segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Produção industrial sobe 2,2% em julho, ante junho

Econômia

SÃO PAULO, 31 de agosto de 2009 - A produção industrial brasileira teve alta de 2,2% em julho deste ano, na comparação com o mês anterior, segundo informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Este é o sétimo avanço consecutivo na relação mensal.
Já ante o mesmo mês do ano passado, a produção industrial teve queda de 9,9% em julho de 2009. Esta é a menor retração anual desde abril. No acumulado do ano, o índice recuou 12,8% e 8% nos últimos 12 meses.
De acordo com a pesquisa, 23 dos 27 segmentos industriais monitorados avançaram em julho, quando comparado a junho. O desempenho de maior importância para o resultado global veio de máquinas e equipamentos (8,9%), que após forte ajuste na produção, no final do ano passado, acumulou ganho de 11,6% entre abril e julho.
Também merece destaque o avanço de 4,5% na metalurgia básica, que mostra crescimento por quatro meses consecutivos, influenciado, neste mês, pelo retorno a operação de alguns alto fornos. Em seguida, aparecem os setores: Alimentos (1,9%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (12,1%), borracha e plástico (5,6%), minerais não metálicos (3,6%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,5%).
Já as principais influências negativas foram: Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,1%). A atividade de veículos automotores, após acumular um ganho de 69,2% de janeiro a junho, fica praticamente estável em julho (0,1%).
Entre as categorias de uso, o setor de bens de consumo duráveis (4,6%) sustentou o maior ritmo de crescimento, na passagem de junho para julho, seguido por bens intermediários (2,0%) com ritmo próximo ao do total da indústria (2,2%), enquanto bens de capital (1,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,0%) cresceram abaixo da média.
 Agência IN  31/08/2009

domingo, 30 de agosto de 2009

Brasil está apto a ser 1º grau de investimento pós-crise, diz Moody's

BBC Brasil
O Brasil reúne as condições necessárias para se tornar, nos próximos dias, o primeiro país, entre os 100 países analisados pela agência de classificação de risco Moody's, a ser avaliado como ''grau de investimento'' desde o início da crise econômica.
É essa a opinião do analista-chefe para o Brasil da agência, Mauro Leos. A classificação é dada a países cujas economias são consideradas seguras para investidores. A categoria determina se um país oferece ou não risco de pagar seus títulos. Quanto mais elevada a classificação, maior a propensão em atrair títulos.
Entenda o que é "rating" ou nota de risco
Em entrevista à BBC Brasil, Leos afirmou que, se a conclusão do comitê de avaliação da agência for a de que o Brasil merece entrar nessa categoria isso se dará porque ''o país está apto a arcar com choques externos, está se movendo na direção certa e os riscos crediários que enfrenta são mais baixos do que antes''.
Outras duas agências de risco, a Standard & Poor's e a Fitch Ratings, já haviam elevado a classificação do Brasil para grau de investimento, no ano passado.
Mas a Moody's, ao contrário das duas outras, decidiu não elevar a categoria do país no ano passado, a fim de aguardar para ver o quanto o país seria afetado pelos efeitos da crise econômica mundial.
''O Brasil se saiu melhor do que o esperado. E um dos fatores decisivos para rever a classificação do país foi a avaliação do mercado. No Brasil, após um período crítico entre setembro e novembro, quando houve queda da atividade econômica, o sentimento do mercado melhorou consideravelmente'', afirma Leos.
Emergentes Segundo ele, a despeito do ''declínio abrupto do quarto trimestre de 2008, o Brasil se diferenciou de outras economias emergentes em 2009, porque já está crescendo a uma taxa de 4%, no terceiro trimestre, em termos anuais, um índice que não temos visto em outros países''. Fatores como sistema bancário sólido, balanço de pagamentos positivo e retorno do fluxo de capitais foram determinantes para provocar a revisão da Moody's. O analista afirma que o Brasil, assim como outras nações afetadas pela crise, sofreu um aumento de seu déficit fiscal e, consequentemente, da dívida pública.


''Mas no caso do Brasil, isso não é grande o suficiente para causar preocupação. A posição oficial do governo é a de retomar balanços primários consistentes com o compromisso de reduzir a dívida pública.''
De acordo com Leos, se vier a ser de fato considerado grau de investimento pela última agência que faltava, isso possibilitará ao Brasil contrair empréstimos mais elevados a taxas de juros mais baixas.
A avaliação também abrirá caminho para fundos de investimentos e os fundos de pensões americanos que têm como critério só investir em países que são avaliados como grau de investimento por diferentes agências de classificação.
Folha online- 28/08/2009

sábado, 29 de agosto de 2009

Zona do euro dá primeiros sinais de saída da crise global

 INTERNACIONAL
Agência EstadoPanoramaBrasil
BRUXELASFRANKFURT - A economia da zona do euro já dá seus primeiros sinais de melhora depois que Alemanha e França saíram da recessão no segundo trimestre. No entanto, o fluxo de crédito ainda sinaliza desaceleração para o setor privado.
Ontem, pesquisa da Conference Board mostrou que o índice dos principais indicadores da zona do euro subiu 1,6% em julho, para 97,4. O indicador aumentou pelo quarto mês consecutivo. O índice é formado por oito componentes, como confiança econômica e encomendas de bens de capital, e visa indicar a tendência econômica da região para até seis meses à frente.
No segundo trimestre, a economia da Espanha se contraiu mais que o esperado, contrastando com a recuperação vista na Alemanha e na França, devido a uma deterioração da demanda interna, segundo os dados divulgados pela agência nacional de estatísticas ontem. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,1% sobre o primeiro trimestre, quando a retração foi de 1,6%.
Já a confiança do consumidor da Alemanha aumentou para o maior patamar em 15 meses em setembro, de acordo com um indicador antecedente, divulgado ontem, em razão de menores preços e de um mercado de trabalho mais estável. O índice do grupo de pesquisa GfK subiu para 3,7 na leitura para o próximo mês, ante o dado revisado para baixo de 3,4 em agosto.
Já o aumento dos créditos ao setor privado registrou nítida desaceleração em julho na zona do euro, de acordo com dados do Banco Central Europeu (BCE) divulgados ontem, consequência do temor dos bancos de emprestar e dos planos de economia das empresas em dificuldades.
Os créditos ao setor privado aumentaram 0,6% ao ano, contra altas de 1,5% em junho e 1,8% em maio, informou o Banco Central Europeu (BCE). A desaceleração do aumento dos empréstimos bancários às empresas está se intensificando. Ao mesmo tempo, os temores de escassez de crédito que ameaçam entravar uma retorno duradouro ao crescimento aumentam na Europa, principalmente na Alemanha, onde a demanda de crédito é mais forte que a média. "Os temores de escassez do crédito parecem estar se materializando", disse Jean-Christophe Caffet da Natixis.
Os bancos endureceram os critérios de concessão de crédito nos últimos meses, mas ao mesmo tempo a demanda caiu em razão do adiamento dos investimentos das empresas em subcapacidade, principalmente na indústria, segundo Caffet. "Claro, uma forte desaceleração do aumento do crédito é mais do que normal quando a economia está no meio de uma severa recessão", disse Carsten Brzeski da ING. "Mas o ciclo do crédito deve rapidamente melhorar sua tendência para permitir uma verdadeira retomada", acrescentou.
"Com tão poucos sinais de uma vontade dos bancos de emprestar, uma retomada em V na zona euro é improvável", disse Ben May da Capital Economics. O BCE publicou ontem seu indicador antecipado da inflação, a massa monetária M3. O índice aumento 3% em julho em um ano, contra 3,6% em junho.
Os economistas interrogados pelo Dow Jones Newswires previam um crescimento ligeiramente superior, a 3,1%. "Este é o 15º mês de recuo do M3, ressaltou May, o que parece confirmar a ausência de pressões inflacionárias em um futuro próximo", completou Brzeski. "O Banco Central Europeu (BCE) sabe disso muito bem, e por isso não está apressado em abandonar sua política monetária acomodativa".
Há meses o BCE alimenta os bancos implantados na zona do euro em liquidez a taxas muitos pequenas, para incentivá-los a aumentar seus empréstimos á economia real. A principal taxa diretriz do banco central europeu está em 1% desde maio - seu mais baixo nível da história.
Gratificações
José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia (CE - órgão executivo da União Europeia), mostrou sua satisfação ontem pelo fato de que os líderes europeus proponham regular as gratificações dos diretores. No entanto, lembrou que a CE apresentou no final de 2004 uma recomendação nesta linha, à qual "quase ninguém prestou atenção". Barroso disse que está "muito feliz" com que alguns líderes se comprometam agora com a regulação do sistema de gratificações a altos executivos, em referência à iniciativa que Alemanha e França.
DCI- 28 28/08/09

