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PanoramaBrasil com agências internacionais
ROMA - China, Rússia e Brasil vão usar a cúpula do Grupo dos Oito (G-8, os sete países mais ricos do mundo e a Rússia) que começa hoje na Itália e dura três dias para defender sua visão de que o mundo precisa começar a procurar uma nova moeda de reserva global como alternativa ao dólar.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse que está bastante interessado em explorar "a possibilidade de novas relações comerciais não dependentes do dólar" e a Índia também se colocou aberta à discussão.
Alemanha, França e Canadá, no entanto, descartaram um debate detalhado sobre moeda global na cúpula. Uma fonte do gabinete do presidente francês Nicolas Sarkozy, disse que o G-8 "não é de maneira geral o fórum para discussão de taxas de câmbio".O ministro de Finanças da Alemanha, Peer Steinbrueck, afirmou na segunda-feira que o dólar tende a continuar como moeda de reserva global, mas que o iuane e o euro devem ganhar importância aos poucos.
O debate é bastante delicado nos mercados financeiros, que se preocupam com os valores de ativos norte-americanos. China e outros países, apesar de insistirem na discussão, agem com cautela para não derrubar o dólar e Lula disse que a moeda será vital "por décadas".
A China, que detém até 70% de suas reservas de US$ 1,95 trilhão em moeda norte-americana, ressalta que o dólar ainda é a mais importante moeda de reserva. Mas o país acredita que uma confiança exagerada no dólar potencializou a crise financeira e vê o Direito Especial de Saque (SDR, na sigla em inglês) do Fundo Monetário Internacional (FMI), baseado em uma cesta de moedas, como alternativa viável para o futuro.
No entanto, não é só a cesta de moedas que será tema das reuniões do G-8. Na pauta do encontro também estão desafios como a busca de soluções para a crise econômica global, a luta contra a mudança climática e a garantia de segurança alimentar.
A presidência italiana do G-8 convocou os membros do Grupo dos Cinco (G-5 - China, Índia, Brasil, México e África do Sul) e outros 14 países, além dos membros do grupo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá, Rússia e Itália para participar da reunião.
Esses países se reúnem em um momento de instabilidade internacional, com distúrbios no Irã, China e Honduras e uma escalada da tensão por parte da Coreia do Norte, que realizou vários testes de mísseis recentemente.
A Itália elaborou junto à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) 12 pontos para emendar as regras da economia global, como a luta contra o protecionismo e o estabelecimento de regras transparentes para o sistema financeiro.
Além disso, vários líderes europeus, entre eles o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, pediram objetivos em médio prazo para lutar contra as mudanças climáticas.
Na segunda-feira, o G-8 destinou US$ 12 bilhões para o desenvolvimento agrícola em um prazo de três anos. O Programa Mundial de Alimentos (PMA), organização internacional que se encarrega das emergências alimentícias ao redor do mundo, elogiou o interesse mostrado pelo grupo sobre segurança alimentar.
Desorganização
A cúpula do G-8 da Itália é rodeada por uma organização caótica, tanto no conteúdo, quanto nos preparativos da sede em L'Aquila.A imprensa inglesa informou que, durante a preparação da cúpula, os EUA tiveram que tomar as iniciativas das negociações prévias, diante da inoperância da presidência italiana.
Em princípio, a cúpula seria realizada em uma ilha na Sardenha, mas o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, decidiu transferi-la para L'Aquila, a cidade que foi devastada no dia 6 de abril por um terremoto que matou 299 pessoas.
A possibilidade de um novo terremoto provocou inquietação no governo italiano e vários meios de comunicação italianos informaram que um tremor superior aos quatro graus na escala Richter foi registrado na região e a cúpula poderia ser transferida para Roma ou ser suspensa. Além disso, há a incerteza sobre o poder do grupo para tomar decisões.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu que os temas econômicos deveriam ser tratador com o Grupo dos 20 (G-20) e Berlusconi afirmou que um G-14 seria mais adequado.O último dia da cúpula será dedicado aos efeitos da crise na África e à segurança alimentar, na qual participarão todos os países convidados, além de várias organizações internacionais como o Banco Mundial (BM) ou o Fundo Monetário Internacional (FMI).
DCI- 08/07/09 - INTERNACIONAL
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