quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SERASA: COMÉRCIO TEM MAIOR CRESCIMENTO DO ANO EM AGOSTO

Economia
Portal Terra
PORTAL TERRA - A atividade do comércio varejista do País cresceu 0,7% em agosto, na comparação com julho, na série com ajuste sazonal, informou nesta quinta-feira a consultoria Serasa Experian. De acordo com a pesquisa, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o indicador teve alta de 6,3%, a maior taxa de crescimento nesta base de comparação registrada no ano.
Na passagem de julho para agosto, os segmentos com alta destacada foram combustíveis e lubrificantes (1,4%); material de construção (0,8%) e móveis, eletroeletrônicos e informática (0,7%). Na contramão, o destaque foi para veículos, motos e peças, com recuou de 1,9%.
No acumulado do ano de 2009, o indicador registrou alta de 4,3%, "liderado pelo setor de móveis, eletroeletrônicos e informática, com alta de 10,1%", destacou a Serasa Experian. Em seguida aparecem tecidos, vestuário, calçados e acessórios (3%) e veículos, motos e peças (2,6%). No território negativo, o destaque vai para combustíveis e lubrificantes (-1,7%) e material de construção (-13,8%).
Segundo a consultoria, o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio analisa eventos ocorridos em todo o Brasil e reflete a evolução da atividade do comércio varejista em âmbito nacional. O indicador considera as consultas registradas à base de dados da Serasa Experian de aproximadamente 6 mil empresas comerciais.
JB-03/09/2009

Produção industrial cresce em dez das 14 regiões pesquisadas em julho

Economia
Agência Brasil
RIO DE JANEIRO - A produção da indústria brasileira subiu em julho em relação ao mês anterior em dez das 14 áreas pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As principais altas foram observadas no Paraná (15,3%), no Espírito Santo (8,9%), em Goiás (6,0%) e no Amazonas (3,6%), que tiveram crescimento acima da média nacional relativa ao mesmo período do ano passado (2,2%).
Dados da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física - Regional, divulgados hoje (3) pelo IBGE, revelam que também houve expansão na produção do Rio de Janeiro e de Minas Gerais (ambos com alta de 1,8%), de São Paulo (1,4%), do Rio Grande do Sul (1,1%), do Ceará (0,9%) e de Santa Catarina (0,8%).
As áreas onde houve queda na atividade fabril foram a Bahia (-6,0%), a Região Nordeste (-3,5%), Pernambuco (-1,5%) e o Pará (-1,0%).
Na comparação com o mesmo período do ano passado, os índices mostram queda em todos os locais, com exceção de Goiás, que avançou 4,4%. As reduções mais fortes foram notadas no Espírito Santo (-20,0%), em Minas Gerais (-16,1%) e em São Paulo (-11,9%). As demais regiões, conforme aponta a pesquisa, tiveram queda menos intensa do que a média nacional.
O levantamento do IBGE revela também que de janeiro a julho o setor acumula queda generalizada, com todos os locais apontando índices negativos, especialmente Espírito Santo (-27,9%) e Minas Gerais (-20,5%).
JB- 03-09-2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pior pode ter passado na zona do euro, mas ajuda não deve acabar

REUTERS
BRUXELAS - O pior já passou para a economia da zona do euro, mas ainda é muito cedo para retirar os estímulos fiscais, avaliaram economistas e autoridades europeias da área de finanças nesta quarta-feira, após dados mostrarem que a pior recessão da região desde a Segunda Guerra Mundial pode estar terminando.
A agência de estatísticas Eurostat confirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos 16 países que utilizam o euro caiu apenas 0,1% no segundo trimestre, após contração de 2,5% nos três meses anteriores.
- O pior já passou, por enquanto - disse o presidente do conselho de ministros de Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, antes de um encontro dos ministros e do Banco Central Europeu (BCE).
O Japão está tecnicamente fora da recessão com um crescimento de 0,9% no segundo trimestre, mas a economia dos Estados Unidos segue retraída, com queda de 0,3% na comparação trimestral no mesmo período.
Economistas acreditam que, após um grande desmonte de estoques nos trimestres passados, as empresas da zona do euro começarão a refazê-los no segundo semestre do ano, impulsionando a produção. Uma retomada gradual da demanda global deve ajudar as exportações da zona do euro.
- Os tempos de recessão acabaram e a recuperação pode começar - disse Carsten Brzeski, economista no ING. 'O fluxo recente de dados indica que a zona do euro como um todo deve abandonar a recessão técnica no terceiro trimestre.'
Os números, contudo, mostraram que o PIB do segundo trimestre foi influenciado pelos estímulos fiscais, que elevaram os investimentos do governo e a demanda das famílias.
Juncker disse que é muito cedo para encerrar o apoio público.
 - O momento ainda não é de retirar os estímulos fiscais. Nós precisamos continuar com o esforço ao longo deste ano e do próximo, então teremos que concordar com uma estratégia de saída - afirmou.
Fontes disseram que ministros de Finanças de 27 países da União Europeia provavelmente enviarão uma mensagem similar no final do encontro desta quarta-feira e apresentarão isso aos ministros do G20 nos dias 4 e 5 de setembro, em Londres.
ESTRATÉGIAS DE SAÍDA
Governos ao redor do mundo têm gastado trilhões de dólares em pacotes de estímulo econômico, levando a um debate sobre como eventualmente remover esse suporte. As economias podem se enfraquecer novamente se a ajuda for retirada cedo demais, mas pressões inflacionárias podem crescer se ela permanecer por muito tempo.
O ministro das Finanças da Grã-Bretanha, Alistair Darling, disse nesta quarta-feira que o os ministros de Finanças do G20 devem concentrar suas conversas em formas de assegurar a recuperação das economias do mundo.
A Alemanha conclamou outros países da UE esta semana para começar a retirada da ajuda pública com a recuperação ganhando corpo, e o ministro de Finanças holandês, Wouter Bos, disse nesta quarta-feira que uma estratégia de saída é necessária para proteger o valor do euro.
Mas a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, disse à Reuters na terça-feira que a economia ainda não está fora da crise e, assim, é muito cedo para remover as medidas de estímulo.
Fontes próximas do encontro dos ministros da UE disseram que as 27 nações do bloco provavelmente discutirão no início de 2010 quando e como conter os estímulos dos governos.
02/09/2009

Copom interrompe cortes e mantém Selic em 8,75% ao ano

Portal Terra

DA REDAÇÃO - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu uma sequência de cinco quedas consecutivas e anunciou nesta quarta-feira a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 8,75% ao ano. O valor continua como o menor da história da taxa, criada em 1999.

A decisão corrobora a opinião do mercado financeiro de que o Copom cessaria com os cortes. Desde o resultado da última reunião, em julho, analistas já previam a manutenção da taxa.


Desde janeiro, quando a Selic estava em 13,75% ao ano, a taxa perdeu 5 pontos percentuais. Mesmo assim, de acordo com a consultoria Uptrend, o Brasil mantém a quarta maior taxa de juros real (juros nominais descontada a inflação) do mundo. O País, com taxa real de 4,5% ao ano, tem taxa menor somente que China (7,2%), Tailândia (5,9%) e Argentina (4,7%).

02/09/2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Superávit comercial de agosto chega a US$ 3,074 bilhões

Pela média diária, valor é 15% maior que o de julho deste ano e está 33,7% acima do verificado em agosto de 2008
A balança comercial do mês de agosto de 2009, com 21 dias úteis, apresentou superávit (diferença entre exportações e importações) de US$ 3,074 bilhões (media diária de US$ 146,4 milhões). Frente a julho deste ano (US$ 127,3 milhões), o acréscimo foi de 15% e em comparação a agosto de 2008 (US$ 109,5 milhões), o valor apresentou aumento de 33,7% - ambos pelo critério da média diária. No período, a corrente de comércio (soma dos valores exportados e importados) fechou em US$ 24,608 bilhões (média diária de US$ 1,172 bilhão) e cresceu 6,3% na média por dia útil, em relação a julho passado (US$ 1,102 milhão) . Na comparação com agosto de 2008 (US$ 1,171 bilhão), houve queda de 33,8%.

