Valor Online
SÃO PAULO - Seguindo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e a sinalização de que o ciclo de afrouxamento monetário chegou ao fim, os contratos de juros futuros longos tiveram forte alta na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F). Ao final do pregão, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2011 apontava alta de 0,14 pontos, a 9,89%. O vencimento para janeiro de 2012 também ganhou 0,14 ponto, a 10,99%. E janeiro de 2013 projetava 11,77%, valorização de 0,09 ponto. Entre os curtos, janeiro de 2010, o mais líquido do pregão, subiu 0,04 ponto, para 8,66%. Com outra dinâmica, agosto de 2009 devolveu 0,04 ponto, a 8,60%. Setembro de 2009 recuou 0,01 ponto, para 8,62%. E outubro de 2009 encerrou a 8,62%, também baixa de 0,01 ponto. Até as 16h15, antes do ajuste final de posições, foram negociados 1.206.980 contratos, equivalentes a R$ 110,09 bilhões (US$ 57,85 bilhões). O vencimento para janeiro de 2010 foi o mais negociado, com 486.165 contratos, equivalentes a R$ 46,85 bilhões (US$ 24,62 bilhões). Segundo o sócio da Oren Investimentos Jacob Weintraub, a curva deve mesmo ficar mais premiada. E o que explica isso é a percepção de que 8,75% ao ano não é a taxa de equilíbrio da economia brasileira. " É difícil saber qual o juro de equilíbrio, mas acreditamos que ele é maior que 8,75%. " Justificando sua percepção, Weintraub lembra que, antes da crise, a taxa básica estava em 11,25% e que, no decorrer de 2008, o Banco Central foi obrigado a elevar a taxa para 13,75% em função do aquecimento da economia. Portanto, qualquer recuperação maior da atividade resultará em alta de juros. O especialista pondera que, mesmo em retomada, o Brasil não deve atingir a mesma pujança de 2008. Mas, ainda assim, a taxa de 8,75% continua sendo uma medida excepcional, reflexo da crise. Fora isso, como não é possível saber se o que se configura é mesmo uma recuperação ou se as coisas voltarão a piorar, a postura dos agentes fica mais defensiva. Ainda de acordo com Weintraub, a inclinação da curva longa também reflete fatores técnicos. Quando o BC está em ciclo de queda da Selic, os agentes aumentam as aplicações em juro prefixado - o que mantém os vencimentos futuros em baixa. Ontem, como a autoridade monetária acenou que o ciclo de baixa acabou, a ideia é de que de o próximo passo é o aperto monetário. Portanto, essas posições em prefixados são desmanchadas. Na gestão da dívida pública, o Tesouro vendeu 400,4 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFT) a R$ 1,58 bilhão. Também foram colocadas 2.896.200 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), de um lote de 5 milhões, movimentando R$ 2,41 bilhões. Ainda foram vendidas 1.177.900 Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F), com giro de R$ 1,11 bilhão. O Tesouro também ofereceu resgate antecipado de NTN-Fs, mas não houve negócio.
Eduardo Campos Valor Online-23/07/2009
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