terça-feira, 15 de setembro de 2009

Lula: Brasil superou crise e é hora de ampliar mercado interno

Economia
Laryssa Borges, Portal Terra
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comemorar nesta terça-feira o fato de o Brasil ter conseguido superar a crise financeira mundial e disse que, depois da "febre", o País precisa de "vitamina" para se fortalecer e continuar a ampliar o mercado interno e o montante de investimentos.
"Não temos obrigação de ficar vangloriando sobre quem é responsável por sair da crise. Foi a primeira crise que todos sabiam que era uma crise internacional começada nos Estados Unidos. (Agora) É a saída gloriosa dela, é como se a febre estivesse passado. Agora então não é mais dar antibiótico, é para dar vitamina", afirmou o presidente ao participar da reunião extraordinária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
De acordo com Lula, mesmo com um cenário mais favorável ao Brasil neste período de um ano após o auge das turbulências mundiais, o governo não pretende deixar de monitorar a pressão inflacionária ou de garantir a responsabilidade fiscal.
"Não vamos abrir mão da nossa responsabilidade fiscal ou de controlar a inflação. Ela não vai voltar porque toda vez que volta desgraça a vida e a economia desse país", disse, lembrando que atualmente existe no Brasil "um espaço fértil para fazer investimento".
"Agora é hora de fazer investimento. Quem tem investimento e parou por conta da crise comece a fazer investimento. Quem estiver mais preparado vai sair na frente", afirmou, cobrando ainda empenho dos empresários principalmente na discussão de uma cadeia produtiva para exploração do petróleo encontrado na camada pré-sal.
"As obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), quem quer que venha governar esse país, vai ter muito mais obra. E ao mesmo tempo temos essa novidade extraordinária do pré-sal. Acho que a preparação tem que ser anterior. Todos nós precisamos começar a discutir e pensar como estruturar a cadeia produtiva", disse.
"A verdade que estamos descobrindo uma coisa importante. Não existe possibilidade de o governo sobreviver sozinho, de o empresário viver sozinho, de o trabalhador viver se as empresas estiverem enfraquecidas ou (se houver) um exército infinito de miseráveis", salientou.
"Seria importante que os empresários começassem a preparar grupos de trabalho junto aos trabalhadores para a gente começar a (...) estruturação da cadeia produtiva do pré-sal", afirmou, dizendo que o Brasil precisará de mais indústrias, de maior produção de aço e de mais infraestrutura para arcar com a exploração plena do pré-sal.
"É um desafio tão excepcional que ainda não temos a dimensão e noção do que pode acontecer os seis, sete ou oito anos depois. Qual é o Brasil que nos espera na hora que a gente começar a explorar o pré-sal? Não temos dimensão das coisas que estão por vir e temos que nos antecipar. O que a gente pode fazer dentro do Brasil? Esse é o desafio: fazer que grande parte desses produtos (relacionados à exploração do pré-sal) sejam fabricados dentro do nosso País. Isso vai aumentar classe média, vai aumentar a formação profissional e vai qualificar o brasileiro para ser mais competitivo", declarou o presidente.
JB-15/09/2009

domingo, 13 de setembro de 2009

PIB sobe 1,9% no 2º tri e encerra recessão; em um ano queda é de 1,2%

11/09/2009
CIRILO JUNIOR
A economia brasileira voltou crescer no segundo trimestre deste ano, com alta de 1,9% frente aos três meses imediatamente anteriores, informou nesta sexta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação a igual período em 2008, no entanto, o PIB (Produto Interno Bruto) teve recuo de 1,2%.
A alta frente ao trimestre anterior configura que o país saiu do quadro de recessão técnica, quando há duas retrações consecutivas. No primeiro trimestre, a queda foi de 1% após revisão (a leitura inicial era de queda de 0,8%), e no quarto trimestre de 2008, o recuo havia sido de 3,4% após revisão (o dado anterior era de queda de 3,6%).
No acumulado do semestre, a economia caiu 1,5% frente aos seis primeiros meses de 2008, a maior retração para um semestre em toda a série histórica, inciada em 1996.
Ao todo, a economia movimentou R$ 756,2 bilhões de abril a junho. A taxa acumulada dos últimos 12 meses (encerrados em junho) indica alta de 1,3% do PIB em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma das riquezas produzidas por um país. O indicador é composto por indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.
O consumo das famílias, um dos principais componentes do PIB, teve aumento de 2,1% em relação ao primeiro trimestre, o que mostra que os brasileiros continuaram a comprar apesar da crise, estimulados pela redução de impostos. Quando confrontado com o segundo trimestre de 2008, o consumo teve alta de 3,2%. Ao longo do primeiro semestre, os gastos das famílias cresceu 2,3%, e no acumulado dos últimos 12 meses, acumula incremento de 3,5%.
Já o consumo do governo no segundo trimestre registrou variação negativa de 0,1% em relação ao primeiro trimestre. Sobre igual período em 2008, constatou-se crescimento de 2,2%. No primeiro semestre, registra alta de 2,5%, e nos últimos 12 meses, o aumento chega a 4,2%.
O investimento --medido pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e que indica a confiança das empresas--, ficou estável em relação ao primeiro trimestre. Em relação ao segundo trimestre de 2008, houve retração de 17%. No acumulado do semestre, a queda foi de 15,6%, e nos últimos 12 meses, a queda chega a 2,2%.
A taxa de investimento de abril a junho representou 15,7% do PIB, a menor para um segundo trimestre desde 2003 (14,8%); em igual período em 2008, a taxa significou 18,5%. No acumulado do semestre, o investimento representou 16,1% do PIB, menor taxa desde o primeiro semestre de 2005.
O setor industrial, após dois trimestres negativos, teve alta de 2,1% frente ao primeiro trimestre. Em relação ao período de abril a junho do ano passado, a indústria caiu 7,9%. De janeiro a junho, a queda foi de 8,6%, e no acumulado em 12 meses, houve retrocesso de 3%.
Já o setor de serviços registrou incremento de 1,2% na comparação com o primeiro trimestre. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o PIB dos serviços subiu 2,4%, assim como no acumulado do primeiro semestre, cujo avanço chegou a 2,1%. Nos últimos 12 meses encerrados em junho, verifica-se alta de 3,1%.
O setor agropecuário, por sua vez, teve variação negativa de 0,1% na comparação com o período de janeiro a março deste ano. Em relação ao segundo trimestre de 2008, a agropecuária teve queda de 4,2%. A retração do setor chegou a 3% quando o desempenho de janeiro a junho é comparado a igual período no ano passado. Nos últimos 12 meses, foi constatado avanço de 0,2%.
Folha Online

sábado, 12 de setembro de 2009

BANCO DO BRASIL JÁ TEM MAIS DE 99% DO CAPITAL DA NOSSA CAIXA

AÇÕES

PanoramaBrasil

SÃO PAULO - O Banco do Brasil (BB) informou que aconteceu ontem a liquidação financeira do leilão de compra de ações da Nossa Caixa, realizado em 4 de setembro. Segundo o BB, foram negociadas 865.807 ações a vista, pelo preço de R$ 73,59 cada, e 29.175.597 ações a prazo, por R$ 76,82. Com isso, a oferta soma R$ 2,304 bilhões. A quantidade negociada representa 97,62% do total em posse dos acionistas minoritários (30.772 541). Concluída a oferta, o BB passa a deter 106.304.316 ações, correspondentes a 99,32% do capital da Nossa Caixa.
Ouvidorias
O Banco Central (BC) passou a divulgar na internet, a partir de ontem, a lista dos ouvidores dos bancos e os canais de contato das ouvidorias com o cidadão. Segundo nota do BC, a medida tem o objetivo de facilitar a comunicação entre o cidadão e as instituições, principalmente no que diz respeito à solução de eventuais conflitos entre as partes.
O BC ressalta que as ouvidorias dos bancos não substituem os canais convencionais de atendimento. O cliente ou usuário deve procurar primeiramente o responsável por sua conta ou o gerente da agência e, em segundo lugar, o serviço de atendimento ao consumidor (SAC). A orientação é que, se esses canais não oferecerem uma solução, então sim, será a hora de buscar a ouvidoria. Desde 2007 as instituições financeiras e as demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central são obrigadas a ter ouvidoria, segundo o BC. A exigência veio com a Resolução n. 3.477 e visa a assegurar o cumprimento das normas legais relativas aos direitos do consumidor. A ideia é possibilitar que a ouvidoria seja um canal de comunicação entre a instituição, os clientes e os usuários de serviços, inclusive na mediação de conflitos, e evitar que o BC fique sobrecarregado com o volume de reclamações.

