2009, devido à crise internacional, e pediu que os cubanos impulsionem a produção agrícola como uma prioridade estratégica. Recentemente, Cuba anunciou uma redução na sua meta de crescimento econômico, de 6% para 2,5%. O país também lançou um plano para diminuir o consumo energético.
Durante discurso para celebrar o 56º aniversário do ataque ao quartel Moncada, ação militar que marcou o início da revolução de 1959, Raúl Castro, 78 anos, disse que nos próximos dias o seu gabinete vai se reunir para avaliar o impacto da crise na ilha.
- A terra está aí, aqui estão os cubanos, veremos se trabalhamos ou não, se produzimos ou não, se cumprimos nossa palavra ou não - afirmou o presidente.
O governo cubano aposta em fazer a economia estatal mais produtiva, no lugar de empreender grandes reformas.
Raúl Castro não mencionou o governo dos Estados Unidos, tema frequente dos discursos políticos.
JB- 26/07/2009- Economia

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Decisão do Copom mexe com juros longos

Valor Online
SÃO PAULO - Seguindo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e a sinalização de que o ciclo de afrouxamento monetário chegou ao fim, os contratos de juros futuros longos tiveram forte alta na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F).
Ao final do pregão, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2011 apontava alta de 0,14 pontos, a 9,89%. O vencimento para janeiro de 2012 também ganhou 0,14 ponto, a 10,99%. E janeiro de 2013 projetava 11,77%, valorização de 0,09 ponto.
Entre os curtos, janeiro de 2010, o mais líquido do pregão, subiu 0,04 ponto, para 8,66%. Com outra dinâmica, agosto de 2009 devolveu 0,04 ponto, a 8,60%. Setembro de 2009 recuou 0,01 ponto, para 8,62%. E outubro de 2009 encerrou a 8,62%, também baixa de 0,01 ponto.
Até as 16h15, antes do ajuste final de posições, foram negociados 1.206.980 contratos, equivalentes a R$ 110,09 bilhões (US$ 57,85 bilhões). O vencimento para janeiro de 2010 foi o mais negociado, com 486.165 contratos, equivalentes a R$ 46,85 bilhões (US$ 24,62 bilhões).
Segundo o sócio da Oren Investimentos Jacob Weintraub, a curva deve mesmo ficar mais premiada. E o que explica isso é a percepção de que 8,75% ao ano não é a taxa de equilíbrio da economia brasileira. " É difícil saber qual o juro de equilíbrio, mas acreditamos que ele é maior que 8,75%. "
Justificando sua percepção, Weintraub lembra que, antes da crise, a taxa básica estava em 11,25% e que, no decorrer de 2008, o Banco Central foi obrigado a elevar a taxa para 13,75% em função do aquecimento da economia.
Portanto, qualquer recuperação maior da atividade resultará em alta de juros. O especialista pondera que, mesmo em retomada, o Brasil não deve atingir a mesma pujança de 2008. Mas, ainda assim, a taxa de 8,75% continua sendo uma medida excepcional, reflexo da crise.
Fora isso, como não é possível saber se o que se configura é mesmo uma recuperação ou se as coisas voltarão a piorar, a postura dos agentes fica mais defensiva.
Ainda de acordo com Weintraub, a inclinação da curva longa também reflete fatores técnicos. Quando o BC está em ciclo de queda da Selic, os agentes aumentam as aplicações em juro prefixado - o que mantém os vencimentos futuros em baixa. Ontem, como a autoridade monetária acenou que o ciclo de baixa acabou, a ideia é de que de o próximo passo é o aperto monetário. Portanto, essas posições em prefixados são desmanchadas.
Na gestão da dívida pública, o Tesouro vendeu 400,4 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFT) a R$ 1,58 bilhão. Também foram colocadas 2.896.200 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), de um lote de 5 milhões, movimentando R$ 2,41 bilhões. Ainda foram vendidas 1.177.900 Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F), com giro de R$ 1,11 bilhão. O Tesouro também ofereceu resgate antecipado de NTN-Fs, mas não houve negócio.
Eduardo Campos Valor Online-23/07/2009