BNDES e Fundação BB apoiarão economia solidária

POLÍTICA ECONÔMICA
Agência Brasil
28/08/09 RIO DE JANEIRO - Os projetos de economia solidária e promoção do desenvolvimento territorial vão receber apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da ordem de R$ 40 milhões, para combater os efeitos negativos que venham ocorrer no entorno de grandes obras financiadas pelo banco, como as do Complexo Industrial Portuário de Suape (PE), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Hidrelétrica de Estreito (MA/TO) e da Ferrovia Transnordestina, entre outros.
Um acordo de cooperação técnica com esse objetivo foi assinado hoje (28) entre o BNDES e a Fundação Banco do Brasil (FBB). Ele prevê que os recursos não reembolsáveis serão divididos meio a meio entre as duas instituições.
O diretor das Áreas de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar, em entrevista à Agência Brasil, explicou que em obras do porte de Suape, por exemplo, a tendência é de no seu entorno aparecerem favelas ou ambientes não muito salubres.
“A nossa intenção é fomentar a constituição de cooperativas de serviços e de produção de baixa renda para que elas possam oferecer serviços e produtos para aquele adensamento populacional que vai acontecer ali em Suape. Dessa forma, a gente consegue evitar a sub-habitação, a aglomeração irregular. A gente consegue diminuir os impactos negativos de um projeto de grande porte. É esse o objetivo”.
Gaspar disse que o acordo será desenvolvido em duas frentes: com os estados e os Territórios da Cidadania, para apoiar os projetos de desenvolvimento econômico e geração de trabalho e renda, principalmente no semiárido do Nordeste; e no entorno das grandes obras, principalmente as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O diretor do BNDES afirmou ainda que o acordo prevê a realização anual de um plano tático de atuação conjunta entre o banco e a FBB. Ele estima que serão apoiados no primeiro ano mais de mil projetos, e que, nos próximos dias, serão escolhidos os projetos no âmbito do programa Territórios da Cidadania no semiárido nordestino.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Classes C e D consomem mais e redes diversificam produtos

25/08/09
SÃO PAULO - Vinhos, queijos e batata congelada importados são os novos integrantes da cesta de compras mensal dos consumidores das classes D e E paulistas. Atenta às mudanças no consumo dessa fatia da população, a Cooperativa de Consumo (Coop) fez parceria com a Rede Brasil de Supermercados, formada por outras 15 varejistas, para a compra destes e outros produtos importados a fim de melhorar a competitividade nesta categoria. Segundo a LatinPanel, empresa de pesquisa de consumo domiciliar, completam a lista de compras: achocolatado em pó, caldo, iogurte, leite longa-vida e salgadinhos.
Diante do cenário de incremento do poder aquisitivo desta população no País, algumas varejistas estão ampliando o mix de produtos nas lojas para atender à nova demanda. "Muitas famílias estão trocando artigos habituais por aspiracionais", disse Emerson Poppi, gerente de Compras e Mercearia da Coop.
Mesmo com essas mudanças, as 28 lojas da Coop ampliaram a oferta de produtos com valor agregado mais baixo em embalagens maiores, como as fraldas descartáveis, antes restritas às marcas convencionais, mas agora com pacotes de até 100 unidades, dependendo do tamanho. As prateleiras da categoria de higiene e limpeza também receberam creme dental e sabonete líquido com preços competitivos.
Poppi crê que parte do desempenho do primeiro semestre deste ano, que foi 10% superior frente ao de igual período de 2008, é atribuído ao aumento do consumo das classes D e E. Levantamento da LatinPanel apontou a que nos seis primeiros meses essas pessoas compravam 22 tipos de produtos, e agora passaram a comprar 27, enquanto as da classe C subiram um item, totalizando 33. Já a cesta dos integrantes das classes A e B manteve-se estável em 34 produtos no período.
De acordo com Patrícia Menezes, gerente de Marketing e Comunicação da empresa de pesquisa, os itens que integraram a nova cesta de compras são consumidos em pelo menos 70% das casas dos brasileiros. "Isso é reflexo dos programas de incentivo do governo federal, como o Bolsa Família, que estão enchendo a despensa e a geladeira das famílias."
A cada ida ao supermercado, os clientes das classes D e E desembolsaram R$ 10,04, valor que no primeiro semestre de 2008 atingia R$ 9,34. Além disso, o número de idas ao ponto-de-venda subiu de 13 vezes ao mês para 15, nos seis meses de 2009, sendo que o tíquete médio acompanhou esta evolução, crescendo de R$ 11,55 para R$ 12,45.
Expansão
A bandeira de hard discount TodoDia é um dos focos de expansão do Walmart no País este ano, tanto que no próximo mês chegará ao Estado do Rio Grande do Sul. Composta por 53 estabelecimentos, a marca da varejista norte-americana registrou avanço de dois dígitos nas vendas do primeiro semestre, ante o mesmo período do ano passado.
"O potencial de compra do nosso público está crescendo muito rápido. Ao inaugurar unidades na Região Sul, mostra que esta é uma operação nacional, e para isso é preciso ver que os clientes das classes C, D e E têm uma cesta de consumo diferente", pontuou Demétrio Magnani, vice-presidente de Operações do Todo Dia. Para obter melhor desempenho, opta por trabalhar com produtos regionalizados.
Ele conta que a rede passou a encomendar maior volume de cereais, óleo, mistura para bolos e sucos, pois o acesso a novas categorias é bastante intenso, forçando o aumento do espaço desses itens nas gôndolas.
Além disso, esses consumidores estão gastando mais com artigos de higiene e limpeza, categoria que cresce no ritmo de dois dígitos. "Eles [os consumidores] se permitem pequenas indulgências, como comprar mais cosméticos e perfumes", finaliza Patrícia, da LatinPanel.
DCI -

domingo, 23 de agosto de 2009

Antoninho Marmo Trevisan: “Brasil dá lições ao mundo na crise”