DCI-11/09/09

Ações de países emergentes têm maior alta em nove anos

 INTERNACIONAL

Nova York - As ações dos países em desenvolvimento subiram, elevando o Índice MSCI de Mercados Emergentes ao seu nível mais caro de nove anos.
Os papéis das fabricantes de software da Índia dispararam e a alta nos preços do petróleo aumentaram o potencial de renda das economias sustentadas pelas exportações.
O Índice MSCI de Mercados Emergentes registrava alta de 0,4% para 883,13 pontos às 9:46 de ontem em Nova York, empurrando as cotações para 19,9 vezes os lucros informados pela primeira vez desde 29 de junho de 2000, segundo dados compilados pela Bloomberg.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PNEUS E CALÇADOS CHINESES TERÃO SOBRETAXA

Valor Online
BRASÍLIA - As importações de calçados da China passam a pagar a sobretaxa de US$ 12,47 por par, como punição antidumping. Também pneus para automóveis vindos da China, séries 65 e 70 com aros 13 " e 14 " , terão o adicional de US$ 0,75 por quilo, pelos próximos cinco anos.
A decisão é da Câmara de Comércio Exterior (Camex), publicada hoje em duas resoluções no Diário Oficial da União. O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (Mdic) explicou que as medidas antidumping valem a partir de hoje, e foram fruto de investigação de denúncias pelo Departamento de Defesa Comercial (Decon).
No caso dos calçados, a denúncia contra exportações chinesas ao Brasil a preços abaixo do custo foi protocolada pela Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados), em dezembro de 2008.
A alíquota adicional vale para as importações da China de vários tipos de calçados, com exceção de sandálias praianas e exclusivos para esportes como esqui, surf de neve, patinação, lutas, boxe e ciclismo.
Também ficam de fora pantufas chinesas, sapatilhas para dança, calçados descartáveis, aqueles utilizados como item de segurança em unidades fabris, fabricados totalmente em material têxtil, sapatos de bebês cuja parte superior seja totalmente fabricada em tecido, além dos calçados de couro natural com a parte superior em tiras, popularmente chamados de alpercatas.
A investigação da prática de dumping nas exportações chinesas de pneus para o Brasil foi aberta em julho de 2008. O Mdic atendeu solicitação da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).
O Mdic justificou em nota que "a prática de dumping, ou a exportação de bens para outros mercados com preços inferiores ao praticado no mercado de origem é considerada desleal pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O direito antidumping é uma medida clássica de defesa comercial utilizada para evitar que produtores nacionais sejam prejudicados por importações desleais".
 09/09/2009

SELIC MENOR TRAZ NOVO PANORAMA PARA INVESTIMENTOS

Economia
SÃO PAULO, 9 de setembro de 2009 - A crise financeira mundial, que até alguns meses assustou a todos, diminuindo a atividade econômica nos países desenvolvidos e derrubando a cotação das commodities, trouxe para o Brasil a necessidade de redução efetiva da taxa de juros básica da economia, como uma das medidas para amenizar os efeitos nocivos que uma crise como esta pode proporcionar. Porém, o mais importante foi que o Copom baixou os juros básicos a níveis que não se imaginavam no passado, pois a cada crise a resposta era alta dos juros para não afastar as reservas em moeda forte.
"A redução feita desde novembro do ano passado modificou a estrutura da taxa de juros no País, reduzindo a diferença entre a inflação e os juros para patamares mais próximos as que são praticadas em outros países", comenta Mauro Giorgi, gestor de recursos da Hera Investment.
Para ele, a primeira constatação é que a renda variável passa a ter uma competição mais coerente, apesar do imposto de renda sobre o ganho em ações ainda ser uma distorção. Na visão do especialista, a conseqüência é que pode haver uma maior atração de investidores que buscam um pouco mais de risco e rentabilidade.
Giorgi afirma que as estratégias de gestores de recursos na criação de produtos para os novos investidores do mercado de ações será muito importante para fidelizá-los e cativá-los. "Vejo que o Brasil pode chegar em curto espaço de tempo a números próximos aos seus pares em desenvolvimento, quanto a investidores nacionais detentores de fatias de empresas, o que democratiza ganhos, eleva a capacidade de captação de recursos mais baratos, e atrai mais investimentos produtivos", diz.
Mauro acredita que a grande transformação se dará na renda fixa. Como primeira e já bastante alardeada mudança, a elevação ao nível de investimento rentável será na popular, em todos os sentidos, caderneta de poupança, avisa o economista. De acordo com ele, para o investidor de pequeno e médio porte, entre R$ 10 mil e R$ 100 mi, as taxas de administração cobradas por administradores e gestores de recursos na renda fixa eram compatíveis, ou aceitas, para uma estrutura de juros acima da casa de 10% a.a. líquidos.
Com a taxa Selic atual a 8,75% a.a. e taxas de administração e gestão cobradas acima de 1% a.a., a caderneta de poupança é mais rentável, levando-se em consideração a isenção fiscal da mesma. Mauro Giorgi considera que esse panorama condiz com uma rentabilidade real, acima da inflação, com elevada dose de segurança.
Porém, as mudanças na renda fixa são maiores para um investidor com um aporte mais elevado, ou seja, acima de R$ 100 mil. Acostumado a uma margem próxima a 100%, esse indivíduo terá que assumir riscos para manter a rentabilidade, pois somente a iniciativa privada oferecerá taxas compatíveis com ganhos reais mais robustos, avalia o especialista.
Segundo Giorgi, as conseqüências para essa tentativa de manutenção de ganhos reais serão as mais diversas. "O primeiro efeito será a redução da remuneração dos administradores e gestores. O segundo será a criação de novos produtos, sempre embutindo uma nova dose de risco. E o terceiro será o crescimento de um mercado maior e mais forte de títulos privados de renda fixa, mas da mesma maneira embutindo nova e às vezes elevada dose de risco", finaliza.
(SSB - Agência IN)