Taxa de desemprego no Brasil recua para 8,1% em junho

REUTERS
RIO - A taxa de desemprego no Brasil diminuiu em junho, contrariando expectativas de estabilidade, mostraram dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O desemprego nas regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE caiu para 8,1%, ante 8,8% em maio. Trata-se do menor patamar desde dezembro do ano passado, quando a taxa foi a menor da série histórica.
Já na comparação com junho de 2008, quando a taxa de desemprego era de 7,9%, houve leve aumento.
A expectativa da maioria de 30 analistas consultados pela Reuters era de manutenção da taxa em 8,8%.
JB- 23-07-09

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Copom reduz taxa de juros em 0,5 ponto, para 8,75%

Portal Terra

SÃO PAULO - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central diminuiu o ritmo, mas manteve os cortes à taxa básica de juros. Em decisão nesta quarta-feira, o órgão decidiu por reduzir a Selic pela quinta reunião consecutiva, em 0,5 ponto percentual, para 8,75% ao ano - o menor valor da história da taxa, criada em 1999.

Desde janeiro, quando a Selic estava em 13,75% ao ano, a taxa já perdeu 5 pontos percentuais. Analistas do mercado financeiro já apostavam na redução de 0,5 ponto percentual, segundo o boletim Focus, publicação semanal elaborada pelo BC, com base em projeções de instituições financeiras para os principais indicadores da economia.

Depois desta redução, os analistas não esperam por mais nenhum corte nos juros básicos em 2009. A Selic serve de referência para outras taxas de juros.

Antes mesmo da decisão do Copom, a Caixa Econômica Federal e a Nossa Caixa anunciaram na terça-feira que vão reduzir as taxas de juros das suas principais linhas de crédito comercial.

JB- 22/07/2009

ONU: Brasil é o quarto país mais atrativo para investimento

Portal Terra
SÃO PAULO - O Brasil é o quarto país do mundo entre os preferidos das empresas para fazer investimentos. De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pela agência da ONU para o desenvolvimento do comércio (Unctad), o Brasil fica atrás apenas de China, Estados Unidos e Índia na preferência de empresas estrangeiras para investimento entre 2009 e 2011.

A posição do País é uma acima da ocupada no ano passado. Segundo a Unctad, tanto o Brasil, como China, Índia e Rússia (quinta no ranking) atraem investidores pela perspectiva de crescimento de mercado, mão-de-obra barata e acesso a recursos naturais. O Brasil também foi citado na pesquisa como um país que concede incentivos para investimentos estrangeiros.

De acordo com a pesquisa, a América Latina foi uma das regiões do mundo que melhor conseguiu passar pela crise econômica até o momento.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Caixa reduz juros pela sétima vez, antes de decisão do Copom