As exportações, por sua vez, ficaram em US$ 13,841 bilhões (média diária de US$ 659,1 milhões). Na comparação pelo resultado médio diário, o valor foi acrescido em 7,2% em relação a julho de 2009, quando o Brasil exportou US$ 14,142 bilhões (média diária de US$ 614,9 milhões). Com relação a agosto do ano passado - exportações de US$ 19,747 bilhões e média diária de US$ 940,3 milhões -, o valor é 29,9% menor.

Já as importações de agosto foram de US$ 10,767 bilhões (média diária de US$ 512,7 milhões). Em relação ao mês anterior, houve um aumento de 5,1% pelo valor médio diário - importações de US$ 11,215 bilhões e média diária de US$ 487,6 milhões -, mas em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 38,3% - importações de US$ 17,447 bilhões, com média diária de US$ 830,8 milhões.

Quarta e quinta semanas

A balança da quarta semana de agosto, dos dias 24 a 30 (com cinco dias úteis) fechou com saldo positivo de US$ 647 milhões (média diária de US$129,4 milhões). A corrente de comércio do período foi de US$ 5,889 bilhões (média diária de 1,178 bilhão), com exportações de US$ 3,268 bilhões (média diária de US$ 653,6 milhões) e importações de US$ 2,621 bilhões (média diária de US$ 524,2 milhões).

Já a quinta semana do mês, com apenas um dia útil (31), teve superávit e média diária de US$ 397 milhões, com exportações de US$ 972 milhões, importações de US$ 575 milhões e corrente de comércio no valor de US$ 1,547 bilhão.

Ano

No acumulado do ano, com 166 dias úteis, o saldo comércio foi positivo em US$ 19,968 bilhões (media diária de US$ 120,3 milhões). A corrente de comércio fechou em US$ 175,902 bilhões (média diária de US$ 1,060 bilhão) - exportações de US$ 97,935 bilhões (média diária de US$ 590 milhões) e importações de US$ 77,697 bilhões (média diária de US$ 469,7 milhões).

Na comparação por valores, o saldo comercial do acumulado de 2009 ficou 18% acima do verificado no mesmo período de 2008 e 18,7% maior pelo critério da média diária. De janeiro a agosto de 2008, o superávit foi de US$ 16,928 bilhões e a média diária alcançou US$ 101,4 milhões.

Brasil se mantém como o maior mercado acionário do BRIC

 FINANÇAS
PanoramaBrasil
SÃO PAULO - O Brasil superou a Índia como o maior mercado acionário dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) em 10 de julho passado e segue liderando o grupo, com base na capitalização de mercado ajustada para o free float. Em 28 de agosto, a capitalização de mercado do Brasil era estimada em US$ 477,899 bilhões, a da Índia estava em US$ 457,12 bilhões, a da China era projetada em US$ 330,57 bilhões e a da Rússia, em US$ 216,81 bilhões. O cálculo tem como base o índice Dow Jones Bric 50.
David Krein, diretor de Desenvolvimento de Produtos do Dow Jones Indexes, afirma em relatório que, desde 31 de dezembro de 2002, os papéis brasileiros representados no índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR acumulam desempenho bem melhor do que os reunidos no índice Dow Jones Bric 50. O retorno total do Dow Jones Brazil Titans supera em 150% o do Dow Jones Bric, afirma Krein. O retorno anualizado no período foi de 36,46% para os ADRs brasileiros e de 32,23% para os 50 papéis selecionados dos BRICs. Os dois índices tiveram performance melhor do que os mercados globais amplos medidos pelo índice Dow Jones Global Total Stock Market, que apresenta retorno anualizado de 9,05%.
Krien indica que a liderança por capitalização de mercado do Brasil entre os BRICs terá vida curta. A China deve tornar-se o maior dos países do grupo BRIC quando for feita a reclassificação das chamadas ações "red chips" das companhias de Hong Kong para companhias chinesas na revisão trimestral de alguns índices Dow Jones marcada para setembro. As "red chips" são ações de companhias com sede na China continental, incorporadas internacionalmente fora da China e listadas em Hong Kong.
Ontem, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou em queda de 2,10%, aos 56.488 pontos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Produção industrial sobe 2,2% em julho, ante junho

Econômia

SÃO PAULO, 31 de agosto de 2009 - A produção industrial brasileira teve alta de 2,2% em julho deste ano, na comparação com o mês anterior, segundo informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Este é o sétimo avanço consecutivo na relação mensal.
Já ante o mesmo mês do ano passado, a produção industrial teve queda de 9,9% em julho de 2009. Esta é a menor retração anual desde abril. No acumulado do ano, o índice recuou 12,8% e 8% nos últimos 12 meses.
De acordo com a pesquisa, 23 dos 27 segmentos industriais monitorados avançaram em julho, quando comparado a junho. O desempenho de maior importância para o resultado global veio de máquinas e equipamentos (8,9%), que após forte ajuste na produção, no final do ano passado, acumulou ganho de 11,6% entre abril e julho.
Também merece destaque o avanço de 4,5% na metalurgia básica, que mostra crescimento por quatro meses consecutivos, influenciado, neste mês, pelo retorno a operação de alguns alto fornos. Em seguida, aparecem os setores: Alimentos (1,9%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (12,1%), borracha e plástico (5,6%), minerais não metálicos (3,6%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,5%).
Já as principais influências negativas foram: Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,1%). A atividade de veículos automotores, após acumular um ganho de 69,2% de janeiro a junho, fica praticamente estável em julho (0,1%).
Entre as categorias de uso, o setor de bens de consumo duráveis (4,6%) sustentou o maior ritmo de crescimento, na passagem de junho para julho, seguido por bens intermediários (2,0%) com ritmo próximo ao do total da indústria (2,2%), enquanto bens de capital (1,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,0%) cresceram abaixo da média.
 Agência IN  31/08/2009

domingo, 30 de agosto de 2009

Brasil está apto a ser 1º grau de investimento pós-crise, diz Moody's

BBC Brasil
O Brasil reúne as condições necessárias para se tornar, nos próximos dias, o primeiro país, entre os 100 países analisados pela agência de classificação de risco Moody's, a ser avaliado como ''grau de investimento'' desde o início da crise econômica.
É essa a opinião do analista-chefe para o Brasil da agência, Mauro Leos. A classificação é dada a países cujas economias são consideradas seguras para investidores. A categoria determina se um país oferece ou não risco de pagar seus títulos. Quanto mais elevada a classificação, maior a propensão em atrair títulos.
Entenda o que é "rating" ou nota de risco
Em entrevista à BBC Brasil, Leos afirmou que, se a conclusão do comitê de avaliação da agência for a de que o Brasil merece entrar nessa categoria isso se dará porque ''o país está apto a arcar com choques externos, está se movendo na direção certa e os riscos crediários que enfrenta são mais baixos do que antes''.
Outras duas agências de risco, a Standard & Poor's e a Fitch Ratings, já haviam elevado a classificação do Brasil para grau de investimento, no ano passado.
Mas a Moody's, ao contrário das duas outras, decidiu não elevar a categoria do país no ano passado, a fim de aguardar para ver o quanto o país seria afetado pelos efeitos da crise econômica mundial.
''O Brasil se saiu melhor do que o esperado. E um dos fatores decisivos para rever a classificação do país foi a avaliação do mercado. No Brasil, após um período crítico entre setembro e novembro, quando houve queda da atividade econômica, o sentimento do mercado melhorou consideravelmente'', afirma Leos.
Emergentes Segundo ele, a despeito do ''declínio abrupto do quarto trimestre de 2008, o Brasil se diferenciou de outras economias emergentes em 2009, porque já está crescendo a uma taxa de 4%, no terceiro trimestre, em termos anuais, um índice que não temos visto em outros países''. Fatores como sistema bancário sólido, balanço de pagamentos positivo e retorno do fluxo de capitais foram determinantes para provocar a revisão da Moody's. O analista afirma que o Brasil, assim como outras nações afetadas pela crise, sofreu um aumento de seu déficit fiscal e, consequentemente, da dívida pública.