domingo, 6 de setembro de 2009

COM SINAIS POSITIVOS SOBRE ECONOMIA, G20 MUDA O FOCO DO DEBATE

da Reuters, em Londres
Líderes mundiais de finanças mudaram o foco da luta contra a crise para reformas no setor bancário, diante de mais evidências de que a pior recessão global em décadas está finalmente chegando ao fim.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, pediu exigências mais duras de capital dos bancos, com o objetivo de evitar práticas mais arriscadas de empréstimos que foram apontadas como causa da crise. Outra grande potência do setor bancário, a Inglaterra, apoia a posição dos EUA.
Mas a criação de um consenso mais amplo entre os minitros de Finanças do G20, que se reúnem neste final de semana em Londres, pode ser difícil. A ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, disse que a revisão das atuais regras de capital, conhecidas como Basileia II, deve ser suficiente.
Enquanto o grupo prepara a reunião de chefes de Estado no final do mês nos EUA, houve amplo entendimento em pelo menos um assunto: ninguém tem pressa de retirar o apoio financeiro emergencial até estar certo de que a retomada é sustentável.
"Há o perigo de pessoas dizerem que o trabalho já foi feito e que agora podemos acelerar e voltar ao normal", disse à Reuters o ministro de Finanças inglês, Alistair Darling. "Já cometemos esses erros antes --o mais evidente sendo nos EUA, no final dos anos de 1930, que viram uma recuperação na hora errada e voltaram a cair em recessão de novo."
Fontes do G7 afirmaram à Reuters que o comunicado do G20, que deve ser divulgado no sábado, provavelmente irá reiterar a promessa de manter políticas expansionistas pelo tempo que for necessário.
Em um discurso feito hoje em Berlim (Alemanha), o diretor geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, chamou a atenção para a necessidade de pensar em estratégias claras de saída para a crise.
"Chegou o momento para os dirigentes de desenvolver suas estratégias de saída, já que se não conseguirem desenvolver suas estratégias de saída, se não conseguirem esclarecer e formular seus planos, correm o risco de acabar com a confiança e com o próprio processo de recuperação", afirmou. "Retirar o estímulo cedo demais implica um risco real de tirar a recuperação dos trilhos, com implicações potenciais significativas para o crescimento e o emprego."
Com taxas de juros em recordes de baixa e trilhões de dólares colocados nas economias para driblar a crise, os formuladores de política querem mostrar que eles têm estratégias de saída para que os mercados não temam eventuais ameaças inflacionárias.
O presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, por sua vez, disse que "agora não é o momento de retirar" as ajudas, mas destacou que o banco "tem uma estratégia de retirada e estamos prontos para colocá-la em ação quando for apropriado".
Bric
Líderes de Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro mercados emergentes que compõem as economias do Bric, reuniram-se com Geithner. Em comunicado, os representantes das áreas econômicas do chamado Bric afirmaram nesta que querem ampliar suas cotas gerais do FMI (Fundo Monetário Internacional) e prometeram dar US$ 80 bilhões para reforçar o órgão.
O grupo também apontou que o pior da crise global pode ter ficado para trás, mas é muito cedo para dizer que acabou. Para os países do Bric, o G20 deve continuar a implementar políticas anticíclicas de maneira coordenada.
Bônus
Com o desemprego ainda propenso a crescer por ora, os políticos também estão buscando alguém para culpar e irão enfatizar que os bancos não podem regressar à atividade normal.
França, Alemanha e Grã-Bretanha encaminharam propostas conjuntas para mudar a cultura de bônus nos bancos, o que muitos dizem ter sido a raiz da atual crise.
Outras questões em negociação são garantir que o FMI consiga todos os recursos prometidos na cúpula de abril, realizada em Londres, quando líderes se comprometeram a aumentar em US$ 1,1 trilhão potencial de empréstimo.
O governo dos Estados Unidos também quer tornar as mudanças climáticas um importante tópico na cúpula de Pittsburgh e pedirá aos demais membros do G20 que eliminem subsídios concedidos a combustíveis fósseis e aumentem a transparência do mercado de petróleo.
Folha Online- 04/09/2009

BB cortará ainda mais o juro, mesmo sem redução da Selic



Economia
Apesar da interrupção nos cortes da taxa básica de juros, a Selic, o Banco do Brasil pretende manter a política de redução nos juros como instrumento para avançar sobre a concorrência e ganhar mercado, informam Sheila D'Amorim e Toni Sciarretta, em reportagem da Folha neste domingo (a íntegra está disponível para assinantes do UOL e do jornal).
"Taxa de juros sempre vai ser o grande diferencial da concorrência", disse, em entrevista à Folha, o presidente do banco, Aldemir Bendine. Segundo ele, o comportamento da inadimplência será determinante para os novos cortes.
Perto de completar cinco meses no cargo para o qual foi indicado pelo presidente Lula com a incumbência de induzir concorrência para reduzir o "spread" (diferença entre a taxa de captação e a repassada), Bendine afirmou que o banco errou ao precificar um medo exagerado de calote no auge da crise. "O cenário para a inadimplência é benigno." ]

Aldemir Bendine afirmou ainda que os bancos não precisam mais do estímulo para compra de carteiras dado pelo governo no auge da crise, como liberação de depósito compulsório. Ele alfineta o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, que afirmou que os bancos públicos praticam "taxas insustentáveis" no longo prazo. "Talvez ele tenha feito isso baseado na estrutura de custos dentro do banco dele, que é totalmente diferente do meu", disse.

Folha Online 06/09/2009

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Poupança registra segunda maior captação do ano

Economia
SÃO PAULO, 4 de setembro de 2009 - A captação líquida da poupança ficou positiva pelo quarto mês consecutivo, em R$ 3,098 bilhões em agosto, informou hoje o Banco Central (BC). O montante é resultado dos depósitos em caderneta de poupança, que atingiram R$ 83,689 bilhões, menos os saques, que somaram R$ 80,590 bilhões, em 21 dias úteis no mês.
Apesar de ser o segundo melhor resultado no ano, o volume dos depósitos na caderneta de poupança que superaram os saques ficou abaixo da registrada em julho (R$ 6,7 bilhões), entre outros fatores, devido ao menor número de dias úteis- dois a menos.
Os depósitos em poupança são atualizados pela Taxa Referencial (TR), acrescidos de juros de 0,5% ao mês. A taxa usada é a do dia do depósito e o banco não pode cobrar pela manutenção da conta de poupança. Os valores depositados e mantidos por menos de um mês não são remunerados.
Ao todo, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que destina recursos ao setor imobiliário e da poupança rural acumula captação líquida de R$ 294,9 bilhões neste ano. A retomada dos investimentos na caderneta de poupança acompanha a recuperação do emprego e da economia brasileira nos últimos meses.
Simone e Silva Bernardino - Agência IN
JB- 04/09/2009

--------------------------------------------------------------------------------

Economia cresceu até 2% no 2º trimestre, diz Mantega

Economia

Jornal do Brasil
LONDRES - Depois de cair por dois trimestres consecutivos e entrar em recessão, a economia brasileira cresceu entre 1,8% e 2%, de abril a junho, disse sexta-feira Guido Mantega. O ministro da Fazenda comentou o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, em Londres, onde participou de uma reunião dos países do Bric, bloco de economias emergentes formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e a China.
Na próxima sexta-feira, dia 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o PIB do segundo trimestre. O resultado, segundo estimativas de instituições financeiras, deve confirmar que o país saiu da recessão.
Em julho e agosto, afirmou o ministro, a economia reagiu ainda mais por causa do aquecimento da atividade industrial e das medidas de combate à crise, como a redução de impostos e o estímulo ao crédito. O PIB do terceiro trimestre, no entanto, só será divulgado em dezembro.
Para 2009, o ministro manteve a projeção de 1% de crescimento, mesma estimativa que consta na revisão do orçamento feita no final de julho. Em relação ao ano que vem, ele aposta em expansão de 5%, acima da previsão de 4,5% que aparece no projeto de lei do Orçamento Geral da União de 2010, enviado para o Congresso na última segunda-feira.
Apesar de o país estar reagindo à crise, Mantega afirmou que ainda é cedo para abandonar a política anticíclica, quando o Estado gasta mais para estimular a economia. Segundo ele, o Brasil gastou 1% do PIB para reativar a atividade econômica, menos que os países desenvolvidos, e a economia ainda não tem condições de caminhar sozinha. As declarações foram confirmadas pela assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda.
JB-04/09/2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SERASA: COMÉRCIO TEM MAIOR CRESCIMENTO DO ANO EM AGOSTO

Economia
Portal Terra
PORTAL TERRA - A atividade do comércio varejista do País cresceu 0,7% em agosto, na comparação com julho, na série com ajuste sazonal, informou nesta quinta-feira a consultoria Serasa Experian. De acordo com a pesquisa, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o indicador teve alta de 6,3%, a maior taxa de crescimento nesta base de comparação registrada no ano.
Na passagem de julho para agosto, os segmentos com alta destacada foram combustíveis e lubrificantes (1,4%); material de construção (0,8%) e móveis, eletroeletrônicos e informática (0,7%). Na contramão, o destaque foi para veículos, motos e peças, com recuou de 1,9%.
No acumulado do ano de 2009, o indicador registrou alta de 4,3%, "liderado pelo setor de móveis, eletroeletrônicos e informática, com alta de 10,1%", destacou a Serasa Experian. Em seguida aparecem tecidos, vestuário, calçados e acessórios (3%) e veículos, motos e peças (2,6%). No território negativo, o destaque vai para combustíveis e lubrificantes (-1,7%) e material de construção (-13,8%).
Segundo a consultoria, o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio analisa eventos ocorridos em todo o Brasil e reflete a evolução da atividade do comércio varejista em âmbito nacional. O indicador considera as consultas registradas à base de dados da Serasa Experian de aproximadamente 6 mil empresas comerciais.
JB-03/09/2009