Agência Brasil
BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal anunciou nesta terça-feira (21) que vai reduzir as taxas de juros de 13 das suas principais linhas de crédito comercial, a partir da próxima segunda-feria (27). Será a sétima redução de juros da instituição no ano, acompanhando os cortes de 4,5 pontos percentuais que o Comitê de Política Monetária (Copom) realizou, de janeiro para cá, na taxa básica de juros (Selic).
Agora, com a perspectiva de o colegiado de diretores do Banco Central anunciar nova queda na taxa de juros, na quarta-feira (22), a Caixa se antecipa aos demais agentes financeiros e divulga cortes para beneficiar pessoas físicas e empresas. A redução faz parte da estratégia da Caixa de praticar as menores taxas do mercado, de acordo com o vice-presidente de Pessoa Física do banco, Fábio Lenza.Segundo ele, “uma das diretrizes mais importantes do banco é cobrar as menores taxas entre os grandes bancos de varejo. Dessa forma, fortalecemos nosso posicionamento estratégico, conquistando novos clientes, e ajudamos a aumentar a competição no mercado bancário, demanda de toda a sociedade”.
O destaque nos cortes anunciados é a redução no crédito pessoal, que cairá de 4,91% para 4,04% ao mês, seguido da diminuição das taxas de penhor, de 2,08% para 2,05%. No micropenhor, os juros também caem de 1,70% para 1,68%, e no consignado, a taxa máxima passa de 2,31% para 2,28% e a mínima permanece em 0,85% ao mês.
O cheque especial também terá cortes que variam de 0,59% a 4,17% na taxa mensal, com a taxa mínima sendo reduzida de 1,20% para 1,15% ao mês. A instituição diminuiu ainda as taxas do Cartão Turismo Parcelado nas bandeiras Visa e Mastercard, com reduções entre 15,15% a 20,83% na taxa mensal. No Crediário Caixa Fácil, a redução acompanhará o corte da Selic.
Para pessoa jurídica, independente do porte, o banco reduziu os juros do cheque empresa em até 3,18% na taxa mensal. No crédito especial empresa, para antecipação a fornecedores micro e pequenas empresas o banco tem taxas a partir de 1,68% ao mês, o que implica em redução de até 4% nas taxas atuais.
Para médias e grandes empresas, o corte foi ainda maior no crédito especial empresa, que ficará até 8,37% mais barato. A decisão da Caixa também beneficia descontos de títulos (cheques e duplicatas) com redução das taxas mensais entre 13,7% e 9,5%, e revela que a conta garantida ficará até 18,18% menos cara.
Para o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Carlos Brito, o objetivo é a ampliação da participação da Caixa no mercado. "Realizaremos concessões de empréstimos conscientes e facilitaremos também o crédito às micro e pequenas empresas, ampliando suas atividades e gerando mais emprego e renda para a população", completa o executivo.
DCI- Politica Econômica- 21-07-09

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Empresário mostra confiança pela 1a vez no ano, aponta CNI

REUTERS
SÃO PAULO - Os empresários da indústria brasileira recuperaram a confiança, de acordo com pesquisa trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta segunda-feira. É a primeira vez no ano que o setor demonstra tal sentimento.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) ficou em 58,2 pontos na atual leitura, ante 49,4 pontos na pesquisa de abril. No mesmo mês de 2008, o indicador estava em 58,1 ponto.
Valores abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança e valores acima denotam confiança.
- O crescimento do ICEI em julho corrobora a reversão das expectativas negativas e anuncia a recuperação da atividade industrial - avaliou a CNI em nota divulgada no site da entidade. Com a confiança maior, a confederação acredita que os empresários deverão retomar investimentos e aumentar a produção.
O levantamento da CNI mostrou que a confiança melhorou nos três portes de empresas: nas grandes atingiu 59,4 pontos, entre as médias cresceu para 58,5 pontos e nas pequenas alcançou 56,2 pontos.
Entre os 27 setores de atividade pesquisados, 25 apresentaram aumento da confiança do empresário. A maior foi registrada no setor de outros equipamentos de transporte, com 63,5 pontos. Na sequência, aparecem equipamentos hospitalares e de precisão (62,8 pontos) e limpeza e perfumaria (62,2 pontos).
EXPECTATIVA TAMBÉM MELHORA
O indicador sobre a expectativa dos empresários também melhorou, conforme a pesquisa, alcançando 63,6 pontos em julho, ante 61,6 pontos no mesmo mês de 2008 e 57,6 pontos em abril.
A expectativa dos empresários em relação à economia brasileira ficou em 60,6 pontos e em relação à própria empresa, em 65,1 pontos.
Quando questionado sobre as condições atuais, contudo, o empresário ainda se mostrou desconfiado, mas menos pessimista que na pesquisa anterior. Tal indicador saiu de 33,2 pontos para 47,2 pontos.
A avaliação sobre as condições da economia atingiu 45,7 pontos e em relação à própria empresa, 48 pontos.
A pesquisa foi realizada com 1.513 empresas (891 pequenas, 415 médias e 207 grandes) entre os dias 30 de junho e 17 deste mês.
JB- 20/07/2009