Economia Rodrigo de Almeida
RIO - Habitualmente bem-humorado, o empresário Antoninho Marmo Trevisan tem estado especialmente festivo neste inverno. Credite-se a dois êxitos gloriosos – um seu, em particular, e outro do país.
Primeiro, está comemorando este mês 10 anos de fundação da Trevisan Escola de Negócios, concebida para formar profissionais dedicados ao ambiente corporativo, iniciativa surgida depois que o grupo conquistou uma sólida credibilidade nas áreas de auditoria e consultoria empresarial. O segundo motivo de alegria resulta do desempenho da economia brasileira em tempos de crise internacional. Para ele, o Brasil tem dado lições ao mundo de como enfrentar a turbulência. As duas coisas unem-se por um fio comum, como mostra Trevisan na entrevista a seguir. “A crise mostrou que há uma necessidade muito grande de construirmos padrões de ensino que sejam ligados a cada país”, sugere o empresário-educador.
Na conversa, o empresário põe o dedo na ferida do modelo de educação que costuma distanciar o aluno da realidade, maneira ultrapassada e contraproducente de preparar as novas gerações para o desenvolvimento. Também analisa duas formas de lição – sobre a crise e sobre a formação dos novos profissionais. Nos dois casos, sublinha, a velocidade das mudanças e a complexidade das soluções adornam o imperativo da competitividade.
A Escola de Negócios Trevisan está completando 10 anos neste mês. Qual o balanço da data?
- É um balanço de felicidade. Primeiro, é a satisfação de ter criado uma instituição que ficará por mais 10, 20, 100 anos. É saber que essa iniciativa começa a colher frutos. Reunimos em coquetel de comemoração vários empresários do país e pude ver o respeito que eles têm pela questão da educação. Esses 10 anos mostraram a importância da educação, sobretudo essa educação na qual estamos envolvidos. Segundo, essa crise econômica mostrou que há uma necessidade muito grande de construirmos padrões de ensino que sejam ligados a cada realidade, a cada país.
Para uma crise, efeitos e soluções diferentes...
- Exatamente. O Brasil tem características próprias e está saindo da crise com instrumentos muito particulares, fazendo distribuição de renda forçada e gerando pressão para novos investimentos. O terceiro ponto é que a capacitação das pessoas tornou-se uma necessidade quase continuada. Com a crescente necessidade de convergência do mundo tributário, financeiro, administrativo e contábil, não há mais como abandonar os bancos escolares. Nesse aspecto, nossa escola ficou bem posicionada. O quarto é último ponto a comemorar é a satisfação de ser referência entre os auditores. Uma parte significativa de nossos alunos é encaminhada pelas próprias empresas de auditoria, ou seja, concorrentes da nossa empresa de auditoria. Ser escolhido por um concorrente seu confirma que fizemos um bom trabalho nesses 10 anos.
Nesses 10 anos, o que mudou no perfil do ensino numa escola de negócios?
- O dinamismo da economia ganhou uma velocidade tal que só mesmo uma escola ligada ao mundo empresarial consegue traduzir e implementar seu programa com a mesma velocidade com que as mudanças ocorrem. As melhores escolas de negócios do mundo, inclusive a de Harvard, estão revendo suas posições. Antes, viam um livro ser lançado e depois de alguns anos de análise o incorporavam na grade curricular. O dinamismo da economia se acelerou de tal maneira que não há mais como fazer isso. Quando criamos a escola, há 10 anos, o que fizemos? Pensamos numa escola sem lápis e sem papel. O aluno fica antenado ao seu laptop. Isso há 10 anos... A maneira como é preciso ensinar hoje executivos e jovens estudantes tem de ser a prática vivenciada pelas empresas. A performance das empresas está ditando o que estamos ensinando. As empresas serão cada vez mais escolas, e as escolas serão cada vez mais empresas. Essa é uma convicção que temos desde o primeiro dia.
Há uma análise corrente segundo a qual há um distanciamento entre empresas e escolas.
- É verdade. Para você ter ideia, há poucos dias eu estava no Rio coordenando um colóquio na Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Participei na condição de integrante do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES, órgão consultivo da Presidência da República). O colóquio discutiu inovação tecnológica e o aprimoramento e a ampliação dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Há uma enorme distância entre a academia e o mundo empresarial. A academia produz ciência, o mundo empresarial cria produtos e serviços. Ocorre que ambos não se falam. A Escola de Negócios Trevisan conseguiu trazer esses dois lados. Não é por outra razão que você cruza com empresários o tempo todo na escola.
O senhor falou das mudanças nas empresas e nas escolas. E o perfil do profissional, o que mudou nesses 10 anos?
- O principal atributo é que ele precisa estar aberto ao conhecimento. O segundo atributo é uma profunda habilidade desenvolvida para administrar o conhecimento. A informação, não o conhecimento, está vastamente disponível, acessível, acessável. O profissional tem de aprender a administrar essa informação e transformá-la em conhecimento, seja no curso de administração, ciências contábeis, marketing e relações internacionais. Desde o primeiro dia de funcionamento da escola, nós não temos laboratório de informática – é algo até curioso que ainda exista. A sala de aula já é um laboratório de informática, o aluno já está ligado a esse ambiente e a cada semestre é desafiado a apresentar no seu grupo um trabalho, de maneira que ele tem oito semestres e oito teses para apresentar. Com isso, ele sai preparado para, no ambiente de trabalho, compartilhar ideias, defender posições, transmitir conhecimento e liderar. As escolas mais antigas estão tentando correr atrás desse prejuízo. O fato de nós termos sido criados no mundo eletrônico acelerado, de conhecimento acelerado, nos dá grande vantagem. Para nós é natural o que as outras escolas estão tentando incorporar. O mundo corporativo é o mundo em que trabalhamos.
Mas o atraso das escolas é um problema nacional ou internacional?
- Essa discussão ocorre no mundo inteiro. Harvard chegou à conclusão de que o conhecimento que ela transmitia era pouco útil para as empresas. Não posso me afastar do mundo para o qual estou formando pessoas. É comum o mundo acadêmico negar a existência do mundo corporativo.
Essa negação é mais comum nas escolas públicas ou atinge universalmente públicas e privadas?
- É mais forte, sim, nas escolas públicas. Nelas em geral há uma aversão ao lucro e uma demonização do ambiente empresarial. O que é, evidentemente, uma enorme tolice. Basta ver o fato de que o Brasil produz ciência, mas não produz patentes. É algo maluco. É uma ciência, mas não é uma ciência aplicada. O mundo acadêmico tem de produzir respostas e soluções. A Trevisan Escola de Negócios, sem modéstia, nada de braçada.
A educação é costumeiramente tratada como essencial para o desenvolvimento de qualquer país. No Brasil, as práticas correspondem aos discursos?
- Sou um apaixonado pela educação. Lamentavelmente, nós nos ocupamos, sobretudo no ensino fundamental, a gastar o tempo a ensinar quais são os afluentes do Rio Amazonas na margem esquerda e quais são os afluentes do Rio Amazonas na margem direita. E não explicamos o que é uma carteira de identidade e como exercer a cidadania. Educamos crianças e jovens a viver num mundo que não existe. As pessoas não sabem o que é um imposto, como paga na hora em que compra um refrigerante. O Brasil se afasta da realidade. Parece complexo de um país colonizado, que prefere estudar a França e não tratar de indicar o valor do voto. Nós fugimos do mundo real. Não se ensina aos jovens como é o mundo da gestão. Prefere-se ensinar derivativos a ensinar como se abre uma empresa. Um dentista, um engenheiro ou um médico não têm a menor ideia do que farão quando chegarem lá fora. Engenheiro não é um ser abstrato. Ou ele trabalha numa empresa ou vai abrir uma. Mas as escolas não o ajudam a entender o país onde ele está.
Isso passa também por uma política pública para a educação. Na sua avaliação, houve avanço entre o governo Fernando Henrique e o governo Lula?
- Só o fato de termos criado o Prouni já garantiu à educação brasileira um momento glorioso. O Prouni, criado no governo do presidente Lula, permitiu a jovens que jamais teriam acesso a escolas de primeiro nível pudessem, através do programa, frequentar uma universidade privada de altíssimo gabarito. Isso é como retomar um padrão que ocorreu no passado. Eu estudei em escola pública e me habituei a ter colegas de diferentes padrões. De 30 anos para cá isso se alterou. A educação colocou cada um num nicho diferente. O Prouni resgata aquela possibilidade perdida.
Ou seja, não só se permite o acesso a escolas de alto nível como ajuda a derrubar barreiras de classe, de renda, de cor...
- Exatamente. Até porque as classes sociais vão se esgotando. Quando mais altas, vão esgotando sua capacidade de gerar talentos. Quanto mais abrangente, mais a oportunidade de ter talento. Há um vasto universo a incluir nos morros e nas periferias. Esses talentos estão começando a ter uma grande oportunidade.
Nos últimos 10 anos houve uma profissionalização e uma internacional crescente entre as grandes empresas brasileiras. O que houve de mudanças relevantes no período?
- Acho que mudou, entre as empresas, a percepção da competitividade. O ambiente de negócios brasileiros nos últimos 10 anos se alterou na exata medida em que foram se abrindo os portos a todas as nações. E você se viu diante de um competidor chinês, americano, coreano, indiano, e tendo que compreender diferentes culturas e não tendo uma alternativa para competir senão com a melhoria de sua produtividade. As empresas brasileiras, em que pese não ter atingido ainda a melhor posição, deu um grande salto nessa melhoria de produtividade. Fez isso para sobreviver, caso contrário teria desaparecido. As empresas tiveram de aprender a fazer isso. Veja o setor agrícola. Houve saltos inimagináveis. Veja o ambiente contábil. Se você olhar, a convergência foi essencial. A contabilidade brasileira era muito específica. Era bem brasileira. A maneira de as empresas apresentarem seus balanços era de brasileiro para brasileiro. Agora é de brasileiro para o mundo. Contadores foram estudar as práticas mundiais. E fizeram isso com uma rapidez e uma competência incríveis. Olhe o balanço de uma Gerdau, de uma Vale... É o mesmo balanço que há nos EUA, para qualquer investidor. Basta ver que as ações de empresas brasileiras são mais negociadas nos EUA do que no Brasil. O padrão passou a ser um padrão mundial.
Isso para as grandes empresas. E as menores? Qual o espaço destinado a elas?
- Elas descobriram as chamadas redes. Há hoje redes de atuação que vão desde a empresa que fabrica alfinete, a drogarias, a pequenas boutiques. Você consegue se inserir numa rede mundial com enorme facilidade. Basta acessar a internet. Sou apaixonado por essas redes. Dirijo uma ONG na qual trabalham quatro pessoas. E estamos em todo o Brasil via redes de merenda escola. A BDO, que se juntou à Trevisan, é uma rede internacional de auditores. Uma empresa brasileira de auditoria estaria fadada a ficar isolada. A partir daí eu atendo no Brasil, na China, na Rússia, onde eu quiser. As empresas menores têm hoje essa enorme possibilidade de se incorporar a essas redes. Eu estava pesquisando sobre perfumarias porque o meu irmão mais velho, o João Silvério Trevisan, está lançando um novo romance (O rei do cheiro, que conta a história de um perfumista que fica famoso por causa do seu produto). Eu tenho plantação de eucaliptos e, em Dois Córregos, no interior de São Paulo, descobri uma empresa que processa folhas de eucaliptos. Produz óleo e exporta para o mundo todo. É como o papel do educador: gerar informação e ajudar o aluno a interrelacionar-se com o resto do mundo. Com isso o Brasil teve enorme avanço. A atual crise econômica é um bom exemplo disso. Estamos sendo chamados a ensinar.
Como assim?
- Fui recentemente a Bruxelas com outros integrantes do Conselhão debater com o conselho de desenvolvimento econômico europeu. Éramos oito ou nove. Passamos dois dias explicando como fizemos as melhores práticas para termos esse resultado diante da crise.
Há 10 anos íamos pedir ajuda.
- Sim, e nos acusavam de sermos indisciplinados, bagunceiros, descumpridores de contratos. Nesses 10 anos houve uma enorme preocupação em disciplinar a coisa pública. A lei de responsabilidade fiscal é um marco. Deu um norte. Depois, o governo Lula reforçou esse marco regulatório e inseriu uma coisa nova, uma rede social profunda, que derrubou o paradigma de que é preciso primeiro concentrar para depois distribuir. Fez diferente. Gerou demanda e pressionou por investimentos, sem que houvesse inflação, que era a grande ameaça. Portanto, os investimentos estão acontecendo em função dessa demanda. E os países estão interessados em conhecer esse modelo.
Na resposta à crise, o que nos garantiu certa saúde mesmo com a turbulência internacional?
- Primeiro, um ambiente financeiro muito bem posicionado. Segundo, o endividamento das famílias brasileiras estava extremamente baixo se comparado a outros países. O Brasil também não tinha desenvolvido a prática dos derivativos. Isso tudo dentro do ambiente que se implementou, com redução dos juros, toda a ação para não faltar o crédito, não deixar que o câmbio se perdesse e não permitir o desemprego em massa. A soma disso tudo foi a responsável para que essa retomada se desse rapidamente. Claro que ainda há um longo caminho pela frente. Uma coisa é manter o paciente vivo na UTI. Você tem de tratar os órgãos vitais. Depois é que começa a cuidar do bem-estar do paciente. É o que temos de fazer agora.
O empresariado brasileiro está mais otimista? Ele se assustou em demasia em setembro/outubro do ano passado...
- Sim, está muito mais otimista. Percebo pelas consultorias, pelos projetos retomados com muito vigor, pelo sistema financeiro preocupado em acelerar a oferta de crédito. Vamos ter uma retomada agora dos IPOs. Isso tudo vai resultar num novo ânimo para a economia.
E 2010? Será a primeira eleição sem Luiz Inácio Lula da Silva desde a redemocratização. O senhor foi eleitor dele em todas as eleições. O que muda agora?
- Nada (risos). Não muda nada. Essa é a grande vantagem. Nossa democracia recente adquiriu determinados valores que não permitirá que governantes aventureiros façam o que quiserem. O futuro presidente terá um aparato social, um ambiente econômico, uma rede social relevante, um marco regulatório definido em praticamente todos os setores – exceção ao que é preciso melhorar em aeroportos e portos, mas há marcos regulatórios muito bem implementados. Temos um Judiciário funcionando. Temos um Legislativo amadurecendo, apesar dos escândalos, que fazem parte do jogo democrático. Não acho que teremos mudanças muito acentuadas.
O senhor seguirá a recomendação do presidente Lula e votará na ministra Dilma Rousseff?
- Estou apreciando cada candidato (risos). Eu me sinto muito independente. Mas acho que o presidente Lula fez um governo exemplar.
JB- Economia - 22/08/2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mantega defende acordo de troca de moedas com todo o Mercosul