Produção industrial cresce em dez das 14 regiões pesquisadas em julho

Economia
Agência Brasil
RIO DE JANEIRO - A produção da indústria brasileira subiu em julho em relação ao mês anterior em dez das 14 áreas pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As principais altas foram observadas no Paraná (15,3%), no Espírito Santo (8,9%), em Goiás (6,0%) e no Amazonas (3,6%), que tiveram crescimento acima da média nacional relativa ao mesmo período do ano passado (2,2%).
Dados da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física - Regional, divulgados hoje (3) pelo IBGE, revelam que também houve expansão na produção do Rio de Janeiro e de Minas Gerais (ambos com alta de 1,8%), de São Paulo (1,4%), do Rio Grande do Sul (1,1%), do Ceará (0,9%) e de Santa Catarina (0,8%).
As áreas onde houve queda na atividade fabril foram a Bahia (-6,0%), a Região Nordeste (-3,5%), Pernambuco (-1,5%) e o Pará (-1,0%).
Na comparação com o mesmo período do ano passado, os índices mostram queda em todos os locais, com exceção de Goiás, que avançou 4,4%. As reduções mais fortes foram notadas no Espírito Santo (-20,0%), em Minas Gerais (-16,1%) e em São Paulo (-11,9%). As demais regiões, conforme aponta a pesquisa, tiveram queda menos intensa do que a média nacional.
O levantamento do IBGE revela também que de janeiro a julho o setor acumula queda generalizada, com todos os locais apontando índices negativos, especialmente Espírito Santo (-27,9%) e Minas Gerais (-20,5%).
JB- 03-09-2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pior pode ter passado na zona do euro, mas ajuda não deve acabar

REUTERS
BRUXELAS - O pior já passou para a economia da zona do euro, mas ainda é muito cedo para retirar os estímulos fiscais, avaliaram economistas e autoridades europeias da área de finanças nesta quarta-feira, após dados mostrarem que a pior recessão da região desde a Segunda Guerra Mundial pode estar terminando.
A agência de estatísticas Eurostat confirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos 16 países que utilizam o euro caiu apenas 0,1% no segundo trimestre, após contração de 2,5% nos três meses anteriores.
- O pior já passou, por enquanto - disse o presidente do conselho de ministros de Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, antes de um encontro dos ministros e do Banco Central Europeu (BCE).
O Japão está tecnicamente fora da recessão com um crescimento de 0,9% no segundo trimestre, mas a economia dos Estados Unidos segue retraída, com queda de 0,3% na comparação trimestral no mesmo período.
Economistas acreditam que, após um grande desmonte de estoques nos trimestres passados, as empresas da zona do euro começarão a refazê-los no segundo semestre do ano, impulsionando a produção. Uma retomada gradual da demanda global deve ajudar as exportações da zona do euro.
- Os tempos de recessão acabaram e a recuperação pode começar - disse Carsten Brzeski, economista no ING. 'O fluxo recente de dados indica que a zona do euro como um todo deve abandonar a recessão técnica no terceiro trimestre.'
Os números, contudo, mostraram que o PIB do segundo trimestre foi influenciado pelos estímulos fiscais, que elevaram os investimentos do governo e a demanda das famílias.
Juncker disse que é muito cedo para encerrar o apoio público.
 - O momento ainda não é de retirar os estímulos fiscais. Nós precisamos continuar com o esforço ao longo deste ano e do próximo, então teremos que concordar com uma estratégia de saída - afirmou.
Fontes disseram que ministros de Finanças de 27 países da União Europeia provavelmente enviarão uma mensagem similar no final do encontro desta quarta-feira e apresentarão isso aos ministros do G20 nos dias 4 e 5 de setembro, em Londres.
ESTRATÉGIAS DE SAÍDA
Governos ao redor do mundo têm gastado trilhões de dólares em pacotes de estímulo econômico, levando a um debate sobre como eventualmente remover esse suporte. As economias podem se enfraquecer novamente se a ajuda for retirada cedo demais, mas pressões inflacionárias podem crescer se ela permanecer por muito tempo.
O ministro das Finanças da Grã-Bretanha, Alistair Darling, disse nesta quarta-feira que o os ministros de Finanças do G20 devem concentrar suas conversas em formas de assegurar a recuperação das economias do mundo.
A Alemanha conclamou outros países da UE esta semana para começar a retirada da ajuda pública com a recuperação ganhando corpo, e o ministro de Finanças holandês, Wouter Bos, disse nesta quarta-feira que uma estratégia de saída é necessária para proteger o valor do euro.
Mas a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, disse à Reuters na terça-feira que a economia ainda não está fora da crise e, assim, é muito cedo para remover as medidas de estímulo.
Fontes próximas do encontro dos ministros da UE disseram que as 27 nações do bloco provavelmente discutirão no início de 2010 quando e como conter os estímulos dos governos.
02/09/2009

Copom interrompe cortes e mantém Selic em 8,75% ao ano

Portal Terra

DA REDAÇÃO - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu uma sequência de cinco quedas consecutivas e anunciou nesta quarta-feira a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 8,75% ao ano. O valor continua como o menor da história da taxa, criada em 1999.

A decisão corrobora a opinião do mercado financeiro de que o Copom cessaria com os cortes. Desde o resultado da última reunião, em julho, analistas já previam a manutenção da taxa.


Desde janeiro, quando a Selic estava em 13,75% ao ano, a taxa perdeu 5 pontos percentuais. Mesmo assim, de acordo com a consultoria Uptrend, o Brasil mantém a quarta maior taxa de juros real (juros nominais descontada a inflação) do mundo. O País, com taxa real de 4,5% ao ano, tem taxa menor somente que China (7,2%), Tailândia (5,9%) e Argentina (4,7%).

02/09/2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Superávit comercial de agosto chega a US$ 3,074 bilhões

Pela média diária, valor é 15% maior que o de julho deste ano e está 33,7% acima do verificado em agosto de 2008
A balança comercial do mês de agosto de 2009, com 21 dias úteis, apresentou superávit (diferença entre exportações e importações) de US$ 3,074 bilhões (media diária de US$ 146,4 milhões). Frente a julho deste ano (US$ 127,3 milhões), o acréscimo foi de 15% e em comparação a agosto de 2008 (US$ 109,5 milhões), o valor apresentou aumento de 33,7% - ambos pelo critério da média diária. No período, a corrente de comércio (soma dos valores exportados e importados) fechou em US$ 24,608 bilhões (média diária de US$ 1,172 bilhão) e cresceu 6,3% na média por dia útil, em relação a julho passado (US$ 1,102 milhão) . Na comparação com agosto de 2008 (US$ 1,171 bilhão), houve queda de 33,8%.

As exportações, por sua vez, ficaram em US$ 13,841 bilhões (média diária de US$ 659,1 milhões). Na comparação pelo resultado médio diário, o valor foi acrescido em 7,2% em relação a julho de 2009, quando o Brasil exportou US$ 14,142 bilhões (média diária de US$ 614,9 milhões). Com relação a agosto do ano passado - exportações de US$ 19,747 bilhões e média diária de US$ 940,3 milhões -, o valor é 29,9% menor.

Já as importações de agosto foram de US$ 10,767 bilhões (média diária de US$ 512,7 milhões). Em relação ao mês anterior, houve um aumento de 5,1% pelo valor médio diário - importações de US$ 11,215 bilhões e média diária de US$ 487,6 milhões -, mas em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 38,3% - importações de US$ 17,447 bilhões, com média diária de US$ 830,8 milhões.

Quarta e quinta semanas

A balança da quarta semana de agosto, dos dias 24 a 30 (com cinco dias úteis) fechou com saldo positivo de US$ 647 milhões (média diária de US$129,4 milhões). A corrente de comércio do período foi de US$ 5,889 bilhões (média diária de 1,178 bilhão), com exportações de US$ 3,268 bilhões (média diária de US$ 653,6 milhões) e importações de US$ 2,621 bilhões (média diária de US$ 524,2 milhões).