Lobão diz que Petrobras terá posição privilegiada para pré-sal

REUTERS
BRASÍLIA - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou nesta segunda-feira que a Petrobras terá uma posição privilegiada em relação às reservas de petróleo da região pré-sal.
Lobão confirmou na última semana que o governo decidiu criar uma estatal para cuidar diretamente dos investimentos do petróleo na camada pré-sal. De acordo com o ministro, também há decisão política de substituir o atual sistema de concessão de blocos pelo sistema de partilha de produção.
Pela nova regra, a ser aplicada exclusivamente na região do pré-sal, a União ficaria com determinado percentual da produção, ao passo que caberia às empresas exploradoras o restante do insumo recolhido.
A parte que caberá à União será destinada a um fundo social, garantirá investimento para os setores sociais, como educação e saúde.
Os percentuais de divisão ainda não estão definidos e devem ser apresentados ao presidente Lula dentro de 15 dias, em uma reunião que irá definir as linhas finais do marco regulatório do pré-sal.
A ideia do executivo é enviar um projeto de lei em regime de urgência para o Congresso nacional no início dos trabalhos do Segundo semestre.
O sistema e partilha de produção vinha sendo defendido pela Petrobras pelo fato de a empresa considerar que a exploração da camada pré-sal tem menos riscos para o investidor do que outros blocos de petróleo, que hoje funcionam em sistema de concessão.
JB- 20/07/2009

Brasil e Rússia em discussão em reunião em Moscou

Aleksander Medvedovsky*, Jornal do Brasil
MOSCOU - Foi iniciada nesta segunda-feira em Moscou a 5ª Reunião da Comissão mista de Alto Nível dos governos do Brasil e da Rússia, chefiada pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Guimarães, e o primeiro-ministro russo Vladimir Putin.
Da parte do Brasil, os principais assuntos são: a participação russa em investimentos nos grandes projetos nacionais – pré-sal em primeiro lugar, a insatisfação dos exportadores de carnes do Brasil com as cotas geográficas e outras dificuldades, que tem influência negativa no desempenho das exportações para a Rússia em comparação com outros concorrentes, e a certificação dos aviões da Embraer. Está sendo discutida também a possibilidade das exportações de laticínios para a Rússia.
Do lado russo, a venda da segunda leva de helicópteros para o Exército brasileiro e outros materiais bélicos, as exportações brasileiras de fertilizantes e trigo e o baixo nível das importações de produtos russos estão entre os temas predominantes. Nenhumas das partes pode considerar positivo o resultado dos primeiros seis meses de 2009. O fluxo do comércio bilateral caiu em comparação com 2008.
A única unidade industrial brasileira na Rússia – a fábrica da Sadia na cidade Kaliningrado – foi vendida. Nas relações comerciais, continua dominando pura e simples troca de produtos básicos. As entidades empresariais de ambos os países ainda não assumiram o papel de liderança, nem tão pouco os governos elegeram o projeto para pilotar o processo de melhoramento da qualidade do comércio entre a Rússia e o Brasil
O vice-presidente José Alencar iria chefiar a comitiva, mas ficou impossibilitado devido à recente intervenção cirúrgica. Também participam das reuniões outros representantes dos governos e empresários de ambos países, além dos membros do Conselho Empresarial Brasil-Rússia.
JB 20/07/2009

sábado, 18 de julho de 2009

Nova moeda é viável, mas processo será lento, dizem analistas

Economistas argumentam que proposta precisa de grande articulação dos países e, mesmo assim, vai levar tempo

Giuliana Vallone, do estadao.com.br

SÃO PAULO - A proposta de criar uma nova moeda de reserva mundial para substituir o dólar vai enfrentar grandes dificuldades de implementação, dizem economistas. Para eles, a mudança exigiria um grau de articulação altíssimo, ou um processo muito lento de substituição da moeda norte-americana por outra nas transações comerciais.