''Mas no caso do Brasil, isso não é grande o suficiente para causar preocupação. A posição oficial do governo é a de retomar balanços primários consistentes com o compromisso de reduzir a dívida pública.''
De acordo com Leos, se vier a ser de fato considerado grau de investimento pela última agência que faltava, isso possibilitará ao Brasil contrair empréstimos mais elevados a taxas de juros mais baixas.
A avaliação também abrirá caminho para fundos de investimentos e os fundos de pensões americanos que têm como critério só investir em países que são avaliados como grau de investimento por diferentes agências de classificação.
Folha online- 28/08/2009

sábado, 29 de agosto de 2009

Zona do euro dá primeiros sinais de saída da crise global

 INTERNACIONAL
Agência EstadoPanoramaBrasil
BRUXELASFRANKFURT - A economia da zona do euro já dá seus primeiros sinais de melhora depois que Alemanha e França saíram da recessão no segundo trimestre. No entanto, o fluxo de crédito ainda sinaliza desaceleração para o setor privado.
Ontem, pesquisa da Conference Board mostrou que o índice dos principais indicadores da zona do euro subiu 1,6% em julho, para 97,4. O indicador aumentou pelo quarto mês consecutivo. O índice é formado por oito componentes, como confiança econômica e encomendas de bens de capital, e visa indicar a tendência econômica da região para até seis meses à frente.
No segundo trimestre, a economia da Espanha se contraiu mais que o esperado, contrastando com a recuperação vista na Alemanha e na França, devido a uma deterioração da demanda interna, segundo os dados divulgados pela agência nacional de estatísticas ontem. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,1% sobre o primeiro trimestre, quando a retração foi de 1,6%.
Já a confiança do consumidor da Alemanha aumentou para o maior patamar em 15 meses em setembro, de acordo com um indicador antecedente, divulgado ontem, em razão de menores preços e de um mercado de trabalho mais estável. O índice do grupo de pesquisa GfK subiu para 3,7 na leitura para o próximo mês, ante o dado revisado para baixo de 3,4 em agosto.
Já o aumento dos créditos ao setor privado registrou nítida desaceleração em julho na zona do euro, de acordo com dados do Banco Central Europeu (BCE) divulgados ontem, consequência do temor dos bancos de emprestar e dos planos de economia das empresas em dificuldades.
Os créditos ao setor privado aumentaram 0,6% ao ano, contra altas de 1,5% em junho e 1,8% em maio, informou o Banco Central Europeu (BCE). A desaceleração do aumento dos empréstimos bancários às empresas está se intensificando. Ao mesmo tempo, os temores de escassez de crédito que ameaçam entravar uma retorno duradouro ao crescimento aumentam na Europa, principalmente na Alemanha, onde a demanda de crédito é mais forte que a média. "Os temores de escassez do crédito parecem estar se materializando", disse Jean-Christophe Caffet da Natixis.
Os bancos endureceram os critérios de concessão de crédito nos últimos meses, mas ao mesmo tempo a demanda caiu em razão do adiamento dos investimentos das empresas em subcapacidade, principalmente na indústria, segundo Caffet. "Claro, uma forte desaceleração do aumento do crédito é mais do que normal quando a economia está no meio de uma severa recessão", disse Carsten Brzeski da ING. "Mas o ciclo do crédito deve rapidamente melhorar sua tendência para permitir uma verdadeira retomada", acrescentou.
"Com tão poucos sinais de uma vontade dos bancos de emprestar, uma retomada em V na zona euro é improvável", disse Ben May da Capital Economics. O BCE publicou ontem seu indicador antecipado da inflação, a massa monetária M3. O índice aumento 3% em julho em um ano, contra 3,6% em junho.
Os economistas interrogados pelo Dow Jones Newswires previam um crescimento ligeiramente superior, a 3,1%. "Este é o 15º mês de recuo do M3, ressaltou May, o que parece confirmar a ausência de pressões inflacionárias em um futuro próximo", completou Brzeski. "O Banco Central Europeu (BCE) sabe disso muito bem, e por isso não está apressado em abandonar sua política monetária acomodativa".
Há meses o BCE alimenta os bancos implantados na zona do euro em liquidez a taxas muitos pequenas, para incentivá-los a aumentar seus empréstimos á economia real. A principal taxa diretriz do banco central europeu está em 1% desde maio - seu mais baixo nível da história.
Gratificações
José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia (CE - órgão executivo da União Europeia), mostrou sua satisfação ontem pelo fato de que os líderes europeus proponham regular as gratificações dos diretores. No entanto, lembrou que a CE apresentou no final de 2004 uma recomendação nesta linha, à qual "quase ninguém prestou atenção". Barroso disse que está "muito feliz" com que alguns líderes se comprometam agora com a regulação do sistema de gratificações a altos executivos, em referência à iniciativa que Alemanha e França.
DCI- 28 28/08/09

BNDES e Fundação BB apoiarão economia solidária

POLÍTICA ECONÔMICA
Agência Brasil
28/08/09 RIO DE JANEIRO - Os projetos de economia solidária e promoção do desenvolvimento territorial vão receber apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da ordem de R$ 40 milhões, para combater os efeitos negativos que venham ocorrer no entorno de grandes obras financiadas pelo banco, como as do Complexo Industrial Portuário de Suape (PE), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Hidrelétrica de Estreito (MA/TO) e da Ferrovia Transnordestina, entre outros.
Um acordo de cooperação técnica com esse objetivo foi assinado hoje (28) entre o BNDES e a Fundação Banco do Brasil (FBB). Ele prevê que os recursos não reembolsáveis serão divididos meio a meio entre as duas instituições.
O diretor das Áreas de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar, em entrevista à Agência Brasil, explicou que em obras do porte de Suape, por exemplo, a tendência é de no seu entorno aparecerem favelas ou ambientes não muito salubres.
“A nossa intenção é fomentar a constituição de cooperativas de serviços e de produção de baixa renda para que elas possam oferecer serviços e produtos para aquele adensamento populacional que vai acontecer ali em Suape. Dessa forma, a gente consegue evitar a sub-habitação, a aglomeração irregular. A gente consegue diminuir os impactos negativos de um projeto de grande porte. É esse o objetivo”.
Gaspar disse que o acordo será desenvolvido em duas frentes: com os estados e os Territórios da Cidadania, para apoiar os projetos de desenvolvimento econômico e geração de trabalho e renda, principalmente no semiárido do Nordeste; e no entorno das grandes obras, principalmente as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O diretor do BNDES afirmou ainda que o acordo prevê a realização anual de um plano tático de atuação conjunta entre o banco e a FBB. Ele estima que serão apoiados no primeiro ano mais de mil projetos, e que, nos próximos dias, serão escolhidos os projetos no âmbito do programa Territórios da Cidadania no semiárido nordestino.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Classes C e D consomem mais e redes diversificam produtos

