Países atingidos pelo desemprego na eurozona devem manter os investimentos
A crise econômica que atinge a Europa não irá custar o emprego dos brasileiros, nem causar um impacto nos investimentos dos países no Brasil, segundo analistas ouvidos pelo R7. A perspectiva é que ocorra um movimento contrário, com o direcionamento de investimentos do exterior para o mercado brasileiro - na tentativa de recuperar as perdas geradas em outros mercados.
Por exemplo, uma fábrica europeia que tenha filial no Brasil pode gerar lucro aqui e mandar o dinheiro para o exterior. Essa movimentação é comum e ajuda a salvar as empresa europeias da crise, segundo Ricardo Tadeu Martins, gerente de pesquisa da Planner Corretora.
- Recursos de lá pra cá, na questão de investimentos sempre foram boas oportunidades, buscavam outras áreas. Portugal e Espanha tendem a buscar investimentos fora do país. Se a situação interna não está boa, a empresa pode buscar rentabilidade fora de seu mercado.
As relações comerciais entre o Brasil, Chile e Estados Unidos são mais fortalecidas do que a dos países da Europa, o que acaba diminuindo o reflexo da crise, segundo Tadeu Martins. Ele afirma que a Bovespa pode até ser um pouco atingida, com a queda das ações de empresas europeias, mas nada que irá causar um "desastre".
- A zona do euro pode atrapalhar a recuperação, mas não é a grande detonadora do cenário internacional. No ano passado estávamos em situação complicada, mas saímos.
A Europa foi a última a sair da crise porque não tem a força do mercado brasileiro, que há meses vive a expansão da classe média. Para Frederico Turolla, professor do mestrado em gestão internacional da ESPM e sócio da consultoria Pesco, o Brasil não está tão ameaçado com a crise na eurozona.
- O Brasil fez o dever de casa e se tornou protegido. O que vem pela frente não é tranquilo, mas não é desesperador.
O risco de calote nos países da eurozona já é maior que no Brasil, segundo os dados que avaliam a medida de risco no pagamento das dívidas entre os país, chamado de CDS (do inglês, credit default swap). Por exemplo, um banco empresta dinheiro para um país e, ao mesmo tempo, compra um CDS de um investidor. Se o tal país não honrar seu compromisso, o banco vai ao investidor cobrar o prejuízo.
No auge da crise global, em outubro de 2008, o prêmio do Brasil chegou a 355 pontos - ou seja, o investidor que comprava seguro contra eventual inadimplência brasileira pagava 3,55 pontos porcentuais a mais de juros sobre o CDS dos Estados Unidos, referência do mercado. Na mesma época, o CDS de Portugal era de 85 pontos, da Espanha, 82, da Irlanda, 113, da Itália, 117, e da Grécia, 134 pontos. Nesta semana, esses valores eram, respectivamente, de 150 (Brasil), 227, 165, 169, 155 e 415 pontos.
R7- 09/02/2010