Já a quinta semana do mês, com apenas um dia útil (31), teve superávit e média diária de US$ 397 milhões, com exportações de US$ 972 milhões, importações de US$ 575 milhões e corrente de comércio no valor de US$ 1,547 bilhão.

Ano

No acumulado do ano, com 166 dias úteis, o saldo comércio foi positivo em US$ 19,968 bilhões (media diária de US$ 120,3 milhões). A corrente de comércio fechou em US$ 175,902 bilhões (média diária de US$ 1,060 bilhão) - exportações de US$ 97,935 bilhões (média diária de US$ 590 milhões) e importações de US$ 77,697 bilhões (média diária de US$ 469,7 milhões).

Na comparação por valores, o saldo comercial do acumulado de 2009 ficou 18% acima do verificado no mesmo período de 2008 e 18,7% maior pelo critério da média diária. De janeiro a agosto de 2008, o superávit foi de US$ 16,928 bilhões e a média diária alcançou US$ 101,4 milhões.

Brasil se mantém como o maior mercado acionário do BRIC

 FINANÇAS
PanoramaBrasil
SÃO PAULO - O Brasil superou a Índia como o maior mercado acionário dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) em 10 de julho passado e segue liderando o grupo, com base na capitalização de mercado ajustada para o free float. Em 28 de agosto, a capitalização de mercado do Brasil era estimada em US$ 477,899 bilhões, a da Índia estava em US$ 457,12 bilhões, a da China era projetada em US$ 330,57 bilhões e a da Rússia, em US$ 216,81 bilhões. O cálculo tem como base o índice Dow Jones Bric 50.
David Krein, diretor de Desenvolvimento de Produtos do Dow Jones Indexes, afirma em relatório que, desde 31 de dezembro de 2002, os papéis brasileiros representados no índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR acumulam desempenho bem melhor do que os reunidos no índice Dow Jones Bric 50. O retorno total do Dow Jones Brazil Titans supera em 150% o do Dow Jones Bric, afirma Krein. O retorno anualizado no período foi de 36,46% para os ADRs brasileiros e de 32,23% para os 50 papéis selecionados dos BRICs. Os dois índices tiveram performance melhor do que os mercados globais amplos medidos pelo índice Dow Jones Global Total Stock Market, que apresenta retorno anualizado de 9,05%.
Krien indica que a liderança por capitalização de mercado do Brasil entre os BRICs terá vida curta. A China deve tornar-se o maior dos países do grupo BRIC quando for feita a reclassificação das chamadas ações "red chips" das companhias de Hong Kong para companhias chinesas na revisão trimestral de alguns índices Dow Jones marcada para setembro. As "red chips" são ações de companhias com sede na China continental, incorporadas internacionalmente fora da China e listadas em Hong Kong.
Ontem, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou em queda de 2,10%, aos 56.488 pontos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Produção industrial sobe 2,2% em julho, ante junho

Econômia

SÃO PAULO, 31 de agosto de 2009 - A produção industrial brasileira teve alta de 2,2% em julho deste ano, na comparação com o mês anterior, segundo informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Este é o sétimo avanço consecutivo na relação mensal.
Já ante o mesmo mês do ano passado, a produção industrial teve queda de 9,9% em julho de 2009. Esta é a menor retração anual desde abril. No acumulado do ano, o índice recuou 12,8% e 8% nos últimos 12 meses.
De acordo com a pesquisa, 23 dos 27 segmentos industriais monitorados avançaram em julho, quando comparado a junho. O desempenho de maior importância para o resultado global veio de máquinas e equipamentos (8,9%), que após forte ajuste na produção, no final do ano passado, acumulou ganho de 11,6% entre abril e julho.
Também merece destaque o avanço de 4,5% na metalurgia básica, que mostra crescimento por quatro meses consecutivos, influenciado, neste mês, pelo retorno a operação de alguns alto fornos. Em seguida, aparecem os setores: Alimentos (1,9%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (12,1%), borracha e plástico (5,6%), minerais não metálicos (3,6%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,5%).
Já as principais influências negativas foram: Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,1%). A atividade de veículos automotores, após acumular um ganho de 69,2% de janeiro a junho, fica praticamente estável em julho (0,1%).
Entre as categorias de uso, o setor de bens de consumo duráveis (4,6%) sustentou o maior ritmo de crescimento, na passagem de junho para julho, seguido por bens intermediários (2,0%) com ritmo próximo ao do total da indústria (2,2%), enquanto bens de capital (1,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,0%) cresceram abaixo da média.
 Agência IN  31/08/2009

domingo, 30 de agosto de 2009

Brasil está apto a ser 1º grau de investimento pós-crise, diz Moody's

BBC Brasil
O Brasil reúne as condições necessárias para se tornar, nos próximos dias, o primeiro país, entre os 100 países analisados pela agência de classificação de risco Moody's, a ser avaliado como ''grau de investimento'' desde o início da crise econômica.
É essa a opinião do analista-chefe para o Brasil da agência, Mauro Leos. A classificação é dada a países cujas economias são consideradas seguras para investidores. A categoria determina se um país oferece ou não risco de pagar seus títulos. Quanto mais elevada a classificação, maior a propensão em atrair títulos.
Entenda o que é "rating" ou nota de risco
Em entrevista à BBC Brasil, Leos afirmou que, se a conclusão do comitê de avaliação da agência for a de que o Brasil merece entrar nessa categoria isso se dará porque ''o país está apto a arcar com choques externos, está se movendo na direção certa e os riscos crediários que enfrenta são mais baixos do que antes''.
Outras duas agências de risco, a Standard & Poor's e a Fitch Ratings, já haviam elevado a classificação do Brasil para grau de investimento, no ano passado.
Mas a Moody's, ao contrário das duas outras, decidiu não elevar a categoria do país no ano passado, a fim de aguardar para ver o quanto o país seria afetado pelos efeitos da crise econômica mundial.
''O Brasil se saiu melhor do que o esperado. E um dos fatores decisivos para rever a classificação do país foi a avaliação do mercado. No Brasil, após um período crítico entre setembro e novembro, quando houve queda da atividade econômica, o sentimento do mercado melhorou consideravelmente'', afirma Leos.
Emergentes Segundo ele, a despeito do ''declínio abrupto do quarto trimestre de 2008, o Brasil se diferenciou de outras economias emergentes em 2009, porque já está crescendo a uma taxa de 4%, no terceiro trimestre, em termos anuais, um índice que não temos visto em outros países''. Fatores como sistema bancário sólido, balanço de pagamentos positivo e retorno do fluxo de capitais foram determinantes para provocar a revisão da Moody's. O analista afirma que o Brasil, assim como outras nações afetadas pela crise, sofreu um aumento de seu déficit fiscal e, consequentemente, da dívida pública.


''Mas no caso do Brasil, isso não é grande o suficiente para causar preocupação. A posição oficial do governo é a de retomar balanços primários consistentes com o compromisso de reduzir a dívida pública.''
De acordo com Leos, se vier a ser de fato considerado grau de investimento pela última agência que faltava, isso possibilitará ao Brasil contrair empréstimos mais elevados a taxas de juros mais baixas.
A avaliação também abrirá caminho para fundos de investimentos e os fundos de pensões americanos que têm como critério só investir em países que são avaliados como grau de investimento por diferentes agências de classificação.
Folha online- 28/08/2009