25/08/09
SÃO PAULO - Vinhos, queijos e batata congelada importados são os novos integrantes da cesta de compras mensal dos consumidores das classes D e E paulistas. Atenta às mudanças no consumo dessa fatia da população, a Cooperativa de Consumo (Coop) fez parceria com a Rede Brasil de Supermercados, formada por outras 15 varejistas, para a compra destes e outros produtos importados a fim de melhorar a competitividade nesta categoria. Segundo a LatinPanel, empresa de pesquisa de consumo domiciliar, completam a lista de compras: achocolatado em pó, caldo, iogurte, leite longa-vida e salgadinhos.
Diante do cenário de incremento do poder aquisitivo desta população no País, algumas varejistas estão ampliando o mix de produtos nas lojas para atender à nova demanda. "Muitas famílias estão trocando artigos habituais por aspiracionais", disse Emerson Poppi, gerente de Compras e Mercearia da Coop.
Mesmo com essas mudanças, as 28 lojas da Coop ampliaram a oferta de produtos com valor agregado mais baixo em embalagens maiores, como as fraldas descartáveis, antes restritas às marcas convencionais, mas agora com pacotes de até 100 unidades, dependendo do tamanho. As prateleiras da categoria de higiene e limpeza também receberam creme dental e sabonete líquido com preços competitivos.
Poppi crê que parte do desempenho do primeiro semestre deste ano, que foi 10% superior frente ao de igual período de 2008, é atribuído ao aumento do consumo das classes D e E. Levantamento da LatinPanel apontou a que nos seis primeiros meses essas pessoas compravam 22 tipos de produtos, e agora passaram a comprar 27, enquanto as da classe C subiram um item, totalizando 33. Já a cesta dos integrantes das classes A e B manteve-se estável em 34 produtos no período.
De acordo com Patrícia Menezes, gerente de Marketing e Comunicação da empresa de pesquisa, os itens que integraram a nova cesta de compras são consumidos em pelo menos 70% das casas dos brasileiros. "Isso é reflexo dos programas de incentivo do governo federal, como o Bolsa Família, que estão enchendo a despensa e a geladeira das famílias."
A cada ida ao supermercado, os clientes das classes D e E desembolsaram R$ 10,04, valor que no primeiro semestre de 2008 atingia R$ 9,34. Além disso, o número de idas ao ponto-de-venda subiu de 13 vezes ao mês para 15, nos seis meses de 2009, sendo que o tíquete médio acompanhou esta evolução, crescendo de R$ 11,55 para R$ 12,45.
Expansão
A bandeira de hard discount TodoDia é um dos focos de expansão do Walmart no País este ano, tanto que no próximo mês chegará ao Estado do Rio Grande do Sul. Composta por 53 estabelecimentos, a marca da varejista norte-americana registrou avanço de dois dígitos nas vendas do primeiro semestre, ante o mesmo período do ano passado.
"O potencial de compra do nosso público está crescendo muito rápido. Ao inaugurar unidades na Região Sul, mostra que esta é uma operação nacional, e para isso é preciso ver que os clientes das classes C, D e E têm uma cesta de consumo diferente", pontuou Demétrio Magnani, vice-presidente de Operações do Todo Dia. Para obter melhor desempenho, opta por trabalhar com produtos regionalizados.
Ele conta que a rede passou a encomendar maior volume de cereais, óleo, mistura para bolos e sucos, pois o acesso a novas categorias é bastante intenso, forçando o aumento do espaço desses itens nas gôndolas.
Além disso, esses consumidores estão gastando mais com artigos de higiene e limpeza, categoria que cresce no ritmo de dois dígitos. "Eles [os consumidores] se permitem pequenas indulgências, como comprar mais cosméticos e perfumes", finaliza Patrícia, da LatinPanel.
DCI -

domingo, 23 de agosto de 2009

Antoninho Marmo Trevisan: “Brasil dá lições ao mundo na crise”