Economia REUTERS
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que o Brasil tem a intenção de fechar com todos os países do Mercosul acordos de crédito recíproco, por meio dos quais as economias deixam à disposição uma da outra um volume pré-determinado de recursos que pode ser sacado em caso de dificuldades.
Mantega e o ministro da Economia argentino, Amado Boudou, assinaram um memorando de entendimento em apoio a um futuro acordo de troca de moeda entre os dois países no valor de 3,5 bilhões de reais e 7 bilhões de pesos argentinos.
O acordo ainda depende de entendimento entre os respectivos bancos centrais. Mantega afirmou que, no caso brasileiro, os recursos virão da disponibilidade financeira do Banco Central e não afetarão os dados fiscais ou as reservas. Caso utilizados pela Argentina, os recursos sofrerão incidência da taxa Selic.
- A intenção do Brasil é fazer isso não só com a Argentina, mas com os demais membros do Mercosul, fazer com o Uruguai, com o Paraguai, com a Bolívia, os demais países também terão essa integração - disse Mantega a jornalista.
O ministro reiterou ainda sua avaliação de que a economia brasileira está se recuperando bem. Ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) doméstico tenha crescido entre 1,6 por cento e 1,7 por cento no segundo trimestre -dado que, se anualizado, apontaria uma alta superior a 6 por cento.
Isabel Versiani
JB- 19/08/2009

Economia da OCDE se estabiliza no 2º trimestre

SÃO PAULO, 19 de agosto de 2009 - O Produto Interno Bruto (PIB) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se estabilizou no segundo trimestre deste ano, depois de ter sofrido, no trimestre anterior, a pior queda desde 1960 (-2,1%), informou nesta quarta-feira a entidade, formada pelos 30 maiores países industrializados.
A OCDE indicou, em um comunicado, que a economia de seus países membros teve no segundo trimestre um retrocesso marginal de 0,002% em relação ao período precedente. O Japão saiu da recessão com um crescimento de 0,9%, com a França e a Alemanha (+0,3% em ambos os casos), mas as economias dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha se contraíram (-0,3% e -0,8%, respectivamente).
Em relação ao mesmo período de 2008, o PIB da zona euro teve no segundo trimestre um forte retrocesso (-4,6%, com -1,4% nos Estados Unidos).
Agência IN JB-19/08/2009

FGV : clima econômico na América Latina melhora em julho

REUTERS

SÃO PAULO - O clima econômico da América Latina melhorou em julho, indicando que a região entrou em uma fase de recuperação, com o Brasil registrando o segundo melhor resultado regional, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira.

O índice da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo subiu de 3,6 pontos em abril para 4,0 pontos em julho. O indicador havia atingindo em janeiro deste ano o menor nível da série histórica iniciada em 1990, a 2,9 pontos.

- A América Latina entra na fase de recuperação do ciclo econômico - afirma a FGV em nota.

O componente de Situação Atual teve leve alta, passando de 2,5 pontos em abril para 2,6 pontos em julho, enquanto o de perspectivas para os próximos seis meses aumentou de 4,6 para 5,4 pontos.

'Cinco importantes países da região monitorados pela pesquisa estão no quadrante de recuperação econômica --Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru-- em julho', acrescentou a FGV.

O Peru registrou a melhor leitura do índice, seguido por Brasil, onde o indicador aumentou de 5,4 pontos em abril para 6,6 pontos em julho.

A pesquisa ouviu 149 especialistas em 16 países.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Governo e indústria decretam fim da crise