Veja como o dólar se tornou a moeda de referência mundial

Até a 1ª Guerra, economias usavam padrão-ouro; conferência de Bretton Woods, em 1944, mudou o cenário

O dólar passou a ser referência em todo o mundo ainda na primeira metade do século XX, quando o padrão-ouro, adotado até então, fracassou. Até o início da Primeira Guerra Mundial, as instituições financeiras de cada país adotavam uma taxa fixa para suas moedas em relação ao outro. As negociações comerciais eram feitas respeitando esse preço fixo, impedindo que alguns países mexessem em sua taxa de câmbio para aumentar suas exportações e reverter déficits comerciais, e, assim, garantindo a estabilidade da economia.

Comércio em moeda local com a Argentina ainda é modesto

Enquanto Banco Central defende que sistema está crescendo no Brasil, economista fala em 'sonho de verão'

A declaração final da cúpula dos Brics - Brasil, Rússia, Índia e China -, em junho, não faz referências explícitas ao tema da substituição do dólar no comércio mundial. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz - repetidas vezes. À uma revista chinesa, em maio, disse que "é absurdo que duas nações comerciais importantes continuem a fazer comércio na moeda de um terceiro país". Neste mês, em Áquila, na Itália, divulgou o empenho brasileiro em adotar programas de comércio em moeda local com China, Índia e os vizinhos sul-americanos.
As maires reservas internacionais ao redor do mundo

Veja o que são e para que servem as reservas em moeda estrangeira acumuladas pelas nações

As reservas internacionais de um país representam o total de moeda estrangeira (principalmente dólares, no caso brasileiro) mantido pelo Banco Central, disponível para uso imediato. A maioria desses recursos fica aplicada em títulos da dívida de outros países.

Estatal do pré-sal poderá gerir áreas estratégicas, diz Lobão

Segundo ministro, empresa que será criada pelo governo vai administrar áreas em que haja grandes reservas
Leonardo Goy e Tânia Monteiro, da Agência Estado BRASÍLIA - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta quinta-feira, 16, que a futura estatal, que será criada para administrar a exploração de petróleo do pré-sal, também poderá administrar as chamadas "áreas estratégicas" que, segundo o próprio ministro, seriam outras regiões do País, fora do pré-sal, onde eventualmente poderão existir grandes reservas de petróleo. "Tudo passará pela estatal e pela Agência Nacional do Petróleo. Onde houver grande concentração de petróleo, também poderá ir para a estatal", afirmou.
Na última segunda-feira, depois da reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lobão disse que o sistema de partilha - no qual o óleo pertence à União e as empresas são remuneradas por um porcentual fixo na produção ou na receita - deverá ser aplicado não somente no pré-sal, mas também nas "áreas estratégicas". Nesta quinta, o ministro acrescentou que essas áreas estratégicas também poderão ser administradas pela nova estatal que vai gerir o pré-sal.
Ao ser questionado se a ANP terá no pré-sal a incumbência de fazer os leilões, Lobão disse que a agência terá seu papel "relevante e saliente" como sempre teve, inclusive na formulação dos editais. "E os leilões são feitos a partir dos editais", ressaltou.
Com relação aos royalties do pré-sal e a disputa dos Estados que querem aumentar a participação nessas futuras áreas de exploração, Lobão limitou-se a afirmar que, como o atual sistema será mantido nas áreas que já estão sendo exploradas, os Estados e municípios que recebem royalties continuarão com essa renda. Lobão também reiterou que a Petrobras, por ser uma empresa nacional, terá no pré-sal possibilidade de ser contratada diretamente. "Mas isso não impede a contratação de outras empresas".
Prazo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou nesta quinta que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, se comprometeu a apresentar em 10 dias o marco regulatório para o setor do pré-sal. O prazo foi estabelecido na reunião ministerial da última segunda-feira. "Não quero que seja um projeto meu, mas da sociedade, para que ninguém nunca mais tente privatizar esse patrimônio", disse o presidente, em discurso no 51º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Antes de começar a cerimônia, os estudantes manifestaram apoio à ministra Dilma Rousseff pré-candidata à Presidência da República. Ainda em seu discurso, Lula defendeu o sistema de cotas nas universidades.