Economia Rodrigo de Almeida
RIO - Habitualmente bem-humorado, o empresário Antoninho Marmo Trevisan tem estado especialmente festivo neste inverno. Credite-se a dois êxitos gloriosos – um seu, em particular, e outro do país.
Primeiro, está comemorando este mês 10 anos de fundação da Trevisan Escola de Negócios, concebida para formar profissionais dedicados ao ambiente corporativo, iniciativa surgida depois que o grupo conquistou uma sólida credibilidade nas áreas de auditoria e consultoria empresarial. O segundo motivo de alegria resulta do desempenho da economia brasileira em tempos de crise internacional. Para ele, o Brasil tem dado lições ao mundo de como enfrentar a turbulência. As duas coisas unem-se por um fio comum, como mostra Trevisan na entrevista a seguir. “A crise mostrou que há uma necessidade muito grande de construirmos padrões de ensino que sejam ligados a cada país”, sugere o empresário-educador.
Na conversa, o empresário põe o dedo na ferida do modelo de educação que costuma distanciar o aluno da realidade, maneira ultrapassada e contraproducente de preparar as novas gerações para o desenvolvimento. Também analisa duas formas de lição – sobre a crise e sobre a formação dos novos profissionais. Nos dois casos, sublinha, a velocidade das mudanças e a complexidade das soluções adornam o imperativo da competitividade.
A Escola de Negócios Trevisan está completando 10 anos neste mês. Qual o balanço da data?
- É um balanço de felicidade. Primeiro, é a satisfação de ter criado uma instituição que ficará por mais 10, 20, 100 anos. É saber que essa iniciativa começa a colher frutos. Reunimos em coquetel de comemoração vários empresários do país e pude ver o respeito que eles têm pela questão da educação. Esses 10 anos mostraram a importância da educação, sobretudo essa educação na qual estamos envolvidos. Segundo, essa crise econômica mostrou que há uma necessidade muito grande de construirmos padrões de ensino que sejam ligados a cada realidade, a cada país.
Para uma crise, efeitos e soluções diferentes...
- Exatamente. O Brasil tem características próprias e está saindo da crise com instrumentos muito particulares, fazendo distribuição de renda forçada e gerando pressão para novos investimentos. O terceiro ponto é que a capacitação das pessoas tornou-se uma necessidade quase continuada. Com a crescente necessidade de convergência do mundo tributário, financeiro, administrativo e contábil, não há mais como abandonar os bancos escolares. Nesse aspecto, nossa escola ficou bem posicionada. O quarto é último ponto a comemorar é a satisfação de ser referência entre os auditores. Uma parte significativa de nossos alunos é encaminhada pelas próprias empresas de auditoria, ou seja, concorrentes da nossa empresa de auditoria. Ser escolhido por um concorrente seu confirma que fizemos um bom trabalho nesses 10 anos.
Nesses 10 anos, o que mudou no perfil do ensino numa escola de negócios?
- O dinamismo da economia ganhou uma velocidade tal que só mesmo uma escola ligada ao mundo empresarial consegue traduzir e implementar seu programa com a mesma velocidade com que as mudanças ocorrem. As melhores escolas de negócios do mundo, inclusive a de Harvard, estão revendo suas posições. Antes, viam um livro ser lançado e depois de alguns anos de análise o incorporavam na grade curricular. O dinamismo da economia se acelerou de tal maneira que não há mais como fazer isso. Quando criamos a escola, há 10 anos, o que fizemos? Pensamos numa escola sem lápis e sem papel. O aluno fica antenado ao seu laptop. Isso há 10 anos... A maneira como é preciso ensinar hoje executivos e jovens estudantes tem de ser a prática vivenciada pelas empresas. A performance das empresas está ditando o que estamos ensinando. As empresas serão cada vez mais escolas, e as escolas serão cada vez mais empresas. Essa é uma convicção que temos desde o primeiro dia.
Há uma análise corrente segundo a qual há um distanciamento entre empresas e escolas.
- É verdade. Para você ter ideia, há poucos dias eu estava no Rio coordenando um colóquio na Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Participei na condição de integrante do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES, órgão consultivo da Presidência da República). O colóquio discutiu inovação tecnológica e o aprimoramento e a ampliação dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Há uma enorme distância entre a academia e o mundo empresarial. A academia produz ciência, o mundo empresarial cria produtos e serviços. Ocorre que ambos não se falam. A Escola de Negócios Trevisan conseguiu trazer esses dois lados. Não é por outra razão que você cruza com empresários o tempo todo na escola.
O senhor falou das mudanças nas empresas e nas escolas. E o perfil do profissional, o que mudou nesses 10 anos?
- O principal atributo é que ele precisa estar aberto ao conhecimento. O segundo atributo é uma profunda habilidade desenvolvida para administrar o conhecimento. A informação, não o conhecimento, está vastamente disponível, acessível, acessável. O profissional tem de aprender a administrar essa informação e transformá-la em conhecimento, seja no curso de administração, ciências contábeis, marketing e relações internacionais. Desde o primeiro dia de funcionamento da escola, nós não temos laboratório de informática – é algo até curioso que ainda exista. A sala de aula já é um laboratório de informática, o aluno já está ligado a esse ambiente e a cada semestre é desafiado a apresentar no seu grupo um trabalho, de maneira que ele tem oito semestres e oito teses para apresentar. Com isso, ele sai preparado para, no ambiente de trabalho, compartilhar ideias, defender posições, transmitir conhecimento e liderar. As escolas mais antigas estão tentando correr atrás desse prejuízo. O fato de nós termos sido criados no mundo eletrônico acelerado, de conhecimento acelerado, nos dá grande vantagem. Para nós é natural o que as outras escolas estão tentando incorporar. O mundo corporativo é o mundo em que trabalhamos.
Mas o atraso das escolas é um problema nacional ou internacional?
- Essa discussão ocorre no mundo inteiro. Harvard chegou à conclusão de que o conhecimento que ela transmitia era pouco útil para as empresas. Não posso me afastar do mundo para o qual estou formando pessoas. É comum o mundo acadêmico negar a existência do mundo corporativo.
Essa negação é mais comum nas escolas públicas ou atinge universalmente públicas e privadas?
- É mais forte, sim, nas escolas públicas. Nelas em geral há uma aversão ao lucro e uma demonização do ambiente empresarial. O que é, evidentemente, uma enorme tolice. Basta ver o fato de que o Brasil produz ciência, mas não produz patentes. É algo maluco. É uma ciência, mas não é uma ciência aplicada. O mundo acadêmico tem de produzir respostas e soluções. A Trevisan Escola de Negócios, sem modéstia, nada de braçada.
A educação é costumeiramente tratada como essencial para o desenvolvimento de qualquer país. No Brasil, as práticas correspondem aos discursos?
- Sou um apaixonado pela educação. Lamentavelmente, nós nos ocupamos, sobretudo no ensino fundamental, a gastar o tempo a ensinar quais são os afluentes do Rio Amazonas na margem esquerda e quais são os afluentes do Rio Amazonas na margem direita. E não explicamos o que é uma carteira de identidade e como exercer a cidadania. Educamos crianças e jovens a viver num mundo que não existe. As pessoas não sabem o que é um imposto, como paga na hora em que compra um refrigerante. O Brasil se afasta da realidade. Parece complexo de um país colonizado, que prefere estudar a França e não tratar de indicar o valor do voto. Nós fugimos do mundo real. Não se ensina aos jovens como é o mundo da gestão. Prefere-se ensinar derivativos a ensinar como se abre uma empresa. Um dentista, um engenheiro ou um médico não têm a menor ideia do que farão quando chegarem lá fora. Engenheiro não é um ser abstrato. Ou ele trabalha numa empresa ou vai abrir uma. Mas as escolas não o ajudam a entender o país onde ele está.
Isso passa também por uma política pública para a educação. Na sua avaliação, houve avanço entre o governo Fernando Henrique e o governo Lula?
- Só o fato de termos criado o Prouni já garantiu à educação brasileira um momento glorioso. O Prouni, criado no governo do presidente Lula, permitiu a jovens que jamais teriam acesso a escolas de primeiro nível pudessem, através do programa, frequentar uma universidade privada de altíssimo gabarito. Isso é como retomar um padrão que ocorreu no passado. Eu estudei em escola pública e me habituei a ter colegas de diferentes padrões. De 30 anos para cá isso se alterou. A educação colocou cada um num nicho diferente. O Prouni resgata aquela possibilidade perdida.
Ou seja, não só se permite o acesso a escolas de alto nível como ajuda a derrubar barreiras de classe, de renda, de cor...
- Exatamente. Até porque as classes sociais vão se esgotando. Quando mais altas, vão esgotando sua capacidade de gerar talentos. Quanto mais abrangente, mais a oportunidade de ter talento. Há um vasto universo a incluir nos morros e nas periferias. Esses talentos estão começando a ter uma grande oportunidade.
Nos últimos 10 anos houve uma profissionalização e uma internacional crescente entre as grandes empresas brasileiras. O que houve de mudanças relevantes no período?
- Acho que mudou, entre as empresas, a percepção da competitividade. O ambiente de negócios brasileiros nos últimos 10 anos se alterou na exata medida em que foram se abrindo os portos a todas as nações. E você se viu diante de um competidor chinês, americano, coreano, indiano, e tendo que compreender diferentes culturas e não tendo uma alternativa para competir senão com a melhoria de sua produtividade. As empresas brasileiras, em que pese não ter atingido ainda a melhor posição, deu um grande salto nessa melhoria de produtividade. Fez isso para sobreviver, caso contrário teria desaparecido. As empresas tiveram de aprender a fazer isso. Veja o setor agrícola. Houve saltos inimagináveis. Veja o ambiente contábil. Se você olhar, a convergência foi essencial. A contabilidade brasileira era muito específica. Era bem brasileira. A maneira de as empresas apresentarem seus balanços era de brasileiro para brasileiro. Agora é de brasileiro para o mundo. Contadores foram estudar as práticas mundiais. E fizeram isso com uma rapidez e uma competência incríveis. Olhe o balanço de uma Gerdau, de uma Vale... É o mesmo balanço que há nos EUA, para qualquer investidor. Basta ver que as ações de empresas brasileiras são mais negociadas nos EUA do que no Brasil. O padrão passou a ser um padrão mundial.
Isso para as grandes empresas. E as menores? Qual o espaço destinado a elas?
- Elas descobriram as chamadas redes. Há hoje redes de atuação que vão desde a empresa que fabrica alfinete, a drogarias, a pequenas boutiques. Você consegue se inserir numa rede mundial com enorme facilidade. Basta acessar a internet. Sou apaixonado por essas redes. Dirijo uma ONG na qual trabalham quatro pessoas. E estamos em todo o Brasil via redes de merenda escola. A BDO, que se juntou à Trevisan, é uma rede internacional de auditores. Uma empresa brasileira de auditoria estaria fadada a ficar isolada. A partir daí eu atendo no Brasil, na China, na Rússia, onde eu quiser. As empresas menores têm hoje essa enorme possibilidade de se incorporar a essas redes. Eu estava pesquisando sobre perfumarias porque o meu irmão mais velho, o João Silvério Trevisan, está lançando um novo romance (O rei do cheiro, que conta a história de um perfumista que fica famoso por causa do seu produto). Eu tenho plantação de eucaliptos e, em Dois Córregos, no interior de São Paulo, descobri uma empresa que processa folhas de eucaliptos. Produz óleo e exporta para o mundo todo. É como o papel do educador: gerar informação e ajudar o aluno a interrelacionar-se com o resto do mundo. Com isso o Brasil teve enorme avanço. A atual crise econômica é um bom exemplo disso. Estamos sendo chamados a ensinar.
Como assim?
- Fui recentemente a Bruxelas com outros integrantes do Conselhão debater com o conselho de desenvolvimento econômico europeu. Éramos oito ou nove. Passamos dois dias explicando como fizemos as melhores práticas para termos esse resultado diante da crise.
Há 10 anos íamos pedir ajuda.
- Sim, e nos acusavam de sermos indisciplinados, bagunceiros, descumpridores de contratos. Nesses 10 anos houve uma enorme preocupação em disciplinar a coisa pública. A lei de responsabilidade fiscal é um marco. Deu um norte. Depois, o governo Lula reforçou esse marco regulatório e inseriu uma coisa nova, uma rede social profunda, que derrubou o paradigma de que é preciso primeiro concentrar para depois distribuir. Fez diferente. Gerou demanda e pressionou por investimentos, sem que houvesse inflação, que era a grande ameaça. Portanto, os investimentos estão acontecendo em função dessa demanda. E os países estão interessados em conhecer esse modelo.
Na resposta à crise, o que nos garantiu certa saúde mesmo com a turbulência internacional?
- Primeiro, um ambiente financeiro muito bem posicionado. Segundo, o endividamento das famílias brasileiras estava extremamente baixo se comparado a outros países. O Brasil também não tinha desenvolvido a prática dos derivativos. Isso tudo dentro do ambiente que se implementou, com redução dos juros, toda a ação para não faltar o crédito, não deixar que o câmbio se perdesse e não permitir o desemprego em massa. A soma disso tudo foi a responsável para que essa retomada se desse rapidamente. Claro que ainda há um longo caminho pela frente. Uma coisa é manter o paciente vivo na UTI. Você tem de tratar os órgãos vitais. Depois é que começa a cuidar do bem-estar do paciente. É o que temos de fazer agora.
O empresariado brasileiro está mais otimista? Ele se assustou em demasia em setembro/outubro do ano passado...
- Sim, está muito mais otimista. Percebo pelas consultorias, pelos projetos retomados com muito vigor, pelo sistema financeiro preocupado em acelerar a oferta de crédito. Vamos ter uma retomada agora dos IPOs. Isso tudo vai resultar num novo ânimo para a economia.
E 2010? Será a primeira eleição sem Luiz Inácio Lula da Silva desde a redemocratização. O senhor foi eleitor dele em todas as eleições. O que muda agora?
- Nada (risos). Não muda nada. Essa é a grande vantagem. Nossa democracia recente adquiriu determinados valores que não permitirá que governantes aventureiros façam o que quiserem. O futuro presidente terá um aparato social, um ambiente econômico, uma rede social relevante, um marco regulatório definido em praticamente todos os setores – exceção ao que é preciso melhorar em aeroportos e portos, mas há marcos regulatórios muito bem implementados. Temos um Judiciário funcionando. Temos um Legislativo amadurecendo, apesar dos escândalos, que fazem parte do jogo democrático. Não acho que teremos mudanças muito acentuadas.
O senhor seguirá a recomendação do presidente Lula e votará na ministra Dilma Rousseff?
- Estou apreciando cada candidato (risos). Eu me sinto muito independente. Mas acho que o presidente Lula fez um governo exemplar.
JB- Economia - 22/08/2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mantega defende acordo de troca de moedas com todo o Mercosul