BRASÍLIA - Governo e iniciativa privada avaliam que a crise passou. A recuperação da economia tem, porém, evolução diferente entre os setores e o exportador continua sendo o foco de preocupação principal. O debate aconteceu ontem durante a 7º reunião do Grupo de Acompanhamento da Crise (GAC), no Ministério da Fazenda, em Brasília. Apesar das dificuldades do segmento exportador, o governo não dá sinais de que mudará a política cambial.
A classe empresarial, no entanto, pede medidas por outras vertentes. O presidente da Confederação Nacional de Indústria (CNI), Armando Monteiro, lembrou que é preciso avançar na área tributária e buscar compensações para o efeito do câmbio. Segundo ele, o setor exportador tem problemas antigos, um dos quais o acumulo de créditos, principalmente de ICMS. Além disso, Monteiro falou sobre a necessidade de impor a agenda da desoneração da folha de pagamento. "Isso reduziria o custo de alguns setores exportadores da indústria", disse.
Na saída do encontro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Miguel Jorge, reafirmou o câmbio flutuante e disse que a agenda nacional volta a discutir problemas pré-crise, como o Brasil. "Diria que o fim da crise nos devolve a uma agenda que o Brasil, de certo modo, com os anos mais favoráveis da economia internacional, abandonou, que é a agenda de buscar atacar os problemas que a economia ainda tem. Custos altos e buscar mais eficiência do ponto de vista logístico, do ponto de vista de competitividade", afirmou Monteiro. "A crise vai nos devolver a essa realidade e vai nos obrigar nesses próximos anos a realizar um trabalho intenso para manter a competitividade, ou melhorá-la", completou.
Para os presentes na reunião, o ambiente de hoje, de uma maneira geral, indica que está havendo um processo amplo de melhoria na economia. Monteiro afirmou que o setor químico, de bens de capital e o setor têxtil tiveram alguma recuperação. "O ministrou [Guido Mantega] ouviu e reconhece que há dificuldades, porque tem uma parte que depende dos Estados. Por exemplo, o acumulo de crédito de ICMS é gerado nos estados e, portanto, não tem solução fácil. Mas há uma disposição para manter o grupo e começarmos a nos debruçar sobre essa agenda da competitividade".
Monteiro disse que não houve proposta do governo no sentido de que vai fazer algo a curto prazo. "Apenas registraram a informação. Uma notícia boa é que os financiamentos relativos ao setor de bens de capitais começam a dar resultados".
Monteiro se referiu à redução dos custos de financiamento e contou que Mantega anunciou, no final da reunião, que o governo completou a integralização do fundo garantidor de crédito, em R$ 3 bilhões.
No entanto, a preocupação predominante está no setor externo da economia - ou seja, as exportações, sobretudo de manufaturados, continuam tendo uma queda forte. "Não apenas em decorrência da retração dos mercados externos. Há um acirramento da concorrência em todos os mercados e há ainda uma crescente penetração de produtos importados, exatamente em função do problema de desequilibrio que já tínhamos", afirmou. Monteiro citou as desenvantagens, custos sistemicos mais elevados, problemas de logística, problemas tributários, relacionados ao custo de financiamento de capital, mas tudo isso agravado pela questão do cambio. "A moeda brasileira esta apreciada. Isso tira do setor exportador do País, sobretudo manufaturados, uma capacidade de competição em um momento muito difícil nos mercados externos. Então essa é a preocupação", acrescentou. Na reunião, segundo Monteiro, foi sugerido a mudança do nome do grupo, para Grupo de Acompanhamento pela Competitividade.
Entre as medidas anunciadas recentemente pelo governo está a redução da TJLP, usada nos financiamentos do BNDES, e de outras linhas do banco de fomento, além de uma equalização de juros pelo Tesouro Nacional.
A esperança do governo é de que a utilização da capacidade já tenha subido o suficiente para deflagrar decisões generalizadas de investimento e, com isso, a formação de capital volte a crescer, liderando o crescimento do PIB - disse o executivo.
De janeiro a junho de 2009, o BNDES desembolsou um total de R$ 41,9 bilhões. Esse volume de recursos foi dividido da seguinte forma: agropecuária, com R$ 3,134 bilhões (7%); indústria, com R$ 17,324 bilhões (42%); infraestrutura, com R$ 16,436 bilhões (39%); e comércio, com R$ 5,062 bilhões (12%).
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, também disse que, embora a taxa de câmbio seja uma preocupação para os exportadores, cada vez mais é preciso se discutir as questões estruturais de competitividade das empresas brasileiras. "Existem outras questões como a tributação, já que o Brasil exporta impostos, o custo logístico e o crédito caro. A visão tem que ser mais ampla".
DCI- Política Econômica

Emprego na indústria paulista está próximo da estabilidade, diz Fiesp

Valor Online
SÃO PAULO - A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já admite que a indústria paulista está muito próxima de apresentar dados estáveis de emprego e, em seguida, mostrar recuperação.
"É razoável pensar que, no mês que vem, o indicador (Índice de Nível de Emprego Estadual e Regional da Fiesp) possa vir com variação zero", afirmou o diretor do Departamento de Economia da entidade, Paulo Francini, enfatizando, no entanto, que é necessário cautela, pois uma recuperação no segundo semestre deverá ser lenta, diante da força com que a crise atingiu o setor.
Os dados apresentados hoje pela Fiesp confirmam essas expectativas. O nível de emprego da indústria de transformação paulista recuou pelo décimo mês consecutivo, em 0,32% em julho, ante o mês anterior, com ajuste sazonal. A queda, no entanto, foi menor do que a retração de 0,42% e de 0,65% registradas em junho e maio, respectivamente.
Nos dados não ajustados, os patamares do indicador ficam ainda mais próximos de zero, com queda 0,16% em julho. Enquanto em junho foram fechadas 8 mil vagas na indústria de São Paulo, em julho, 3,5 mil pessoas perderam o emprego.
Quando se observa a evolução nas cidades do Estado, o caminho na direção da estabilidade também fica evidente. Segundo Francini, em julho, 60% das diretorias regionais paulistas ficaram na faixa chamada de semi-estabilidade, ou seja, no intervalo de variação -0,5% a +0,5% do indicador de emprego, o que indica uma tendência a zero. No mês anterior, esta proporção ficava em 44% e, em maio, em 42%.
O Sensor da Fiesp, que apura a percepção dos industriais sobre o desempenho no momento presente, também mostrou a tendência positiva da atividade industrial e do emprego no setor. Na primeira quinzena de agosto, o indicador marcou 56,5 pontos, patamar que não se via desde abril do ano passado. O índice para emprego, que tem ficado na faixa dos 50 pontos desde abril deste ano, atingiu 54,4 pontos em julho.
A entidade, no entanto, permanece cautelosa com relação à recuperação completa do emprego na indústria paulista. "Ainda estão presentes no cenário econômico muitas variáveis contraditórias", pondera Francini, dando como exemplo a fraqueza das exportações e a falta de confiança, que impede novos investimentos no setor.
Ele explica que o emprego costuma mostrar reações defasadas diante da conjuntura econômica global, ou seja, se a economia vai mal ou bem, os efeitos demoram cerca de quatro meses para chegar no mercado de trabalho.
"No início da crise, a resposta veio mais rápida do que os quatro meses. Mas agora não vai acontecer o mesmo. A recuperação demorará mais, pois os empresários precisam ainda se convencer que a economia realmente está melhorando", explicou o especialista.
Vanessa Dezem -Valor Online

Produção industrial de SP cresce 2,5% em julho, prevê a FGV

Portal Terra
SÃO PAULO - A produção industrial de São Paulo deve ter crescido 2,5% em julho, na comparação com o mês anterior, na série com ajuste sazonal, informou nesta quinta-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com o Sinalizador da Produção Industrial (SPI), que é elaborado em parceria com a AES Eletropaulo, mesmo com a recuperação estimada o indicador ainda ficará 10,5% inferior ao apurado no mesmo mês de 2008.
Com o crescimento ante o mês anterior, a queda na comparação anual recuou frente aos 13,4% registrados em junho (em relação ao mesmo período de 2008). "Na comparação dos últimos 12 meses com os 12 meses anteriores, a taxa passaria de -6,4%, para -8,2% em julho, o menor nível desde junho de 1996 (-8,3%)", apontou o sinalizador da fundação.
De acordo com a FGV, a previsão para o desempenho da indústria paulista é elaborada com base no consumo elétrico industrial, que é fornecido pela AES Eletropaulo.
JB Economia-13-08-09

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Economia inverte o sinal e se recupera no 2º trimestre