''Brasil enfrenta bem a crise porque fez o dever de casa''

Para vice-presidente do Banco Mundial, alguns países da América Latina adotaram políticas adequadas
Fernando Dantas
A América Latina está resistindo melhor a esta crise do que resistiu às do passado porque se preparou adequadamente durante os anos que a precederam, segundo Pamela Cox, vice-presidente para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial. O Brasil, para ela, "é um dos países que fizeram o dever de casa", com sólida política fiscal, redução de pobreza e acúmulo de reservas.
Ela acha, entretanto, que a região é dependente do comércio mundial e, portanto, precisa da recuperação do mundo desenvolvido para manter um ritmo satisfatório de crescimento no médio e longo prazos. Pamela esteve no Brasil esta semana, onde participou, no Rio, na segunda-feira, de um seminário sobre investimentos públicos na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ela conversou com o Estado no Rio.
A economista elogiou o Bolsa-Família e a sua expansão em plena crise, o que dá aos pobres uma rede de segurança social. O Banco Mundial prevê que a crise levará ao aumento de 8 milhões a 13 milhões no número de pobres na América Latina e no Caribe, depois de uma queda de 60 milhões de 2002 a 2006.
A economista notou que, diferentemente do Leste Europeu, a América Latina não foi atingida pela crise por meio do setor financeiro, mas da economia real, afetada pela contração do comércio internacional e pela queda do preço das commodities. "A América Latina foi atingida não porque tenha aplicado as políticas econômicas erradas, mas por causa da abertura para o resto do mundo."
Ela observou que, entre 2002 e 2006, a América Latina foi beneficiada com um crescimento médio de 5% ao ano e diversos países da região aproveitaram para implementar políticas econômicas adequadas, como superávits fiscais, redução da dívida pública e taxas de câmbio flexíveis.
Para Pamela, há, dentro da América Latina, diferenças entre o desempenho dos países na crise. Ela cita fatores como a dependência dos Estados Unidos em termos de comércio, muito forte no caso do México e de vários países centro-americanos, como um fator que aumentou o impacto da crise. Países como Venezuela e Equador, por outro lado, são muito dependentes das receitas do petróleo e prejudicados pela queda no seu preço.
Quanto ao fato de Venezuela, Equador e Argentina, por exemplo, terem executado políticas econômicas bem distintas de países como Brasil, Chile e Peru, ela é mais cautelosa. Evitando críticas específicas, diz apenas que os que "têm determinado tipo de política econômica - não têm dívida alta, não gastam mais do que podem e gastam sabiamente em investimentos de alto retorno - são os que crescem mais no longo prazo".

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Brasil criou mais de 119 mil postos em junho

SÃO PAULO, 16 de julho de 2009 - O País criou 119.495 postos de trabalho no mês de junho, segundo informações divulgadas hoje pelo Ministério do Trabalho. De acordo com dados do ministério, foram admitidos 1.356.349 e demitidos 1.236.854 de trabalhadores formais, ou seja, com carteira assinada, no mês.
De janeiro a junho deste ano, o número de empregos criados acumula 299.506. Os dados constam do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que estão sendo divulgados em entrevista coletiva com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Setores
A elevação do emprego em junho de 2009 é resultado do desempenho positivo de quase todos os setores de atividade econômica. Em termos absolutos, os setores que mais contribuíram para o resultado verificado foram a Agricultura, com 57.169 postos de trabalho (+3,51%), Serviços (22.877), a Construção Civil (18.321) e o Comércio (17.522). A Indústria de Transformação apresentou saldo positivo de 2.001 postos, consolidando o terceiro mês seguido de expansão do emprego no setor. A exceção é o Extrativo Mineral, com saldo de 26 postos de trabalho fechados, dado que aponta estabilização no setor.
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