Valor Online
SÃO PAULO - A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já admite que a indústria paulista está muito próxima de apresentar dados estáveis de emprego e, em seguida, mostrar recuperação. "É razoável pensar que, no mês que vem, o indicador (Índice de Nível de Emprego Estadual e Regional da Fiesp) possa vir com variação zero", afirmou o diretor do Departamento de Economia da entidade, Paulo Francini, enfatizando, no entanto, que é necessário cautela, pois uma recuperação no segundo semestre deverá ser lenta, diante da força com que a crise atingiu o setor. Os dados apresentados hoje pela Fiesp confirmam essas expectativas. O nível de emprego da indústria de transformação paulista recuou pelo décimo mês consecutivo, em 0,32% em julho, ante o mês anterior, com ajuste sazonal. A queda, no entanto, foi menor do que a retração de 0,42% e de 0,65% registradas em junho e maio, respectivamente. Nos dados não ajustados, os patamares do indicador ficam ainda mais próximos de zero, com queda 0,16% em julho. Enquanto em junho foram fechadas 8 mil vagas na indústria de São Paulo, em julho, 3,5 mil pessoas perderam o emprego. Quando se observa a evolução nas cidades do Estado, o caminho na direção da estabilidade também fica evidente. Segundo Francini, em julho, 60% das diretorias regionais paulistas ficaram na faixa chamada de semi-estabilidade, ou seja, no intervalo de variação -0,5% a +0,5% do indicador de emprego, o que indica uma tendência a zero. No mês anterior, esta proporção ficava em 44% e, em maio, em 42%. O Sensor da Fiesp, que apura a percepção dos industriais sobre o desempenho no momento presente, também mostrou a tendência positiva da atividade industrial e do emprego no setor. Na primeira quinzena de agosto, o indicador marcou 56,5 pontos, patamar que não se via desde abril do ano passado. O índice para emprego, que tem ficado na faixa dos 50 pontos desde abril deste ano, atingiu 54,4 pontos em julho. A entidade, no entanto, permanece cautelosa com relação à recuperação completa do emprego na indústria paulista. "Ainda estão presentes no cenário econômico muitas variáveis contraditórias", pondera Francini, dando como exemplo a fraqueza das exportações e a falta de confiança, que impede novos investimentos no setor. Ele explica que o emprego costuma mostrar reações defasadas diante da conjuntura econômica global, ou seja, se a economia vai mal ou bem, os efeitos demoram cerca de quatro meses para chegar no mercado de trabalho. "No início da crise, a resposta veio mais rápida do que os quatro meses. Mas agora não vai acontecer o mesmo. A recuperação demorará mais, pois os empresários precisam ainda se convencer que a economia realmente está melhorando", explicou o especialista. Vanessa Dezem -Valor Online
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