José GuerraViviane Monteiro SÃO PAULO - Depois de sofrer com a crise no primeiro trimestre do ano, os números do BicBanco já mostram uma tendência positiva ao fim do segundo quarto de 2009. No segundo trimestre, a instituição voltou a apresentar um crescimento da carteira de crédito e aumento do lucro líquido, que passou de R$ 74,3 milhões, ao fim de março, para R$ 82 milhões no período de abril a junho, alta de 10,3%. No semestre, o resultado ficou em R$ 156,3 milhões, uma queda de 20,5% em relação ao mesmo período de 2008.
"O resultado é bom porque se insere em uma tendência de crescimento sobre o primeiro trimestre deste ano", argumenta o vice-presidente da instituição financeira, Milto Bardini.
O patrimônio líquido da instituição teve uma alta de 2,4%, em relação ao primeiro trimestre, alcançando R$ 1,698 bilhão, enquanto o total de ativos caiu em 2,9%, a R$ 10 bilhões. No semestre, o índice de eficiência da instituição - em que, quanto menor, melhor - passou de 35,8% para 38,2%. No mesmo período, o índice de Basileia passou de 14,9% para 18,4%. O resultado operacional na primeira metade de 2009 atingiu R$ 250,8 milhões, alta de 12,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Para Bardini, uma volta do crescimento da carteira de crédito do banco, ainda que inferior a 1%, foi importante pela reversão da tendência de queda. O saldo total chegou a R$ 7,369 bilhões, aumento de 0,9% em relação ao trimestre anterior. Enquanto a carteira comercial e de trade finance crescera, a 1,3% e 1,4%, respectivamente, financiamento consignado apresentou queda de 9,6%. "Somos um banco de pessoa jurídica, e as operações com consignado já vinham em processo de redução", justifica Bardini. O banco, continua o executivo, mantém Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDICs) atrelados em consignado e "está produzindo apenas o necessário para isto", afirma.
O executivo acredita ainda que o segundo semestre será de alta para o crédito, lastreado no crescimento do sistema como um todo. "A tendência deverá ser proporcional à retomada dos bancos", analisa. Para ele, à medida que o mercado voltar a crescer, haverá uma volta à "normalidade creditícia".
O banco também viu uma queda expressiva da inadimplência , que chegou a 3,9% em março, e a 2,1% em junho. "Ainda está mais alto que nosso nível histórico, de 1%, porém o que importa é a tendência de queda." A instituição fez uma provisão de R$ 60 milhões para devedores duvidosos (PDD), contra uma provisão extraordinária de R$ 80 milhões no primeiro trimestre do ano. "A redução do provisionamento é outro sinal da queda do índice. Temos elementos para crer em um cenário, no segundo semestre, melhor que o do primeiro", julga.
Captações
Além disso, o Bic também mostra uma alta de 12% nos depósitos a prazo no trimestre, que chegaram a R$ 3,723 bilhões. No semestre, no entanto, houve queda de 29,1%, ante 2008. Para o banco, pelo aumento no volume de oferta de depósitos, ainda não foi necessário utilizar o Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE), instrumento criado em abril pelo governo para assegurar maior liquidez aos bancos médios e confiança ao investidor.
Além disso, o executivo acredita que já há uma volta do funding no mercado internacional. "Há sinais de volta e já aparecem oportunidades. O preço, porém, ainda não está atrativo, pelo custo de captação", afirma. "Ainda não pretendemos utilizar esses recursos, até porque ainda há o DPGE a utilizar, que está a um preço mais atrativo", completa.
Indusval
O Indusval teve uma redução de 58% em seu lucro líquido, em relação ao primeiro semestre de 2008, a um total de R$ 16,1 milhões. O resultado operacional alcançou R$ 13 milhões, com uma provisão extra com devedores duvidosos de R$ 59,9 milhões. A instituição teve ainda um ganho de 3,5 pontos em seu índice de eficiência, que chegou a 45,1%, ante 48,6% no primeiro semestre de 2008. Já a carteira de crédito do Indusval encerrou o período estável em R$ 1,7 bilhão, em comparação com o ano passado.
DCI- FINANÇAS 11.08.09

sábado, 8 de agosto de 2009

Mantega diz que Brasil pode conviver com juro baixo após crise

Portal Terra Ligia Hougland
WASHINGTON - O Brasil conseguirá sair da crise com uma imagem mais forte e capaz de manter a taxa básica de juros (Selic) no patamar recorde de baixa que se encontra no momento, em 8,75% ao ano. Esta é a opinião do ministro da Fazenda Guido Mantega. Em entrevista ao Terra, Mantega afirmou que o País deixa a crise como um dos mercados emergentes mais atraentes do mundo, ao lado da China e elogiou a política anticíclica implementada pelo governo brasileiro "muito menos dispendiosa do que a dos outros países e com melhor resultado".
O ministro também comentou que a apreciação do real não é tão preocupante em função da desvalorização global do dólar e que a proposta para taxação da poupança será enviada ao Congresso. "Não há pressa. Mas quero dizer que tudo aquilo que foi anunciado será cumprido". Confira a entrevista na íntegra.
Terra - O Brasil conseguiu ganhar em termos de competitividade em relação aos outros países com a crise mundial?
Guido Mantega
- O Brasil conseguiu, com uma política contracíclica muito menos dispendiosa do que a dos outros países, o melhor resultado, o que mostra as qualidades da economia brasileira. O nosso programa contracíclico não gastou mais do que 1% do PIB (Produto Interno Bruto), contra 13% da China e 7% dos Estados Unidos. Isso mostra a capacidade de reação da economia brasileira. Com alguns cortes de impostos estimulamos o setor automobilístico, o setor de utilidades domésticas e o setor do consumo civil. Com o programa habitacional oferecido animamos o setor de construção leve. Os investimentos do governo estão mantendo a indústria pesada, a construção pesada. Então, ficou nítida a vantagem do Brasil em relação aos outros países. Antes da crise, esta vantagem estava difusa, ela não era vista com tanta nitidez. Mas ela pode ser vista nos nossos resultados, na nossa capacidade de crescimento.
O Brasil só teve dois trimestres de crescimento negativo. Vários países apresentaram quatro, cinco ou seis trimestres de crescimento negativo. Vários países ainda estão apresentando trimestres negativos. O Brasil já teve resultado positivo no segundo trimestre de 2009.
Terra -O senhor diria que a crise foi vantajosa para o Brasil?
Mantega - O Brasil sairá da crise mais forte do que quando entrou nela. Foi um teste de estresse para o Brasil, e o País saiu na frente. Foi menos afetado pela crise e demonstrou que tem condições melhores. Quando um investidor for tomar uma decisão quanto à alocação de investimentos, ele certamente olhará para o Brasil. O Brasil é hoje considerado o mercado emergente mais atraente, ou o segundo mais atraente, depois da China. Por causa do mercado e da economia do Brasil. Portanto, acho que a crise tornou nítidas as virtudes que a economia brasileira possui.
Terra - O Brasil teme que a economia da China volte a desacelerar, comprometendo o crescimento brasileiro?
Mantega - Pelo contrário, a China está fazendo a política contracíclica mais agressiva do mundo. Acabei de mostrar na minha apresentação (a investidores americanos) que ela está investindo algo em torno de 13% do seu PIB no seu programa de recuperação da economia. São US$ 560 bilhões. Logo, a China mostra-se disposta a acelerar a sua economia. Tanto isso é verdade, que foram superadas as previsões de que a economia chinesa estaria crescendo no segundo trimestre deste ano a 6,5%. Na verdade, o resultado do segundo trimestre foi de quase 8%. A economia chinesa cresceu no segundo trimestre de 2009 exatamente 7,9%. Anualizado isso dá 16%. Os chineses estão fazendo fortes investimentos estimulando o mercado de consumo deles. Estão estimulando o consumo de automóveis e de moradias. Não tenho dúvida de que a economia chinesa no ano de 2009 será a mais dinâmica do mundo e continuará importando os produtos brasileiros.
Terra - É possível o Brasil sustentar uma taxa de juros como a atual, a menor da história da Selic?
Mantega
- O Brasil tem condições de sustentar esta taxa porque a inflação está baixa. Não fazemos mais do que cumprir o sistema de metas de inflação. A crise não mudou nada em relação a isso. O Banco Central continua olhando para o resultado inflacionário. Como o resultado inflacionário é bom, ou seja, a inflação está baixando, o Banco Central pode fazer as reduções de taxa que está fazendo. Não há novidade alguma nisso. É apenas um cenário mais positivo da inflação e que é sustentável, pois, com a queda da demanda mundial, veremos queda de preços. A tendência é esta para os próximos anos.
Terra - Frequentemente, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, alerta para o fato de que há uma euforia exagerada quanto à recuperação da economia. O senhor concorda?
Mantega - Os mercados acionários sempre são mais voláteis do que outros. É natural que haja uma certa volatilidade e podem mostrar euforia. Mas é claro que temos de tratar isso com realismo. Temos de reconhecer que a economia brasileira está saindo da crise, mas que temos ainda vários problemas a serem resolvidos. Alguns setores podem estar com euforia exagerada. Não sei exatamente a quem o Henrique Meirelles se refere. (...) Ainda temos vários problemas a serem enfrentados e resolvidos. No plano da economia internacional, o Brasil está melhor. Em compensação, a maioria dos países avançados está passando por uma recessão forte que, até agora, não foi superada. Será gradualmente superada. Eu diria que, em relação aos mercados externos, não é bom ter uma visão eufórica, pois, de fato, estes países continuarão a ter problemas a serem resolvidos nos próximos anos.
Terra - A queda do dólar é fonte de preocupação para o Brasil?
Mantega - A queda do dólar afeta um pouco a economia brasileira, mas, quando se dá uma queda em relação a todas as moedas, o prejuízo é menor, pois significa que a gente só perde competitividade de exportação para o mercado americano. Mas em relação aos outros mercados tudo fica na mesma, pois o euro valoriza, o iene valoriza. Quando há a valorização de todas moedas menos do dólar, continuamos com a mesma competitividade cambial nos outros mercados.
Terra - O Executivo já enviou as regras para a taxação do imposto de renda na poupança? Quando isso será feito?
Mantega - Ainda não enviou e como isso só deve entrar em vigor no próximo ano, temos tempo, pois há um semestre inteiro pela frente para fazer a legislação. Não há pressa. Mas quero dizer que tudo aquilo que foi anunciado será cumprido em relação à poupança. Exatamente tudo que falamos. Vamos colocar um tributo sobre as poupanças de maior valor que será cobrado a partir do ano que vem, pois temos de respeitar a anualidade. Não é possível criar um imposto de renda em um ano e fazer o mesmo entrar em vigor neste próprio ano. A lei é feita em um ano e só entra em vigor no ano seguinte. É o princípio da anualidade. É por isso que até agora não mandamos o projeto para o Congresso. O Congresso tem vários projetos e, mandar mais um agora, serviria somente para atrapallhar a tramitação.
Terra - Há um prazo para isso?
Mantega
- Não há um prazo, mas enviaremos o projeto até o final deste ano para que a lei entre em vigor no próximo ano. Quero afirmar que nada mudou. Será feito tudo aquilo que foi anunciado
JB - 08/08/2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Economistas estão mais otimistas com quadro externo e local