Economia REUTERS
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que o Brasil tem a intenção de fechar com todos os países do Mercosul acordos de crédito recíproco, por meio dos quais as economias deixam à disposição uma da outra um volume pré-determinado de recursos que pode ser sacado em caso de dificuldades.
Mantega e o ministro da Economia argentino, Amado Boudou, assinaram um memorando de entendimento em apoio a um futuro acordo de troca de moeda entre os dois países no valor de 3,5 bilhões de reais e 7 bilhões de pesos argentinos.
O acordo ainda depende de entendimento entre os respectivos bancos centrais. Mantega afirmou que, no caso brasileiro, os recursos virão da disponibilidade financeira do Banco Central e não afetarão os dados fiscais ou as reservas. Caso utilizados pela Argentina, os recursos sofrerão incidência da taxa Selic.
- A intenção do Brasil é fazer isso não só com a Argentina, mas com os demais membros do Mercosul, fazer com o Uruguai, com o Paraguai, com a Bolívia, os demais países também terão essa integração - disse Mantega a jornalista.
O ministro reiterou ainda sua avaliação de que a economia brasileira está se recuperando bem. Ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) doméstico tenha crescido entre 1,6 por cento e 1,7 por cento no segundo trimestre -dado que, se anualizado, apontaria uma alta superior a 6 por cento.
Isabel Versiani
JB- 19/08/2009

Economia da OCDE se estabiliza no 2º trimestre

SÃO PAULO, 19 de agosto de 2009 - O Produto Interno Bruto (PIB) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se estabilizou no segundo trimestre deste ano, depois de ter sofrido, no trimestre anterior, a pior queda desde 1960 (-2,1%), informou nesta quarta-feira a entidade, formada pelos 30 maiores países industrializados.
A OCDE indicou, em um comunicado, que a economia de seus países membros teve no segundo trimestre um retrocesso marginal de 0,002% em relação ao período precedente. O Japão saiu da recessão com um crescimento de 0,9%, com a França e a Alemanha (+0,3% em ambos os casos), mas as economias dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha se contraíram (-0,3% e -0,8%, respectivamente).
Em relação ao mesmo período de 2008, o PIB da zona euro teve no segundo trimestre um forte retrocesso (-4,6%, com -1,4% nos Estados Unidos).
Agência IN JB-19/08/2009

FGV : clima econômico na América Latina melhora em julho

REUTERS

SÃO PAULO - O clima econômico da América Latina melhorou em julho, indicando que a região entrou em uma fase de recuperação, com o Brasil registrando o segundo melhor resultado regional, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira.

O índice da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo subiu de 3,6 pontos em abril para 4,0 pontos em julho. O indicador havia atingindo em janeiro deste ano o menor nível da série histórica iniciada em 1990, a 2,9 pontos.

- A América Latina entra na fase de recuperação do ciclo econômico - afirma a FGV em nota.

O componente de Situação Atual teve leve alta, passando de 2,5 pontos em abril para 2,6 pontos em julho, enquanto o de perspectivas para os próximos seis meses aumentou de 4,6 para 5,4 pontos.

'Cinco importantes países da região monitorados pela pesquisa estão no quadrante de recuperação econômica --Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru-- em julho', acrescentou a FGV.

O Peru registrou a melhor leitura do índice, seguido por Brasil, onde o indicador aumentou de 5,4 pontos em abril para 6,6 pontos em julho.

A pesquisa ouviu 149 especialistas em 16 países.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Governo e indústria decretam fim da crise

BRASÍLIA - Governo e iniciativa privada avaliam que a crise passou. A recuperação da economia tem, porém, evolução diferente entre os setores e o exportador continua sendo o foco de preocupação principal. O debate aconteceu ontem durante a 7º reunião do Grupo de Acompanhamento da Crise (GAC), no Ministério da Fazenda, em Brasília. Apesar das dificuldades do segmento exportador, o governo não dá sinais de que mudará a política cambial.
A classe empresarial, no entanto, pede medidas por outras vertentes. O presidente da Confederação Nacional de Indústria (CNI), Armando Monteiro, lembrou que é preciso avançar na área tributária e buscar compensações para o efeito do câmbio. Segundo ele, o setor exportador tem problemas antigos, um dos quais o acumulo de créditos, principalmente de ICMS. Além disso, Monteiro falou sobre a necessidade de impor a agenda da desoneração da folha de pagamento. "Isso reduziria o custo de alguns setores exportadores da indústria", disse.
Na saída do encontro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Miguel Jorge, reafirmou o câmbio flutuante e disse que a agenda nacional volta a discutir problemas pré-crise, como o Brasil. "Diria que o fim da crise nos devolve a uma agenda que o Brasil, de certo modo, com os anos mais favoráveis da economia internacional, abandonou, que é a agenda de buscar atacar os problemas que a economia ainda tem. Custos altos e buscar mais eficiência do ponto de vista logístico, do ponto de vista de competitividade", afirmou Monteiro. "A crise vai nos devolver a essa realidade e vai nos obrigar nesses próximos anos a realizar um trabalho intenso para manter a competitividade, ou melhorá-la", completou.
Para os presentes na reunião, o ambiente de hoje, de uma maneira geral, indica que está havendo um processo amplo de melhoria na economia. Monteiro afirmou que o setor químico, de bens de capital e o setor têxtil tiveram alguma recuperação. "O ministrou [Guido Mantega] ouviu e reconhece que há dificuldades, porque tem uma parte que depende dos Estados. Por exemplo, o acumulo de crédito de ICMS é gerado nos estados e, portanto, não tem solução fácil. Mas há uma disposição para manter o grupo e começarmos a nos debruçar sobre essa agenda da competitividade".
Monteiro disse que não houve proposta do governo no sentido de que vai fazer algo a curto prazo. "Apenas registraram a informação. Uma notícia boa é que os financiamentos relativos ao setor de bens de capitais começam a dar resultados".
Monteiro se referiu à redução dos custos de financiamento e contou que Mantega anunciou, no final da reunião, que o governo completou a integralização do fundo garantidor de crédito, em R$ 3 bilhões.
No entanto, a preocupação predominante está no setor externo da economia - ou seja, as exportações, sobretudo de manufaturados, continuam tendo uma queda forte. "Não apenas em decorrência da retração dos mercados externos. Há um acirramento da concorrência em todos os mercados e há ainda uma crescente penetração de produtos importados, exatamente em função do problema de desequilibrio que já tínhamos", afirmou. Monteiro citou as desenvantagens, custos sistemicos mais elevados, problemas de logística, problemas tributários, relacionados ao custo de financiamento de capital, mas tudo isso agravado pela questão do cambio. "A moeda brasileira esta apreciada. Isso tira do setor exportador do País, sobretudo manufaturados, uma capacidade de competição em um momento muito difícil nos mercados externos. Então essa é a preocupação", acrescentou. Na reunião, segundo Monteiro, foi sugerido a mudança do nome do grupo, para Grupo de Acompanhamento pela Competitividade.
Entre as medidas anunciadas recentemente pelo governo está a redução da TJLP, usada nos financiamentos do BNDES, e de outras linhas do banco de fomento, além de uma equalização de juros pelo Tesouro Nacional.
A esperança do governo é de que a utilização da capacidade já tenha subido o suficiente para deflagrar decisões generalizadas de investimento e, com isso, a formação de capital volte a crescer, liderando o crescimento do PIB - disse o executivo.
De janeiro a junho de 2009, o BNDES desembolsou um total de R$ 41,9 bilhões. Esse volume de recursos foi dividido da seguinte forma: agropecuária, com R$ 3,134 bilhões (7%); indústria, com R$ 17,324 bilhões (42%); infraestrutura, com R$ 16,436 bilhões (39%); e comércio, com R$ 5,062 bilhões (12%).
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, também disse que, embora a taxa de câmbio seja uma preocupação para os exportadores, cada vez mais é preciso se discutir as questões estruturais de competitividade das empresas brasileiras. "Existem outras questões como a tributação, já que o Brasil exporta impostos, o custo logístico e o crédito caro. A visão tem que ser mais ampla".
DCI- Política Econômica

