domingo, 5 de julho de 2009

Ipea aponta BC como um dos responsáveis pela recessão

Agência Estado
SÃO PAULO - A política monetária do Banco Central (BC) também é responsável pela queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, avalia o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica aplicada) em relatório divulgado ontem.
"A queda do PIB no quarto trimestre de 2008 e no primeiro trimestre de 2009 é um impacto da crise financeira, mas é também resultado da política monetária implementada pelo BC, no início do ano passado", afirmou o diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, João Sicsú.
"Quando a taxa de juros é elevada, espera-se que entre seis e nove meses ela tenha impacto sobre o ritmo de crescimento", disse Sicsú, chamando atenção para o fato de o BC ter aumentado a Selic em abril do ano passado, o que produziria reflexo na economia entre outubro e janeiro.
Em abril de 2008, a taxa subiu de 11,25% ao ano para 11,75%. Depois disso, houve mais três elevações nos juros, até alcançarem 13,75% ao ano em setembro. Em janeiro, o BC passou a cortar a taxa até ela chegar aos atuais 9,25% ao ano, a menor da história.
Sicsú informou também que o Ipea vai anunciar em julho uma nova previsão para o crescimento do PIB em 2009. Em março, a instituição havia projetado alta entre 1,5% e 2% neste ano. O diretor adiantou apenas que a nova estimativa ainda é de desempenho positivo do PIB.
O setor de serviços, que está com uma rentabilidade elevada e pressiona a inflação, tem condições de pagar mais impostos e direcionar esse recurso para a indústria, cuja rentabilidade está deteriorada, avalia Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões, do Ipea.Messenberg alerta, ainda, que o setor de serviços, apesar de corresponder a 55% do Produto Interno Bruto (PIB), gera menos receita para o governo do que indústria, segmento que tem participação de apenas 23% no PIB."
Temos que nos preocupar com a indústria. O resto está indo. A balança comercial vai crescer, o consumo vai se manter, só que vamos crescer com base no setor de serviços, enquanto a industria vai se tornar cada vez mais problemática para efeito de expansão da economia brasileira", analisa Messenberg.
Ele ressalta que, em situações como a que a indústria vive hoje, surgem normalmente propostas para desvalorizar o real. No entanto, no atual momento, isso pode gerar inflação. "Se você desvaloriza o câmbio, isso vai se repassar para preços, sendo que a inflação de serviços já está muito acima da inflação na economia."
DCI-03/07/09 POLÍTICA ECONÔMICA

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