Valor Online 05/08/2009
SÃO PAULO - Em que pesem as incertezas sobre o momento presente, o otimismo dos economistas brasileiros em relação ao futuro continua aumentando. Além disso, em recente pesquisa da Fecomercio-SP e da Ordem dos Economistas do Brasil, o Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE) registrou otimismo pela primeira vez desde agosto do ano passado, passando de 95,8 pontos em junho para 105,4 pontos no mês passado.
O indicador mostra ainda que cinco dos nove quesitos apresentaram melhora de confiança, inclusive o item emprego, que passou de 87,9 pontos em junho para 111,6 pontos em julho.De acordo com o levantamento, avaliação sobre o cenário atual ficou em 84,3 pontos, ainda abaixo do patamar de otimismo (100 pontos). Mas a avaliação sobre o futuro encontra-se em 126,4 pontos, um aumento de 10,9% em relação ao último levantamento.
Ao avaliar o comportamento dos nove quesitos, chama atenção o otimismo dos especialistas no item cenário internacional, que avançou para 145,2 pontos, mostrando que a leitura dos analistas é de que a crise lá fora deu espaço para um cenário de recuperação. Em relação à atividade doméstica, o indicador chegou a 145 pontos, o que também sinaliza otimismo relevante. Sobre a taxa de câmbio, a avaliação é um pouco menos otimista, levando o item para um nível de 123,7 pontos. Já o indicador sobre a oferta de crédito ao consumo também estaria indo bem, mas longe do ideal, em 115,2 pontos.
A análise dos economistas sobre inflação ainda é reticente. Mesmo com as previsões todas em linha com a meta oficial, os agentes levaram o índice a 105,4 pontos, o que se aproxima bastante de uma avaliação pessimista (abaixo de 100 pontos).
Os três itens ainda localizados nesse campo do pessimismo são gastos públicos, que estão no menor nível histórico do índice, em 33,3 pontos, taxa de juros, que ficou em 78,9 pontos, o que indica que haveria espaço para reduções adicionais das taxas, e a análise sobre os salários reais, que ficou situada em 89,9 pontos.
Valor Online

Custo da cesta básica está menor que há um ano, diz Dieese

SÃO PAULO, 5 de agosto de 2009 -
Em 15 capitais brasileiras, o custo da cesta básica ficou menor em julho deste ano, na comparação com igual mês em 2008, conforme apurou Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A pesquisa é realizada mensalmente em 17 capitais.
Conforme o levantamento, o custo do conjunto de gêneros essenciais de produtos consumidos pelo brasileiro caiu na cidade Goiânia 8,11% a R$ 195,55. No Rio de Janeiro a queda foi de 3,78%, a R$ 211,88; Fortaleza (-3,47%, a R$ 182,12); Curitiba (-3,19%, a R$ 206,71); Porto Alegre (-2,55%, a R$ 237,45); João Pessoa (-1,94%, a R$ 183,67); Vitória (-1,84%, a R$ 223,11); Salvador (-1,66%, a R$ 195,70); Belo Horizonte (-1,66%, a R$ 214,55); Aracaju (-1,63%, a R$ 173,47); Florianópolis (-1,01%, a R$ 215,26); São Paulo (-0,41%, a R$ 227,17); Recife (-0,34%, a R$ 190,29); Natal (-0,17%, a R$ 200,56).
Em Belém houve aumento no preço de 0,05%, a R$ 201,71. Já em Brasília a alta foi de 0,69%, a R$ 217,78 e em Manaus houve elevação de 0,75%, a R$ 215,43.
(Maria de Lourdes Chagas - Agência IN) 05/08/2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quinhentas e três mil pessoas saíram da pobreza durante a crise

Agência Brasil

BRASÍLIA - Ao comparar o número de pobres existentes, no Brasil, antes e durante a crise financeira internacional, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) chegou à conclusão de que, apesar dos efeitos nocivos da crise para a economia nacional, 503 mil pessoas deixaram a condição de pobreza nas seis principais regiões metropolitanas do país.

A afirmação foi feita hoje (4) pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, durante o lançamento do estudo Desigualdade e Pobreza no Brasil Metropolitano Durante a Crise Internacional: Primeiros Resultados. O estudo abrange as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, do Rio de Janeiro, de São Paulo e Porto Alegre.

- De 2002 para cá, temos 4 milhões de pessoas a menos vivendo em condições de pobreza no conjunto dessas seis regiões. Na comparação do período atual com o período anterior à crise, verificamos que 503 mil pessoas saíram da pobreza - disse Pochmann. Parte disso, segundo ele, se deve às políticas nacionais que visaram proteger a base da pirâmide social. Houve uma série de decisões que ajudaram a criar uma rede de proteção social àqueles segmentos mais vulneráveis da população brasileira, afirmou o presidente do Ipea. Entre elas, a elevação do salário mínimo e a ampliação do programa Bolsa Família, que impediram que o Brasil aumentasse a pobreza, como havíamos observado em outros momentos de crise, completou.

O estudo comparou o número de pobres entre outubro de 2007 e junho de 2008 com o do período entre outubro de 2008 e junho de 2009. Das 503 mil pessoas que saíram da condição de pobreza - cuja renda per capita da família é de meio salário mínimo - quase 63% localizavam-se na região metropolitana de São Paulo.

17:31 - 04/08/2009

BNDES pode financiar modernização de hotéis para Copa de 2014

Valor Online 04/08/2009 RIO - O Ministério do Turismo negocia com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a criação de uma linha de financiamento para a reforma e a ampliação da rede hoteleira nas regiões Sul e Sudeste para a Copa do Mundo de 2014. De acordo com o ministro Luiz Barreto, a linha poderá atingir R$ 300 milhões e deverá estar pronta no fim do ano.
"Pensamos em engenharia financeira que possa ter juro barato, prazos mais longos e algum fundo que dê garantia", frisou Barreto, que participou da conferência anual da International Association of Schools and Institutes of Administration (Iasia), no Rio de Janeiro. "Estamos trabalhando com o BNDES e acho que em dois meses lançaremos um programa", acrescentou.
Para as demais regiões do país, o ministro explicou que os fundos constitucionais poderão apresentar condições de financiamento competitivas para a construção, reforma e ampliação da rede hoteleira até 2014.
Barreto revelou ainda que o ministério já negocia com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a renovação da linha do Prodetur Nacional. A linha original, com financiamento de US$ 1 bilhão do BID e contrapartida de US$ 660 milhões, está disponível para Estados, Distrito Federal e municípios com mais de 1 milhão de habitantes. O objetivo de Barreto é de obtenção de mais US$ 1 bilhão, atendendo as 12 cidades que serão sedes na Copa de 2014, independentemente do número de habitantes.
O ministro revelou ainda que espera um crescimento de 3% a 4% do PIB do setor de turismo no Brasil. Segundo Barreto, o mercado interno deverá ser o principal motor do avanço do setor em 2009, já que espera-se um recuo de cerca de 10% na movimentação de estrangeiros no país, por conta da crise financeira internacional. No primeiro semestre, os gastos de estrangeiros no país atingiram US$ 2,567 bilhões, 11,4% abaixo dos US$ 2,899 bilhões gastos em igual período do ano passado. Já os gastos de brasileiros no exterior caíram 19,5%, passando de US$ 5,534 bilhões para US$ 4,454 bilhões em igual período comparativo.
Rafael Rosas Valor Online

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Para Meirelles, Brasil já saiu da recessão