sábado, 29 de agosto de 2009

Zona do euro dá primeiros sinais de saída da crise global

 INTERNACIONAL
Agência EstadoPanoramaBrasil
BRUXELASFRANKFURT - A economia da zona do euro já dá seus primeiros sinais de melhora depois que Alemanha e França saíram da recessão no segundo trimestre. No entanto, o fluxo de crédito ainda sinaliza desaceleração para o setor privado.
Ontem, pesquisa da Conference Board mostrou que o índice dos principais indicadores da zona do euro subiu 1,6% em julho, para 97,4. O indicador aumentou pelo quarto mês consecutivo. O índice é formado por oito componentes, como confiança econômica e encomendas de bens de capital, e visa indicar a tendência econômica da região para até seis meses à frente.
No segundo trimestre, a economia da Espanha se contraiu mais que o esperado, contrastando com a recuperação vista na Alemanha e na França, devido a uma deterioração da demanda interna, segundo os dados divulgados pela agência nacional de estatísticas ontem. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,1% sobre o primeiro trimestre, quando a retração foi de 1,6%.
Já a confiança do consumidor da Alemanha aumentou para o maior patamar em 15 meses em setembro, de acordo com um indicador antecedente, divulgado ontem, em razão de menores preços e de um mercado de trabalho mais estável. O índice do grupo de pesquisa GfK subiu para 3,7 na leitura para o próximo mês, ante o dado revisado para baixo de 3,4 em agosto.
Já o aumento dos créditos ao setor privado registrou nítida desaceleração em julho na zona do euro, de acordo com dados do Banco Central Europeu (BCE) divulgados ontem, consequência do temor dos bancos de emprestar e dos planos de economia das empresas em dificuldades.
Os créditos ao setor privado aumentaram 0,6% ao ano, contra altas de 1,5% em junho e 1,8% em maio, informou o Banco Central Europeu (BCE). A desaceleração do aumento dos empréstimos bancários às empresas está se intensificando. Ao mesmo tempo, os temores de escassez de crédito que ameaçam entravar uma retorno duradouro ao crescimento aumentam na Europa, principalmente na Alemanha, onde a demanda de crédito é mais forte que a média. "Os temores de escassez do crédito parecem estar se materializando", disse Jean-Christophe Caffet da Natixis.
Os bancos endureceram os critérios de concessão de crédito nos últimos meses, mas ao mesmo tempo a demanda caiu em razão do adiamento dos investimentos das empresas em subcapacidade, principalmente na indústria, segundo Caffet. "Claro, uma forte desaceleração do aumento do crédito é mais do que normal quando a economia está no meio de uma severa recessão", disse Carsten Brzeski da ING. "Mas o ciclo do crédito deve rapidamente melhorar sua tendência para permitir uma verdadeira retomada", acrescentou.
"Com tão poucos sinais de uma vontade dos bancos de emprestar, uma retomada em V na zona euro é improvável", disse Ben May da Capital Economics. O BCE publicou ontem seu indicador antecipado da inflação, a massa monetária M3. O índice aumento 3% em julho em um ano, contra 3,6% em junho.
Os economistas interrogados pelo Dow Jones Newswires previam um crescimento ligeiramente superior, a 3,1%. "Este é o 15º mês de recuo do M3, ressaltou May, o que parece confirmar a ausência de pressões inflacionárias em um futuro próximo", completou Brzeski. "O Banco Central Europeu (BCE) sabe disso muito bem, e por isso não está apressado em abandonar sua política monetária acomodativa".
Há meses o BCE alimenta os bancos implantados na zona do euro em liquidez a taxas muitos pequenas, para incentivá-los a aumentar seus empréstimos á economia real. A principal taxa diretriz do banco central europeu está em 1% desde maio - seu mais baixo nível da história.
Gratificações
José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia (CE - órgão executivo da União Europeia), mostrou sua satisfação ontem pelo fato de que os líderes europeus proponham regular as gratificações dos diretores. No entanto, lembrou que a CE apresentou no final de 2004 uma recomendação nesta linha, à qual "quase ninguém prestou atenção". Barroso disse que está "muito feliz" com que alguns líderes se comprometam agora com a regulação do sistema de gratificações a altos executivos, em referência à iniciativa que Alemanha e França.
DCI- 28 28/08/09

BNDES e Fundação BB apoiarão economia solidária

POLÍTICA ECONÔMICA
Agência Brasil
28/08/09 RIO DE JANEIRO - Os projetos de economia solidária e promoção do desenvolvimento territorial vão receber apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da ordem de R$ 40 milhões, para combater os efeitos negativos que venham ocorrer no entorno de grandes obras financiadas pelo banco, como as do Complexo Industrial Portuário de Suape (PE), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Hidrelétrica de Estreito (MA/TO) e da Ferrovia Transnordestina, entre outros.
Um acordo de cooperação técnica com esse objetivo foi assinado hoje (28) entre o BNDES e a Fundação Banco do Brasil (FBB). Ele prevê que os recursos não reembolsáveis serão divididos meio a meio entre as duas instituições.
O diretor das Áreas de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar, em entrevista à Agência Brasil, explicou que em obras do porte de Suape, por exemplo, a tendência é de no seu entorno aparecerem favelas ou ambientes não muito salubres.
“A nossa intenção é fomentar a constituição de cooperativas de serviços e de produção de baixa renda para que elas possam oferecer serviços e produtos para aquele adensamento populacional que vai acontecer ali em Suape. Dessa forma, a gente consegue evitar a sub-habitação, a aglomeração irregular. A gente consegue diminuir os impactos negativos de um projeto de grande porte. É esse o objetivo”.
Gaspar disse que o acordo será desenvolvido em duas frentes: com os estados e os Territórios da Cidadania, para apoiar os projetos de desenvolvimento econômico e geração de trabalho e renda, principalmente no semiárido do Nordeste; e no entorno das grandes obras, principalmente as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O diretor do BNDES afirmou ainda que o acordo prevê a realização anual de um plano tático de atuação conjunta entre o banco e a FBB. Ele estima que serão apoiados no primeiro ano mais de mil projetos, e que, nos próximos dias, serão escolhidos os projetos no âmbito do programa Territórios da Cidadania no semiárido nordestino.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Classes C e D consomem mais e redes diversificam produtos

25/08/09
SÃO PAULO - Vinhos, queijos e batata congelada importados são os novos integrantes da cesta de compras mensal dos consumidores das classes D e E paulistas. Atenta às mudanças no consumo dessa fatia da população, a Cooperativa de Consumo (Coop) fez parceria com a Rede Brasil de Supermercados, formada por outras 15 varejistas, para a compra destes e outros produtos importados a fim de melhorar a competitividade nesta categoria. Segundo a LatinPanel, empresa de pesquisa de consumo domiciliar, completam a lista de compras: achocolatado em pó, caldo, iogurte, leite longa-vida e salgadinhos.
Diante do cenário de incremento do poder aquisitivo desta população no País, algumas varejistas estão ampliando o mix de produtos nas lojas para atender à nova demanda. "Muitas famílias estão trocando artigos habituais por aspiracionais", disse Emerson Poppi, gerente de Compras e Mercearia da Coop.
Mesmo com essas mudanças, as 28 lojas da Coop ampliaram a oferta de produtos com valor agregado mais baixo em embalagens maiores, como as fraldas descartáveis, antes restritas às marcas convencionais, mas agora com pacotes de até 100 unidades, dependendo do tamanho. As prateleiras da categoria de higiene e limpeza também receberam creme dental e sabonete líquido com preços competitivos.
Poppi crê que parte do desempenho do primeiro semestre deste ano, que foi 10% superior frente ao de igual período de 2008, é atribuído ao aumento do consumo das classes D e E. Levantamento da LatinPanel apontou a que nos seis primeiros meses essas pessoas compravam 22 tipos de produtos, e agora passaram a comprar 27, enquanto as da classe C subiram um item, totalizando 33. Já a cesta dos integrantes das classes A e B manteve-se estável em 34 produtos no período.
De acordo com Patrícia Menezes, gerente de Marketing e Comunicação da empresa de pesquisa, os itens que integraram a nova cesta de compras são consumidos em pelo menos 70% das casas dos brasileiros. "Isso é reflexo dos programas de incentivo do governo federal, como o Bolsa Família, que estão enchendo a despensa e a geladeira das famílias."
A cada ida ao supermercado, os clientes das classes D e E desembolsaram R$ 10,04, valor que no primeiro semestre de 2008 atingia R$ 9,34. Além disso, o número de idas ao ponto-de-venda subiu de 13 vezes ao mês para 15, nos seis meses de 2009, sendo que o tíquete médio acompanhou esta evolução, crescendo de R$ 11,55 para R$ 12,45.
Expansão
A bandeira de hard discount TodoDia é um dos focos de expansão do Walmart no País este ano, tanto que no próximo mês chegará ao Estado do Rio Grande do Sul. Composta por 53 estabelecimentos, a marca da varejista norte-americana registrou avanço de dois dígitos nas vendas do primeiro semestre, ante o mesmo período do ano passado.
"O potencial de compra do nosso público está crescendo muito rápido. Ao inaugurar unidades na Região Sul, mostra que esta é uma operação nacional, e para isso é preciso ver que os clientes das classes C, D e E têm uma cesta de consumo diferente", pontuou Demétrio Magnani, vice-presidente de Operações do Todo Dia. Para obter melhor desempenho, opta por trabalhar com produtos regionalizados.
Ele conta que a rede passou a encomendar maior volume de cereais, óleo, mistura para bolos e sucos, pois o acesso a novas categorias é bastante intenso, forçando o aumento do espaço desses itens nas gôndolas.
Além disso, esses consumidores estão gastando mais com artigos de higiene e limpeza, categoria que cresce no ritmo de dois dígitos. "Eles [os consumidores] se permitem pequenas indulgências, como comprar mais cosméticos e perfumes", finaliza Patrícia, da LatinPanel.
DCI -