Emprego na indústria paulista está próximo da estabilidade, diz Fiesp

Valor Online
SÃO PAULO - A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já admite que a indústria paulista está muito próxima de apresentar dados estáveis de emprego e, em seguida, mostrar recuperação.
"É razoável pensar que, no mês que vem, o indicador (Índice de Nível de Emprego Estadual e Regional da Fiesp) possa vir com variação zero", afirmou o diretor do Departamento de Economia da entidade, Paulo Francini, enfatizando, no entanto, que é necessário cautela, pois uma recuperação no segundo semestre deverá ser lenta, diante da força com que a crise atingiu o setor.
Os dados apresentados hoje pela Fiesp confirmam essas expectativas. O nível de emprego da indústria de transformação paulista recuou pelo décimo mês consecutivo, em 0,32% em julho, ante o mês anterior, com ajuste sazonal. A queda, no entanto, foi menor do que a retração de 0,42% e de 0,65% registradas em junho e maio, respectivamente.
Nos dados não ajustados, os patamares do indicador ficam ainda mais próximos de zero, com queda 0,16% em julho. Enquanto em junho foram fechadas 8 mil vagas na indústria de São Paulo, em julho, 3,5 mil pessoas perderam o emprego.
Quando se observa a evolução nas cidades do Estado, o caminho na direção da estabilidade também fica evidente. Segundo Francini, em julho, 60% das diretorias regionais paulistas ficaram na faixa chamada de semi-estabilidade, ou seja, no intervalo de variação -0,5% a +0,5% do indicador de emprego, o que indica uma tendência a zero. No mês anterior, esta proporção ficava em 44% e, em maio, em 42%.
O Sensor da Fiesp, que apura a percepção dos industriais sobre o desempenho no momento presente, também mostrou a tendência positiva da atividade industrial e do emprego no setor. Na primeira quinzena de agosto, o indicador marcou 56,5 pontos, patamar que não se via desde abril do ano passado. O índice para emprego, que tem ficado na faixa dos 50 pontos desde abril deste ano, atingiu 54,4 pontos em julho.
A entidade, no entanto, permanece cautelosa com relação à recuperação completa do emprego na indústria paulista. "Ainda estão presentes no cenário econômico muitas variáveis contraditórias", pondera Francini, dando como exemplo a fraqueza das exportações e a falta de confiança, que impede novos investimentos no setor.
Ele explica que o emprego costuma mostrar reações defasadas diante da conjuntura econômica global, ou seja, se a economia vai mal ou bem, os efeitos demoram cerca de quatro meses para chegar no mercado de trabalho.
"No início da crise, a resposta veio mais rápida do que os quatro meses. Mas agora não vai acontecer o mesmo. A recuperação demorará mais, pois os empresários precisam ainda se convencer que a economia realmente está melhorando", explicou o especialista.
Vanessa Dezem -Valor Online

Produção industrial de SP cresce 2,5% em julho, prevê a FGV

Portal Terra
SÃO PAULO - A produção industrial de São Paulo deve ter crescido 2,5% em julho, na comparação com o mês anterior, na série com ajuste sazonal, informou nesta quinta-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com o Sinalizador da Produção Industrial (SPI), que é elaborado em parceria com a AES Eletropaulo, mesmo com a recuperação estimada o indicador ainda ficará 10,5% inferior ao apurado no mesmo mês de 2008.
Com o crescimento ante o mês anterior, a queda na comparação anual recuou frente aos 13,4% registrados em junho (em relação ao mesmo período de 2008). "Na comparação dos últimos 12 meses com os 12 meses anteriores, a taxa passaria de -6,4%, para -8,2% em julho, o menor nível desde junho de 1996 (-8,3%)", apontou o sinalizador da fundação.
De acordo com a FGV, a previsão para o desempenho da indústria paulista é elaborada com base no consumo elétrico industrial, que é fornecido pela AES Eletropaulo.
JB Economia-13-08-09

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Economia inverte o sinal e se recupera no 2º trimestre

José GuerraViviane Monteiro SÃO PAULO - Depois de sofrer com a crise no primeiro trimestre do ano, os números do BicBanco já mostram uma tendência positiva ao fim do segundo quarto de 2009. No segundo trimestre, a instituição voltou a apresentar um crescimento da carteira de crédito e aumento do lucro líquido, que passou de R$ 74,3 milhões, ao fim de março, para R$ 82 milhões no período de abril a junho, alta de 10,3%. No semestre, o resultado ficou em R$ 156,3 milhões, uma queda de 20,5% em relação ao mesmo período de 2008.
"O resultado é bom porque se insere em uma tendência de crescimento sobre o primeiro trimestre deste ano", argumenta o vice-presidente da instituição financeira, Milto Bardini.
O patrimônio líquido da instituição teve uma alta de 2,4%, em relação ao primeiro trimestre, alcançando R$ 1,698 bilhão, enquanto o total de ativos caiu em 2,9%, a R$ 10 bilhões. No semestre, o índice de eficiência da instituição - em que, quanto menor, melhor - passou de 35,8% para 38,2%. No mesmo período, o índice de Basileia passou de 14,9% para 18,4%. O resultado operacional na primeira metade de 2009 atingiu R$ 250,8 milhões, alta de 12,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Para Bardini, uma volta do crescimento da carteira de crédito do banco, ainda que inferior a 1%, foi importante pela reversão da tendência de queda. O saldo total chegou a R$ 7,369 bilhões, aumento de 0,9% em relação ao trimestre anterior. Enquanto a carteira comercial e de trade finance crescera, a 1,3% e 1,4%, respectivamente, financiamento consignado apresentou queda de 9,6%. "Somos um banco de pessoa jurídica, e as operações com consignado já vinham em processo de redução", justifica Bardini. O banco, continua o executivo, mantém Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDICs) atrelados em consignado e "está produzindo apenas o necessário para isto", afirma.
O executivo acredita ainda que o segundo semestre será de alta para o crédito, lastreado no crescimento do sistema como um todo. "A tendência deverá ser proporcional à retomada dos bancos", analisa. Para ele, à medida que o mercado voltar a crescer, haverá uma volta à "normalidade creditícia".
O banco também viu uma queda expressiva da inadimplência , que chegou a 3,9% em março, e a 2,1% em junho. "Ainda está mais alto que nosso nível histórico, de 1%, porém o que importa é a tendência de queda." A instituição fez uma provisão de R$ 60 milhões para devedores duvidosos (PDD), contra uma provisão extraordinária de R$ 80 milhões no primeiro trimestre do ano. "A redução do provisionamento é outro sinal da queda do índice. Temos elementos para crer em um cenário, no segundo semestre, melhor que o do primeiro", julga.
Captações
Além disso, o Bic também mostra uma alta de 12% nos depósitos a prazo no trimestre, que chegaram a R$ 3,723 bilhões. No semestre, no entanto, houve queda de 29,1%, ante 2008. Para o banco, pelo aumento no volume de oferta de depósitos, ainda não foi necessário utilizar o Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE), instrumento criado em abril pelo governo para assegurar maior liquidez aos bancos médios e confiança ao investidor.
Além disso, o executivo acredita que já há uma volta do funding no mercado internacional. "Há sinais de volta e já aparecem oportunidades. O preço, porém, ainda não está atrativo, pelo custo de captação", afirma. "Ainda não pretendemos utilizar esses recursos, até porque ainda há o DPGE a utilizar, que está a um preço mais atrativo", completa.
Indusval
O Indusval teve uma redução de 58% em seu lucro líquido, em relação ao primeiro semestre de 2008, a um total de R$ 16,1 milhões. O resultado operacional alcançou R$ 13 milhões, com uma provisão extra com devedores duvidosos de R$ 59,9 milhões. A instituição teve ainda um ganho de 3,5 pontos em seu índice de eficiência, que chegou a 45,1%, ante 48,6% no primeiro semestre de 2008. Já a carteira de crédito do Indusval encerrou o período estável em R$ 1,7 bilhão, em comparação com o ano passado.
DCI- FINANÇAS 11.08.09