SÃO PAULO - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, acredita que a economia brasileira já dá indicações de ter ultrapassado o período de recessão. Na avaliação dele, houve expansão econômica no país entre abril e junho e esse movimento deve continuar no trimestre corrente. "Há sinais de que o país já saiu da recessão", afirmou dirigente.
Meirelles também acrescentou que espera um fim de ano positivo para a economia brasileira e uma recuperação mais significativa no ano que vem. "Nossa expectativa é de que o Brasil chegue ao final deste com uma trajetória de crescimento e que tenha, em 2010, um início de retomada do crescimento sustentável", afirmou.
O dirigente conversou rapidamente com a imprensa após reunir-se, em São Paulo, com presidentes de bancos centrais do Mercosul, Bolívia, Chile, Peru e Venezuela.Questionado sobre as preocupações a respeito da curva a termo da taxa de juros, que não vinham respondendo às sinalizações da política monetária, o presidente do Banco Central disse que tudo que autoridade monetária tinha para expor sobre o tema foi colocado na ata da última reunião do Copom.
Bianca Ribeiro Valor Online

Crescimento da China e altas das Bolsas indicam melhoras

Agência Brasil
SÃO PAULO - O crescimento da economia chinesa e as seguidas altas registradas nas Bolsas de Valores ao redor do mundo podem significar que o pior da crase internacional está passando. A avaliaçãoa é do economista e professor Keyler Carvalho Rocha, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
“O pior da crise já foi superado e o Brasil desfruta de uma posição muito privilegiada no contexto mundial porque não tem mais dívida externa, está com a inflação sobre controle e declinante, está com a balança comercial com superávit e não há, no horizonte, nenhuma problemática política que possa cooperar com as variáveis macroeconomicas brasileiras”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.As altas seguidas apresentadas nas Bolsas pelo mundo, segundo Rocha, mostram que o “mundo está levemente se recuperando da crise”, embora essa recuperação seja lenta.
“A China vem crescendo a 8%, embora se acreditasse que ela cresceria a 6%. Isso é sinal de que está havendo recuperação. É claro que essa recuperação não é uniforme. Mas a tendência é de melhora. A sensação é de que as coisas estão melhorando. Com isso, reflete-se nessa valorização em todas as Bolsas do mundo inteiro”, disse.
Segundo o professor, essa perspectiva positiva deve se manter, “a não ser que aconteça algum fato novo, não previsto”. “A Bolsa reflete as expectativas de futuro. Então, as pessoas já começam a ficar mais confortáveis”, afirmou. Nesta segunda-feira (3), a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 2,25%, aos 55.997,81 pontos.
DCI- Política Econômica

domingo, 2 de agosto de 2009

Banco exportador será criado por MP na volta do recesso

Patrícia Acioli
SÃO PAULO - A criação do Ex-Im Bank brasileiro - banco dedicado exclusivamente a financiar exportações e a produção ao mercado exterior, deverá acontecer via Medida Provisória já no mês de agosto. Segundo fontes ouvidas pelo DCI, o o texto já está pronto e aguarda a volta do recesso parlamentar.
No comando da iniciativa está o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que conhece o ressentimento das empresas exportadoras pela falta de uma estrutura adequada de financiamento das exportações, assemelhada a um Ex-Im Bank, e pela perda de produtividade nominal decorrente do câmbio desfavorável.
Apesar de a iniciativa ser bem vista, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ressalva que o Banco não deve surgir com o mesmo aparato burocrático que já existe hoje, por exemplo, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Atualmente, o exportador brasileiro precisa percorrer uma jornada para obter crédito: primeiro procurar o Banco do Brasil para conseguir financiamento do Programa de Financiamento às Exportações e em seguida, deve recorrer ao Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações, formado por vários ministérios e administrado pelo Tesouro Nacional, para obter seguro.
Dentro do governo, avalia-se que o momento para bancar o projeto do Ex-Im Bank é oportuno, porque além de atacar o problema de falta de crédito para o setor exportados - um dos mais combalidos pela turbulência econômica - não mexe na arrecadação, e por isso a proposta teria apoio no Congresso.
A idéia articulada é que a exemplo do que existe nos Estados Unidos e em países como Japão, Índia e China, o Brasil conte com uma estrutura administrativa, que reúna os recursos, as avaliações de risco e as garantias às operações e que ele funcione com um braço forte do BNDES. Esta semana o Brasil pode conhecer mais de perto o funcionamento de um Ex-Im Bank. Em missão no país, o presidente e o Chairman e Export-Import Bank of the United States vieram promover financiamento para a compra de bens e serviços norte-americanos por empresas brasileiras.
DCI- Politica Economica

Rede de calçados muda tática e prioriza o mercado interno

Danielle Fonseca
Fabíola Binas
SÃO PAULO - Apesar do cenário ainda incerto nas exportações, que representam parte importante do faturamento do setor calçadista, grandes redes de vestuário, como a Arezzo, que alcançou faturamento de R$ 485 milhões em 2008, alteram planos e voltam o foco da venda de calçados para o mercado interno. A empresa tinha um audacioso plano de abrir 300 lojas na China, até 2016, e possibilidade de faturar US$ 150 milhões com aquele mercado, mas mudou sua estratégia - por três meses -, ao ver que o mercado brasileiro sinalizava melhor opção de negócio.
A Arezzo vai abrir 16 lojas no País este ano, ante as 10 do ano passado. A perspectiva é para lá de otimista, já que a empresa prevê fechar 2009 com uma receita de R$ 550 milhões e crescimento de 16% a 18% no segundo semestre, por conta de uma estratégia que visou a redução de custos, nova coleção com um preço melhor devido à fortes negociações com os fornecedores, além de expansão de lojas por meio de abertura de novas franquias. De acordo com Alexandre Birman, vice-presidente da Arezzo - e filho do fundador Anderson Birman -, a marca optou por focar seus investimentos no mercado interno, onde só no primeiro semestre, mesmo com a crise, cresceram 12% frente ao mesmo período de 2008. "Não navegamos ilesos as questões macroeconômicas, mas temos estabilidade e tomamos várias medidas em relação ao mix de produtos e adequação da estocagem", afirmou o herdeiro de uma das maiores calçadistas do Brasil, que vende 230 mil pares por mês.
Birman explica que as coleções ficaram mais focadas e leves, com adequação de preços nos produtos de maior saída. "O mix diminuiu para termos um preço melhor. Um produto que muitas mulheres procuram no inverno, como uma bota preta, que podia ser encontrada a R$ 349 na última coleção, está R$ 290. Negociamos e fizemos estoque de couro para isso." Outra atitude tomada foi trabalhar com uma cobertura no estoque das lojas de 2 pares para 1 exposto, sendo que em períodos mais otimistas, trabalham com 3 pares para 1.O Grupo Arezzo, que hoje conta com 232 franquias, seis lojas próprias e vendas em mais de 1,5 mil lojas multimarcas, acelerou seu crescimento principalmente depois que fechou parceria com o Tarpon Investment Group, que com seu fundo Tarpon All Equities tem participação acionária de 25% no negócio.
A companhia também optou por uma parceria com o Primes Success, com mais de 3 mil lojas na China para chegar àquele mercado, onde a previsão era ter um tamanho semelhante ao da marca no Brasil, mas com um posicionamento diferente e itens premium. Os sapatos teriam preço médio de US$ 250, precificação que deve ser alterada para em torno de US$ 150 após a experiência com 6 lojas abertas na China.
O vice-presidente da Arezzo diz que a meta anterior, de explorar com força o mercado chinês, não foi descartada, mas está sendo melhor estudada e só em outubro o grupo deverá voltar a tomar decisões. "Já temos lojas em outros países, como na Venezuela, Paraguai e Portugal e toda a semana recebemos convites para abrir unidades no mundo todo, mas estamos indo com calma e decidimos aguardar porque ainda não temos um grande conhecimento do mercado chinês. Agora a prioridade é o mercado interno", disse. Alexandre ainda criou outras duas marcas autônomas: uma que leva seu próprio nome e a Schutz, que atinge um público de maior poder aquisitivo, mas em 2007 passou a fazer parte do grupo.
Redes menores, como a Oscar Calçados, com 39 lojas no interior de São Paulo, também apontam alta do consumo. A rede estava com previsão de crescimento nulo este ano, mas após o Dia das Mães o panorama mudou e já espera alta. "A previsão era só reformar lojas e não aumentar, mas vamos rever os planos", revelou o diretor José Oscar Constantino.
Setor
A Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) diz que o segmento possui cerca de 42 mil pontos-de-venda, e o primeiro semestre já registrou 5% de crescimento frente a igual período de 2008. À próxima metade do ano é esperado 8% de alta. Porém, apesar do mercado interno estar retomando o crescimento, as exportações fecharam em queda no primeiro semestre. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) diz que a balança comercial do setor foi negativa, com queda de 28,5%.
DCI-
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