domingo, 23 de agosto de 2009

Antoninho Marmo Trevisan: “Brasil dá lições ao mundo na crise”

Economia Rodrigo de Almeida
RIO - Habitualmente bem-humorado, o empresário Antoninho Marmo Trevisan tem estado especialmente festivo neste inverno. Credite-se a dois êxitos gloriosos – um seu, em particular, e outro do país.
Primeiro, está comemorando este mês 10 anos de fundação da Trevisan Escola de Negócios, concebida para formar profissionais dedicados ao ambiente corporativo, iniciativa surgida depois que o grupo conquistou uma sólida credibilidade nas áreas de auditoria e consultoria empresarial. O segundo motivo de alegria resulta do desempenho da economia brasileira em tempos de crise internacional. Para ele, o Brasil tem dado lições ao mundo de como enfrentar a turbulência. As duas coisas unem-se por um fio comum, como mostra Trevisan na entrevista a seguir. “A crise mostrou que há uma necessidade muito grande de construirmos padrões de ensino que sejam ligados a cada país”, sugere o empresário-educador.
Na conversa, o empresário põe o dedo na ferida do modelo de educação que costuma distanciar o aluno da realidade, maneira ultrapassada e contraproducente de preparar as novas gerações para o desenvolvimento. Também analisa duas formas de lição – sobre a crise e sobre a formação dos novos profissionais. Nos dois casos, sublinha, a velocidade das mudanças e a complexidade das soluções adornam o imperativo da competitividade.
A Escola de Negócios Trevisan está completando 10 anos neste mês. Qual o balanço da data?
- É um balanço de felicidade. Primeiro, é a satisfação de ter criado uma instituição que ficará por mais 10, 20, 100 anos. É saber que essa iniciativa começa a colher frutos. Reunimos em coquetel de comemoração vários empresários do país e pude ver o respeito que eles têm pela questão da educação. Esses 10 anos mostraram a importância da educação, sobretudo essa educação na qual estamos envolvidos. Segundo, essa crise econômica mostrou que há uma necessidade muito grande de construirmos padrões de ensino que sejam ligados a cada realidade, a cada país.
Para uma crise, efeitos e soluções diferentes...
- Exatamente. O Brasil tem características próprias e está saindo da crise com instrumentos muito particulares, fazendo distribuição de renda forçada e gerando pressão para novos investimentos. O terceiro ponto é que a capacitação das pessoas tornou-se uma necessidade quase continuada. Com a crescente necessidade de convergência do mundo tributário, financeiro, administrativo e contábil, não há mais como abandonar os bancos escolares. Nesse aspecto, nossa escola ficou bem posicionada. O quarto é último ponto a comemorar é a satisfação de ser referência entre os auditores. Uma parte significativa de nossos alunos é encaminhada pelas próprias empresas de auditoria, ou seja, concorrentes da nossa empresa de auditoria. Ser escolhido por um concorrente seu confirma que fizemos um bom trabalho nesses 10 anos.
Nesses 10 anos, o que mudou no perfil do ensino numa escola de negócios?
- O dinamismo da economia ganhou uma velocidade tal que só mesmo uma escola ligada ao mundo empresarial consegue traduzir e implementar seu programa com a mesma velocidade com que as mudanças ocorrem. As melhores escolas de negócios do mundo, inclusive a de Harvard, estão revendo suas posições. Antes, viam um livro ser lançado e depois de alguns anos de análise o incorporavam na grade curricular. O dinamismo da economia se acelerou de tal maneira que não há mais como fazer isso. Quando criamos a escola, há 10 anos, o que fizemos? Pensamos numa escola sem lápis e sem papel. O aluno fica antenado ao seu laptop. Isso há 10 anos... A maneira como é preciso ensinar hoje executivos e jovens estudantes tem de ser a prática vivenciada pelas empresas. A performance das empresas está ditando o que estamos ensinando. As empresas serão cada vez mais escolas, e as escolas serão cada vez mais empresas. Essa é uma convicção que temos desde o primeiro dia.
Há uma análise corrente segundo a qual há um distanciamento entre empresas e escolas.
- É verdade. Para você ter ideia, há poucos dias eu estava no Rio coordenando um colóquio na Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Participei na condição de integrante do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES, órgão consultivo da Presidência da República). O colóquio discutiu inovação tecnológica e o aprimoramento e a ampliação dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Há uma enorme distância entre a academia e o mundo empresarial. A academia produz ciência, o mundo empresarial cria produtos e serviços. Ocorre que ambos não se falam. A Escola de Negócios Trevisan conseguiu trazer esses dois lados. Não é por outra razão que você cruza com empresários o tempo todo na escola.
O senhor falou das mudanças nas empresas e nas escolas. E o perfil do profissional, o que mudou nesses 10 anos?
- O principal atributo é que ele precisa estar aberto ao conhecimento. O segundo atributo é uma profunda habilidade desenvolvida para administrar o conhecimento. A informação, não o conhecimento, está vastamente disponível, acessível, acessável. O profissional tem de aprender a administrar essa informação e transformá-la em conhecimento, seja no curso de administração, ciências contábeis, marketing e relações internacionais. Desde o primeiro dia de funcionamento da escola, nós não temos laboratório de informática – é algo até curioso que ainda exista. A sala de aula já é um laboratório de informática, o aluno já está ligado a esse ambiente e a cada semestre é desafiado a apresentar no seu grupo um trabalho, de maneira que ele tem oito semestres e oito teses para apresentar. Com isso, ele sai preparado para, no ambiente de trabalho, compartilhar ideias, defender posições, transmitir conhecimento e liderar. As escolas mais antigas estão tentando correr atrás desse prejuízo. O fato de nós termos sido criados no mundo eletrônico acelerado, de conhecimento acelerado, nos dá grande vantagem. Para nós é natural o que as outras escolas estão tentando incorporar. O mundo corporativo é o mundo em que trabalhamos.
Mas o atraso das escolas é um problema nacional ou internacional?
- Essa discussão ocorre no mundo inteiro. Harvard chegou à conclusão de que o conhecimento que ela transmitia era pouco útil para as empresas. Não posso me afastar do mundo para o qual estou formando pessoas. É comum o mundo acadêmico negar a existência do mundo corporativo.
Essa negação é mais comum nas escolas públicas ou atinge universalmente públicas e privadas?
- É mais forte, sim, nas escolas públicas. Nelas em geral há uma aversão ao lucro e uma demonização do ambiente empresarial. O que é, evidentemente, uma enorme tolice. Basta ver o fato de que o Brasil produz ciência, mas não produz patentes. É algo maluco. É uma ciência, mas não é uma ciência aplicada. O mundo acadêmico tem de produzir respostas e soluções. A Trevisan Escola de Negócios, sem modéstia, nada de braçada.
A educação é costumeiramente tratada como essencial para o desenvolvimento de qualquer país. No Brasil, as práticas correspondem aos discursos?
- Sou um apaixonado pela educação. Lamentavelmente, nós nos ocupamos, sobretudo no ensino fundamental, a gastar o tempo a ensinar quais são os afluentes do Rio Amazonas na margem esquerda e quais são os afluentes do Rio Amazonas na margem direita. E não explicamos o que é uma carteira de identidade e como exercer a cidadania. Educamos crianças e jovens a viver num mundo que não existe. As pessoas não sabem o que é um imposto, como paga na hora em que compra um refrigerante. O Brasil se afasta da realidade. Parece complexo de um país colonizado, que prefere estudar a França e não tratar de indicar o valor do voto. Nós fugimos do mundo real. Não se ensina aos jovens como é o mundo da gestão. Prefere-se ensinar derivativos a ensinar como se abre uma empresa. Um dentista, um engenheiro ou um médico não têm a menor ideia do que farão quando chegarem lá fora. Engenheiro não é um ser abstrato. Ou ele trabalha numa empresa ou vai abrir uma. Mas as escolas não o ajudam a entender o país onde ele está.