sábado, 8 de agosto de 2009

Mantega diz que Brasil pode conviver com juro baixo após crise

Portal Terra Ligia Hougland
WASHINGTON - O Brasil conseguirá sair da crise com uma imagem mais forte e capaz de manter a taxa básica de juros (Selic) no patamar recorde de baixa que se encontra no momento, em 8,75% ao ano. Esta é a opinião do ministro da Fazenda Guido Mantega. Em entrevista ao Terra, Mantega afirmou que o País deixa a crise como um dos mercados emergentes mais atraentes do mundo, ao lado da China e elogiou a política anticíclica implementada pelo governo brasileiro "muito menos dispendiosa do que a dos outros países e com melhor resultado".
O ministro também comentou que a apreciação do real não é tão preocupante em função da desvalorização global do dólar e que a proposta para taxação da poupança será enviada ao Congresso. "Não há pressa. Mas quero dizer que tudo aquilo que foi anunciado será cumprido". Confira a entrevista na íntegra.
Terra - O Brasil conseguiu ganhar em termos de competitividade em relação aos outros países com a crise mundial?
Guido Mantega
- O Brasil conseguiu, com uma política contracíclica muito menos dispendiosa do que a dos outros países, o melhor resultado, o que mostra as qualidades da economia brasileira. O nosso programa contracíclico não gastou mais do que 1% do PIB (Produto Interno Bruto), contra 13% da China e 7% dos Estados Unidos. Isso mostra a capacidade de reação da economia brasileira. Com alguns cortes de impostos estimulamos o setor automobilístico, o setor de utilidades domésticas e o setor do consumo civil. Com o programa habitacional oferecido animamos o setor de construção leve. Os investimentos do governo estão mantendo a indústria pesada, a construção pesada. Então, ficou nítida a vantagem do Brasil em relação aos outros países. Antes da crise, esta vantagem estava difusa, ela não era vista com tanta nitidez. Mas ela pode ser vista nos nossos resultados, na nossa capacidade de crescimento.
O Brasil só teve dois trimestres de crescimento negativo. Vários países apresentaram quatro, cinco ou seis trimestres de crescimento negativo. Vários países ainda estão apresentando trimestres negativos. O Brasil já teve resultado positivo no segundo trimestre de 2009.
Terra -O senhor diria que a crise foi vantajosa para o Brasil?
Mantega - O Brasil sairá da crise mais forte do que quando entrou nela. Foi um teste de estresse para o Brasil, e o País saiu na frente. Foi menos afetado pela crise e demonstrou que tem condições melhores. Quando um investidor for tomar uma decisão quanto à alocação de investimentos, ele certamente olhará para o Brasil. O Brasil é hoje considerado o mercado emergente mais atraente, ou o segundo mais atraente, depois da China. Por causa do mercado e da economia do Brasil. Portanto, acho que a crise tornou nítidas as virtudes que a economia brasileira possui.
Terra - O Brasil teme que a economia da China volte a desacelerar, comprometendo o crescimento brasileiro?
Mantega - Pelo contrário, a China está fazendo a política contracíclica mais agressiva do mundo. Acabei de mostrar na minha apresentação (a investidores americanos) que ela está investindo algo em torno de 13% do seu PIB no seu programa de recuperação da economia. São US$ 560 bilhões. Logo, a China mostra-se disposta a acelerar a sua economia. Tanto isso é verdade, que foram superadas as previsões de que a economia chinesa estaria crescendo no segundo trimestre deste ano a 6,5%. Na verdade, o resultado do segundo trimestre foi de quase 8%. A economia chinesa cresceu no segundo trimestre de 2009 exatamente 7,9%. Anualizado isso dá 16%. Os chineses estão fazendo fortes investimentos estimulando o mercado de consumo deles. Estão estimulando o consumo de automóveis e de moradias. Não tenho dúvida de que a economia chinesa no ano de 2009 será a mais dinâmica do mundo e continuará importando os produtos brasileiros.
Terra - É possível o Brasil sustentar uma taxa de juros como a atual, a menor da história da Selic?
Mantega
- O Brasil tem condições de sustentar esta taxa porque a inflação está baixa. Não fazemos mais do que cumprir o sistema de metas de inflação. A crise não mudou nada em relação a isso. O Banco Central continua olhando para o resultado inflacionário. Como o resultado inflacionário é bom, ou seja, a inflação está baixando, o Banco Central pode fazer as reduções de taxa que está fazendo. Não há novidade alguma nisso. É apenas um cenário mais positivo da inflação e que é sustentável, pois, com a queda da demanda mundial, veremos queda de preços. A tendência é esta para os próximos anos.
Terra - Frequentemente, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, alerta para o fato de que há uma euforia exagerada quanto à recuperação da economia. O senhor concorda?
Mantega - Os mercados acionários sempre são mais voláteis do que outros. É natural que haja uma certa volatilidade e podem mostrar euforia. Mas é claro que temos de tratar isso com realismo. Temos de reconhecer que a economia brasileira está saindo da crise, mas que temos ainda vários problemas a serem resolvidos. Alguns setores podem estar com euforia exagerada. Não sei exatamente a quem o Henrique Meirelles se refere. (...) Ainda temos vários problemas a serem enfrentados e resolvidos. No plano da economia internacional, o Brasil está melhor. Em compensação, a maioria dos países avançados está passando por uma recessão forte que, até agora, não foi superada. Será gradualmente superada. Eu diria que, em relação aos mercados externos, não é bom ter uma visão eufórica, pois, de fato, estes países continuarão a ter problemas a serem resolvidos nos próximos anos.
Terra - A queda do dólar é fonte de preocupação para o Brasil?
Mantega - A queda do dólar afeta um pouco a economia brasileira, mas, quando se dá uma queda em relação a todas as moedas, o prejuízo é menor, pois significa que a gente só perde competitividade de exportação para o mercado americano. Mas em relação aos outros mercados tudo fica na mesma, pois o euro valoriza, o iene valoriza. Quando há a valorização de todas moedas menos do dólar, continuamos com a mesma competitividade cambial nos outros mercados.
Terra - O Executivo já enviou as regras para a taxação do imposto de renda na poupança? Quando isso será feito?
Mantega - Ainda não enviou e como isso só deve entrar em vigor no próximo ano, temos tempo, pois há um semestre inteiro pela frente para fazer a legislação. Não há pressa. Mas quero dizer que tudo aquilo que foi anunciado será cumprido em relação à poupança. Exatamente tudo que falamos. Vamos colocar um tributo sobre as poupanças de maior valor que será cobrado a partir do ano que vem, pois temos de respeitar a anualidade. Não é possível criar um imposto de renda em um ano e fazer o mesmo entrar em vigor neste próprio ano. A lei é feita em um ano e só entra em vigor no ano seguinte. É o princípio da anualidade. É por isso que até agora não mandamos o projeto para o Congresso. O Congresso tem vários projetos e, mandar mais um agora, serviria somente para atrapallhar a tramitação.
Terra - Há um prazo para isso?
Mantega
- Não há um prazo, mas enviaremos o projeto até o final deste ano para que a lei entre em vigor no próximo ano. Quero afirmar que nada mudou. Será feito tudo aquilo que foi anunciado
JB - 08/08/2009
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