Isso passa também por uma política pública para a educação. Na sua avaliação, houve avanço entre o governo Fernando Henrique e o governo Lula?
- Só o fato de termos criado o Prouni já garantiu à educação brasileira um momento glorioso. O Prouni, criado no governo do presidente Lula, permitiu a jovens que jamais teriam acesso a escolas de primeiro nível pudessem, através do programa, frequentar uma universidade privada de altíssimo gabarito. Isso é como retomar um padrão que ocorreu no passado. Eu estudei em escola pública e me habituei a ter colegas de diferentes padrões. De 30 anos para cá isso se alterou. A educação colocou cada um num nicho diferente. O Prouni resgata aquela possibilidade perdida.
Ou seja, não só se permite o acesso a escolas de alto nível como ajuda a derrubar barreiras de classe, de renda, de cor...
- Exatamente. Até porque as classes sociais vão se esgotando. Quando mais altas, vão esgotando sua capacidade de gerar talentos. Quanto mais abrangente, mais a oportunidade de ter talento. Há um vasto universo a incluir nos morros e nas periferias. Esses talentos estão começando a ter uma grande oportunidade.
Nos últimos 10 anos houve uma profissionalização e uma internacional crescente entre as grandes empresas brasileiras. O que houve de mudanças relevantes no período?
- Acho que mudou, entre as empresas, a percepção da competitividade. O ambiente de negócios brasileiros nos últimos 10 anos se alterou na exata medida em que foram se abrindo os portos a todas as nações. E você se viu diante de um competidor chinês, americano, coreano, indiano, e tendo que compreender diferentes culturas e não tendo uma alternativa para competir senão com a melhoria de sua produtividade. As empresas brasileiras, em que pese não ter atingido ainda a melhor posição, deu um grande salto nessa melhoria de produtividade. Fez isso para sobreviver, caso contrário teria desaparecido. As empresas tiveram de aprender a fazer isso. Veja o setor agrícola. Houve saltos inimagináveis. Veja o ambiente contábil. Se você olhar, a convergência foi essencial. A contabilidade brasileira era muito específica. Era bem brasileira. A maneira de as empresas apresentarem seus balanços era de brasileiro para brasileiro. Agora é de brasileiro para o mundo. Contadores foram estudar as práticas mundiais. E fizeram isso com uma rapidez e uma competência incríveis. Olhe o balanço de uma Gerdau, de uma Vale... É o mesmo balanço que há nos EUA, para qualquer investidor. Basta ver que as ações de empresas brasileiras são mais negociadas nos EUA do que no Brasil. O padrão passou a ser um padrão mundial.
Isso para as grandes empresas. E as menores? Qual o espaço destinado a elas?
- Elas descobriram as chamadas redes. Há hoje redes de atuação que vão desde a empresa que fabrica alfinete, a drogarias, a pequenas boutiques. Você consegue se inserir numa rede mundial com enorme facilidade. Basta acessar a internet. Sou apaixonado por essas redes. Dirijo uma ONG na qual trabalham quatro pessoas. E estamos em todo o Brasil via redes de merenda escola. A BDO, que se juntou à Trevisan, é uma rede internacional de auditores. Uma empresa brasileira de auditoria estaria fadada a ficar isolada. A partir daí eu atendo no Brasil, na China, na Rússia, onde eu quiser. As empresas menores têm hoje essa enorme possibilidade de se incorporar a essas redes. Eu estava pesquisando sobre perfumarias porque o meu irmão mais velho, o João Silvério Trevisan, está lançando um novo romance (O rei do cheiro, que conta a história de um perfumista que fica famoso por causa do seu produto). Eu tenho plantação de eucaliptos e, em Dois Córregos, no interior de São Paulo, descobri uma empresa que processa folhas de eucaliptos. Produz óleo e exporta para o mundo todo. É como o papel do educador: gerar informação e ajudar o aluno a interrelacionar-se com o resto do mundo. Com isso o Brasil teve enorme avanço. A atual crise econômica é um bom exemplo disso. Estamos sendo chamados a ensinar.
Como assim?
- Fui recentemente a Bruxelas com outros integrantes do Conselhão debater com o conselho de desenvolvimento econômico europeu. Éramos oito ou nove. Passamos dois dias explicando como fizemos as melhores práticas para termos esse resultado diante da crise.
Há 10 anos íamos pedir ajuda.
- Sim, e nos acusavam de sermos indisciplinados, bagunceiros, descumpridores de contratos. Nesses 10 anos houve uma enorme preocupação em disciplinar a coisa pública. A lei de responsabilidade fiscal é um marco. Deu um norte. Depois, o governo Lula reforçou esse marco regulatório e inseriu uma coisa nova, uma rede social profunda, que derrubou o paradigma de que é preciso primeiro concentrar para depois distribuir. Fez diferente. Gerou demanda e pressionou por investimentos, sem que houvesse inflação, que era a grande ameaça. Portanto, os investimentos estão acontecendo em função dessa demanda. E os países estão interessados em conhecer esse modelo.
Na resposta à crise, o que nos garantiu certa saúde mesmo com a turbulência internacional?
- Primeiro, um ambiente financeiro muito bem posicionado. Segundo, o endividamento das famílias brasileiras estava extremamente baixo se comparado a outros países. O Brasil também não tinha desenvolvido a prática dos derivativos. Isso tudo dentro do ambiente que se implementou, com redução dos juros, toda a ação para não faltar o crédito, não deixar que o câmbio se perdesse e não permitir o desemprego em massa. A soma disso tudo foi a responsável para que essa retomada se desse rapidamente. Claro que ainda há um longo caminho pela frente. Uma coisa é manter o paciente vivo na UTI. Você tem de tratar os órgãos vitais. Depois é que começa a cuidar do bem-estar do paciente. É o que temos de fazer agora.
O empresariado brasileiro está mais otimista? Ele se assustou em demasia em setembro/outubro do ano passado...
- Sim, está muito mais otimista. Percebo pelas consultorias, pelos projetos retomados com muito vigor, pelo sistema financeiro preocupado em acelerar a oferta de crédito. Vamos ter uma retomada agora dos IPOs. Isso tudo vai resultar num novo ânimo para a economia.
E 2010? Será a primeira eleição sem Luiz Inácio Lula da Silva desde a redemocratização. O senhor foi eleitor dele em todas as eleições. O que muda agora?
- Nada (risos). Não muda nada. Essa é a grande vantagem. Nossa democracia recente adquiriu determinados valores que não permitirá que governantes aventureiros façam o que quiserem. O futuro presidente terá um aparato social, um ambiente econômico, uma rede social relevante, um marco regulatório definido em praticamente todos os setores – exceção ao que é preciso melhorar em aeroportos e portos, mas há marcos regulatórios muito bem implementados. Temos um Judiciário funcionando. Temos um Legislativo amadurecendo, apesar dos escândalos, que fazem parte do jogo democrático. Não acho que teremos mudanças muito acentuadas.
O senhor seguirá a recomendação do presidente Lula e votará na ministra Dilma Rousseff?
- Estou apreciando cada candidato (risos). Eu me sinto muito independente. Mas acho que o presidente Lula fez um governo exemplar.
JB- Economia - 22/08/2009
________________________________________________________